quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PRAGA

DECIN – LITOMERICE– PRAGA

Deixamos a cidade de Decin nesta terça-feira, dia 25 de setembro, com a certeza de que iríamos até Praga. O que conspirava contra nós era a quilometragem: mais de 150 km. De novo vinha a história de que em linha reta era mais curto. Pela primeira vez seguimos pela estrada. Não tínhamos conhecimento se havia ciclovia, e somente no decorrer do tempo percebemos que havia uma do outro lado do rio. A travessia não era possível, mas achamos que ganhávamos com a vista, que do nosso lado era mais bonita, e também porque nosso caminho era completamente plano, e do outro passava por pequenos morros e às vezes se afastava do rio, aumentando o percurso. Porém perdíamos com a tranquilidade de uma ciclovia. Sentíamos o espelho dos muitos caminhões “roçando” nossas orelhas. Mas tudo bem, essa experiência nós já temos de sobra pedalando pelo Brasil.
A paisagem foi mudando aos poucos novamente, passando de cânion para planície. No começo até castelo avistamos, e depois apenas pequenas vilas, como Choratice, Prosetin, Debkovice, Doztoky, Povrly, Masovice. Atravessamos a cidade de Usti Nad Labem, um pouco maior, com uma charmosa ponte estaiada, que unia os dois lados do rio. Depois Delní Zalezly, Prackovice, Litochovice, Mali Zernoseky, Levosice e, finalmente, Litomerice.
Na cidade de Litomerice, após 58 km de pedalada, paramos para almoçar e ver o que fazíamos dali para frente. A cidade é uma das mais antigas da República Tcheca, e foi considerada o “Jardim da Bohemia”; isso no século XVII. Depois de rodar um pouco e conhecer alguns lugares, nos instalamos num restaurante da praça principal, onde proliferam casas no estilo gótico, e decidimos pegar um trem até Praga. Como estou de férias, há uma limitação no tempo de nossa viagem. Assim, às vezes, temos que preterir a pedalada, e adiantar um pouco a sequencia, viajando de trem. Vamos de trem, também, de Praga até Linz, na Áustria, para percorrer o rio Danúbio, por ciclovia, até Viena.
Minha previsão até esta região é de que percorreríamos 500 km de pedal, e já fizemos 488.
Pegar o trem na charmosa cidade de Litomerice virou um drama. Apesar de conseguirmos na Central de Atendimento aos Turistas, informações de horário, tínhamos que fazer uma baldeação. Eu estava tranquilo, mas a Carmo já estava começando a comer as unhas do dedo da mão. Quando chegamos à estação, e a senhora que atendia para vender os bilhetes não falava “lhufas” de inglês, a Carmo comeu mais um pouquinho das unhas... Quando precisamos saber para que lado ia o trem, e qual a plataforma, a Carmo não tinha mais unhas para comer...
Brincadeira à parte, realmente nessas horas era bom saber um pouquinho da lingua do país, sem contar que no interior da República Tcheca não aceitam o euro, apenas a Koruna (coroa). Já no almoço soubemos disso e trocamos alguns euros pela moeda local, sabendo que ainda teríamos que usar a moeda em Praga, levando vantagem no pagamento de contas. Em Decin conseguimos pagar o Hotel e o restaurante com euros; exceção. Cada euro compra de 23 a 25 korunas, dependendo a loja de câmbio ou comércio.
Esperamos por uma hora e meia pelo trem, que saiu pontualmente às 17h12. A atendente do trem falava inglês, e muito gentil nos ajudou a colocar as bikes no vagão correto e avisar da transição, pois desceríamos na terceira parada, Vsetaty, após passar por Stéti e Melnik. Quando chegamos à transição, prontamente a atendente nos orientou sobre o outro trem, que levava a Praga, que já estava aguardando em outra plataforma da pequena estação. Felizmente outra atendente bilíngue e gentil nos deixou tranquilos, com as bikes próximas da gente.
Quase dezenove horas e chegamos a Praga. Fiquei pensando como seria para chegar nesse horário, pedalando, pois o trem veio direto de Vsetaty até Praga. Decisão correta.
A noite estava chegando e precisávamos o mais rápido possível encontrar abrigo. Tentamos encontrar a central do turista, mas não localizamos e, depois de perguntar num Hotel da rua principal da cidade, conseguimos um mapa com os diversos Hostel (pensões/albergues). Aproveitamos para fazer um tour de bike, conhecendo por consequência alguns lugares turísticos. Como brasileiro tem em todo lugar, é claro, não demorou muito para escutar a língua portuguesa à nossa frente. Abordei o casal Cleusa e Valter e batemos um papo rápido. Dissemos que somos de Curitiba e eles lembraram ter encontrado uma turma grande de curitibanos (casais), em Dortmund, na Alemanha, rodando a Europa com Trailler alugado. Falaram que era uma festa só.
Enfim localizamos um Hostel perto da estação de trem mesmo. A estação fica perto do centro histórico, então estávamos bem instalados. Bem instalados não é o termo apropriado, mas...  Quem escolhe fazer a viagem da forma mais barata possível, porém sem acampar, às vezes tem que se sujeitar a se hospedar em lugares assim. Por cerca de 16 euros por pessoa infelizmente não da para reclamar. Não vou dizer o nome do lugar, para não passar vergonha. O quarto é grande, e da para dançar uma dança típica tcheca nele. As bikes ficaram conosco, mas não tem banheiro. As janelas são enormes, de vidros transparentes, mas não tem cortinas, então preparamos umas com o edredom e o lençol da cama não usada. Tem outras coisas, mas... tá bem localizado, né?
Quando saímos para jantar, e dar uma volta, já eram nove horas da noite, e percebemos que deveríamos apenas fazer a primeira coisa, pois rodar à noite em Praga, principalmente perto da estação, não seria uma atitude inteligente.
Já hoje, quarta-feira, dia 26, acordamos sossegados e a primeira coisa foi passar na estação tomar um café da manhã (não estava incluído na diária, é óbvio), e comprar os bilhetes para Linz. Partiremos as sete da manhã, numa viagem de cinco horas até o destino final, sem paradas.
Foi a vez de tirar a roupa de ciclista e vestir a de turista, e lá fomos nós rodar a pé por toda a linda Praga. Tiramos muitas fotografias e conhecemos a maior parte dos pontos turísticos da capital. Destaque para a “Charles’s Bridge”, o Palácio Loretta, St. Vitus Cathedral, St. Nicholas Church, o National Museum e o Old Town Hall (onde tem um relógio astronômico, com direito a apresentação – que não vimos). Presenciamos sim a troca da guarda, no Castelo de Praga, junto com uma multidão de turistas, inclusive de brasileiros, que, isolados ou em grupos, visitavam a cidade. Com um dos grupos, que tinha à frente uma bonita guia tcheca, que falava bem o português, com sotaque brasileiro, segundo ela (eu a princípio disse que ela falava o português de Portugal, mas ela retrucou, muito simpática), composto por pessoas mais idosas, alguns de origem nipônica, trocamos alguma ideia sobre nossos passeios, e aproveitamos para divulgar nosso blog, pois todos ficaram curiosos com nossa cicloaventura. Abraços a eles.
Valeu pessoal! Temos que agradecer mesmo a vocês que estão nos acompanhando, pois já são praticamente 1000 acessos.
Consegui postar no You Tube o primeiro filminho, de um parque em Berlim ( http://youtu.be/zmCH7s9BuIs ).
Ponte em Usti Nad Labem

Na estrada...


Atravessando o Rio Labe (continuação do Elba)

Histórica Litomerice

6 comentários:

  1. Beleza. Hoje tem pedal "Noturnico". Acho que não vou. Aqui tá maior frio(5Graus)

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  2. Espero que tenham BEBIDOOOOOOOOOOOO!!!! por favor! a melhor cerveja DO MUNDO, a preço local... não me decepcionem. Beijo nos 2 e muito mais diversão adiante. Vamos acompanhando.
    tiasandra na área

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    1. Sandrinha, fique tranquila, a Carmo esgotou todas as garrafas de cerveja da cidade de Praga (e de outros lugares também). Eu confesso que tomei uns golinhos. Queria uma caipirinha ou coisa pareoida, mas em toda Repúbloica Tcheca tá proibida a venda de destilados (?!).

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  3. Realmente é um desafio! Idioma, moeda, quarto sem banheiro, sem cortina. Mas tem as compensações: lugares, cultura, boa cerveja.... Se cuidem! Estamos curtindo junto aqui!!! Abraço.

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    1. É isso aí Paulo. Como diz o Heron: "Tá ruim, mas tá bom!".
      Abraços

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  4. Muito legal o relato Sergio! Acompanharei até o final d aventura!
    Bom passeio pra vocês! Se cuidem!

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