quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CHAPADA DAS MESAS - 2ª Parte

CHAPADA DAS MESAS – 2ª Parte

2º Dia – Riachão – 19/09/2013 (quinta-feira)

Cedo o Marcos nos aguardava junto à Pousada. Pegamos a estrada com a camionete, e sem as bicicletas. Quinhentos metros adiante, no sentido Balsas, entramos à esquerda numa pequena estradinha, ainda de asfalto. Passamos pelo balneário que falei quando da chegada a Riachão, cerca de 3 km à frente.

Depois de 28 km em estrada de piçarra, com paisagem linda, chegamos à região da Reserva Natural do rio cocal, onde estão localizadas algumas lindas cachoeiras e poços de águas límpidas maravilhosas, dentro de uma propriedade particular.

Antes, porém, à beira do rio cocal, desviamos por estrada de areia, saindo da principal por alguns metros, e conhecemos a cachoeira Santa Bárbara, na parte superior.


Cachoeira Santa Bárbara
 Lá encontramos com o pessoal que arrendou parte da fazenda, na área do parque, e está construindo e/ou reformando plataformas e cabos de aço para tirolesa, bem como passarelas de madeira para trânsito das pessoas, seja pela mata ou atravessando pequenos riachos, aliás, como vimos depois durante o passeio no parque.

Passamos direto pela entrada da sede da fazenda, para seguirmos até o poço Encanto Azul. Foram 5 km por estrada de areia fofa, impossíveis de se pedalar, em função da tração, ou até mesmo caminhar, em função de ser muito quente. Caso estivéssemos com as bicicletas, certamente teríamos que deixá-las na sede e caminhar...

Deixamos a camionete numa espécie de estacionamento, e descemos a encosta, caminhando entre pequenos arbustos e plantas espinhentas, mas com um visual lindo da chapada. Não havia outros visitantes, deixando o passeio ainda mais agradável, fazendo parecer que estávamos isolados no cerrado. No caminho percebemos a existência de muitos pés de cajuí, uma miniatura de caju, muito suculento e gostoso. 




Cajuí



Com um pouco de dificuldade, depois de caminhar por alguns minutos, chegamos à parte baixa, entre os paredões de pedra, onde de cara avistamos um rio de água cristalina, na verdade de cor esverdeada. Fiquei maravilhado e achei que já havia chegado ao Encanto Azul, mas era apenas o começo, um “aperitivo” para o que vinha a seguir. Caminhamos pelo rio, por sob as pedras, e então, aí sim, chegamos ao poço maravilhoso.






É deslumbrante mesmo. Num lugar ermo, sossegado, de acesso complicado, entre as rochas, vislumbramos o lindo Encanto Azul. A primeira coisa que dá vontade é mergulhar naquelas águas transparentes e pouco geladas, junto a pequenos peixes que ali vivem. E foi o que fizemos. Deixamos nossas roupas de lado e fomos banhar.
Para nossa surpresa, o Marcos, prevenido, e bom guia, levava com ele uma máscara de mergulho e snorkel. Acompanhado com a minha GoPro fiz o primeiro mergulho, e não quis mais sair dali. Como sou educado, passei a máscara para a Carmo e o Neimar também curtirem esses momentos lindos. Ficamos por lá um tempo, apenas saboreando a natureza.


Encanto Azul




De volta à sede, antes de seguir por novas trilhas, deixamos reservado o nosso almoço, no único restaurante do local. Há uma equipe de guias e colaboradores, que dão uma orientação sobre a caminhada e como se portar diante das cachoeiras e outras belezas naturais. É proibido carregar pelas trilhas quaisquer tipos de alimentos, inclusive bebidas alcoólicas. Assim, para facilitar a visualização das bagagens, eles fornecem uma sacola plástica transparente e resistente, sendo que seus pertences são guardados em armários chaveados. Há um custo por pessoa, para manutenção do parque.

A caminhada pela trilha das cachoeiras não é muito extensa, mas é muito bacana. Seguimos pelo lado direito da mesma, indo direto à Cachoeira dos Namorados. O nome foi dado em virtude de muitos casais a usarem para namorar, mas há quem diga que é por seu formato, parecendo, de algum ângulo, com um coração. No caminho visualizamos as formações de pedra em arenito, que pareciam com um Cálice, uma Mesa e o Dedo de Deus. Chegamos a subir no “Cálice”; foi muito divertido.
O Marcos


Pedra da "Mesa"

O "Dedo de Deus"

Cachoeira dos Namorados

"Cálice"



Perto dali passamos pela parte de cima da cachoeira Santa Paula, que fornece um visual incrível. Passamos para o outro lado, mais abaixo do rio, e chegamos à parte de baixo da mesma cachoeira Santa Paula, e não resistimos a um banho gostoso.

Cachoeira Santa Paula




Continuamos a caminhada, por trilhas ou passarelas de madeira, passando pelas cachoeiras Dona Luiza, do seu Zito e do Moreno. Nesta última bebi muita água mineral. Isto mesmo, cachoeira de água mineral. Pode? Maravilha! Mais um pouco de caminhada e chegamos à parte de baixo da Cachoeira Santa Bárbara; aquela que havíamos observado de cima, antes de chegar ao parque. De dentro da boca de uma caverna você se maravilha com a queda d’água, que tem mais de 100 metros de altura.
Cachoeira Dona Luiza



Cachoeira do Moreno 

Cachopeira do seu Zito




Cachoeira Santa Bárbara



Chegou a vez da “cereja do bolo”: o Poço Azul. Do alto, durante a caminhada, já avistamos a maravilha; e de perto ficou mais lindo ainda, e a vontade de mergulhar fica inegável. E mergulhamos, é claro. Ao redor do poço, cercado por altas pedras de arenito, escorre água de tudo quanto é lugar. Há um poço, nas pedras, onde é possível ficar inteiramente submerso, além de pedras furadas também submersas, que alguém, com um pouco de coragem como o Neimar, por exemplo, pode atravessá-las, tornando a passagem por aquele lugar ainda mais alegre. 
Poço Azul





Poucas pessoas estavam visitando o lugar. Percebemos uma família se banhando, mas logo deixaram o lugar, não sendo possível, naquele momento, algum contato. Depois de ficarmos por um bom tempo naquele paraíso, voltamos à sede para almoçar. Um gostoso prato à base de peixe nos esperava; e a fome era tremenda.



Enquanto descansávamos depois do almoço, a Carmo conversava com alguém sobre a nossa aventura de bicicleta. Logo uma senhora se aproximou e ficou interessada no papo gostoso; pouco tempo depois e estavam todos em nossa volta, curiosos para saber mais e mais da nossa proeza. As pessoas que se aproximaram eram justamente aquelas que avistamos no Poço Azul, e que saíram antes de nós.

Tratava-se, na verdade, de duas famílias: O Val, como gosta de ser chamado, acompanhado da esposa Maria Gorete, que também atende apenas por Gorete, e a família do Cleydson, que viajava a passeio com a esposa Betania, a mãe dona Marilda, e o filho Nicolas (um bebezão muito bacana, cabelo comprido encaracolado e que gosta de chupar o dedo; ih, contei...). Logo parecíamos todos do mesmo grupo, integrados. Eles são amigos e vivem em Miranda do Norte, no Maranhão, mas também sempre estão em São Luis. Estavam há poucos dias circulando pela região da Chapada das Mesas, tendo largado seus comércios para conhecer melhor as belezas naturais de seu estado.

O Val é uma figura. Sempre alegre e conversador, quando soube a sequencia de nosso passeio, logo disse:

 - Por que vocês vão pedalando até Itapecuru e Carolina? Vamos juntos, damos carona pra vocês.
Respondi:
- Mas como? Há espaço para viajarmos juntos?

- Claro, estamos de caminhonete 4x4, e tem bastante espaço sim.

Conversei com o Neimar e a Carmo; ou melhor, nos entreolhamos e pela cara de todos, lembrando dos perrengues do asfalto e calor de 40°, e a resposta só podia ser positiva.

- Tá certo Val, vamos juntos. Mas como será possível transportar as bicicletas?

- Damos um jeito, estamos com duas camionetes. Nossas bagagens estão no carro do Cleydson. As bicicletas poderão ficar ao lado do quadriciclo. Tá fechado, então. Passo amanhã de manhã, às 07h30 na Pousada de vocês.

Olhei para as camionetes estacionadas, pois tinha visão do restaurante, e vi realmente uma delas com um quadriciclo sobre ela. Fiquei imaginando como iríamos ajeitar as coisas... Depois ele contou que carregou o pequeno veículo para curtir as trilhas de areia. Não chegou a usar muito, mas achou que valeu à pena.

No meio da tarde retornamos para a cidade. Descansamos um pouco, para no começo da noite fazer um lanche no restaurante do Marcos. Era só esperar pelo dia seguinte, que prometia muitas emoções. Os encantos desse nosso dia com certeza deixaria a noite mais suave.



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CHAPADA DAS MESAS - Maranhão - 1ª Parte

CHAPADA DAS MESAS

1º Dia – Balsas a Riachão – 18/09/2013 (quarta-feira)

Foram bons sonhos mesmo. Dormimos praticamente desde o momento do embarque no ônibus, até Balsas, cidade do sul do Maranhão, distante cerca de 800 km de São Luis. Percebia-se, apenas, que o ônibus parava em muitas cidades, mas não saberia precisar quantas e quais seriam elas.

Eram quase oito da manhã quando desembarcamos em Balsas. A rodoviária extremamente precária, com banheiros sujos, sem água, sem porta nos reservados. Interessante que destoa um pouco da impressão que se tem ao chegar à cidade, pois há grandes fazendas com plantações de soja, milho e algodão, produzidas por gente vinda do sul. A população vem aumentando com as riquezas produzidas, mas não há organização ou interesse na modernização.

Balsas inicia, ou põe fim, a uma cadeia de pequenos morros, com formatos diversos, principalmente de “chapéu” ou “mesa”, motivo que se dá o nome de Chapada das Mesas. Essas formações vão até a cidade de Estreito, também no Maranhão, mas próximo à divisa com o Tocantins e o Pará.

Com muita fome, pois não conseguimos jantar, diante da correria, apenas comemos algum salgado no embarque, procuramos uma panificadora logo em frente à Rodoviária, do outro lado da estrada que corta a cidade. Claro que não faríamos lanche nos estabelecimentos de lá.

Café tomado, partimos em direção a Riachão, circulando pela Transamazônica. Soubemos que lá existem diversas atrações, como lagoas e cachoeiras maravilhosas. Tínhamos que conferir. Pedalar com 40° não é moleza não; descobrimos isto nos 70 km de percurso. Felizmente o pouco vento que tinha nos favorecia, e as lombadas frequentes não tinham aclive tão alto e difícil assim. A hidratação foi constante, mas eu usava a água mais para jogar no corpo do que para beber (era um chá, na verdade). Havia poucos espaços de sombra e raros locais (bares) para reabastecer.

Num local que paramos, descobrimos que logo na entrada de Riachão, seguindo cerca de 3 km em estrada de piçarra, havia um balneário, com piscinas de água natural. Isto parecia extremamente refrescante, porém ao chegar à cidade, na “capa da gaita”, como dizem, melhor mesmo foi procurar um local para descansar.

À beira da estrada, na entrada da cidade, do lado esquerdo, percebi uma charmosa Pousada, a “Chapada das Mesas”, do seu Adelmar Fortes. Não é sempre que coloco o nome das pousadas nos relatos, mas essa merece um destaque, porque é nova, limpinha, aconchegante, bem localizada, bom preço, bom atendimento e o proprietário é uma pessoa simples e agradável. Ficamos por lá mesmo, é claro.

O seu Adelmar ligou para um restaurante no centro da cidade, para saber se estava funcionando ainda, em função do horário, e confirmou para irmos até lá. Deixamos nossas bagagens, pegamos as bicicletas e subimos até o centrinho. Era o restaurante “Casa de Palha”, e lá fomos recebidos pelos proprietários Marcos Venicios e Liana Fortes, genro e filha do seu Adelmar. Entendemos porque ele indicou o restaurante, mas não ficamos chateados não, pelo contrário, ficamos mais satisfeitos ainda.

Comida boa, embora estivesse no final, como disse, em função do horário, e atendimento acolhedor do Marcos. Conversa vai, conversa vem, e perguntamos como fazer para conhecermos as belezas naturais da região.  Ele prontamente disse: “- Comigo mesmo”. Pois é, o Marcos também é guia local. Ofereceu o passeio com sua camionete 4x2, fazendo o preço, e que nós aceitamos. Marcamos para a manhã do dia seguinte. O resto da tarde serviu apenas para descanso sob o ar condicionado da pousada. De noite voltamos ao “Casa de Palha” para comer uma pizza.

Café da manhã em Balsas


Saindo de Balsas...



Nascer do sol no interior do Maranhão


Mangueira na Praça Central de Riachão

Igreja Matriz de NS Nazaré





Riachão