quarta-feira, 4 de junho de 2014

NATAL

PRAIA DA PIPA A NATAL

Terça-feira, dia 6 de maio de 2014; dia de chegar a Natal, e encerrar nossa pequena aventura no Nordeste do Brasil. Não era pra ser, e não foi um percurso longo. Porém não foi sem perrengue para fechar a jornada. Primeiro foi a chuva, que caiu a noite inteira, deu uma trégua ao amanhecer, inclusive quando partimos, mas apenas para chegar a Tibau do Sul, até a balsa. Aliás, o caminho até lá é maravilhoso, com a vista da Pipa sempre ao alcance, passando pela estrada que corre sobre as falésias, junto às praias do Curral e Ponta do Madeiro.





Lá em Tibau do Sul há uma balsa, que atravessa a barra da Lagoa de Guaraíras. É própria para bugueiros, pedestres e ciclistas; carros comuns não tem chance por lá, pois do outro lado tem apenas areia da praia. Até a estrada de asfalto são cinco quilômetros. Aguardamos o início da operação da balsa, por volta das nove horas, pois depende sempre da maré. Chegando ao outro lado percebemos mais perrengue pela frente: não tinha espaço de areia dura para pedalar; o resultado foi empurrar as bicicletas nesse trecho todo. Choveu; choveu muito, e a vontade de “berrar aos ceús” também foi grande...
 



 



Durante o “empurrabike”, perdi uma das sapatilhas, tipo sandália, que havia tirado e deixado no “bar hand”. Caiu sem eu perceber. Quando dei conta, me voltei assustado. O Rubens seguia à frente; como vi a Carmo um pouco mais longe, logo acreditei que ela teria visto e pegado, mas, por precaução, larguei a bicicleta e corri em sua direção. Ela deu de ombros, dizendo que não percebeu nenhum objeto em seu caminho; corri mais para trás, e somente quatrocentos metros depois a encontrei (a maré poderia ter levado...). Ufa! Seria difícil continuar até Natal sem o par completo. Tornei a passagem pelo lugar ainda mais “divertida”. Vale lembrar que em 2006 a maré estava muito baixa, e passamos por vários bugues, emparelhados, até em excesso de velocidade, com certo risco, mas desta feita as coisas foram diferentes; não dava, também, para ver se a maré abaixaria o suficiente.

Já no asfalto, mais tranquilos, seguimos pela praia de Barreta, passando depois, ao largo, pela praia de Camurupim (poderíamos ter seguido pelo litoral neste trecho, mas fomos ludibriados pelas placas de sinalização). Voltamos ao litoral perto do mirante dos golfinhos, uma enseada em que é comum a presença deles.

Logo depois uma vista maravilhosa da praia de Búzios, que fica na região de Tabatinga. Alguma subida e uma descida alucinante, aonde a velocidade da minha bicicleta chegou novamente perto dos 80 km/h.


Depois chegamos às praias de Pirangi do Sul e Pirangi do Norte, município de Parnamirim, por estrada tipo gangorra, ou seja, sobe e desce sem parar, que chamam de Rota do Sol. É lá em Pirangi do Norte que fica o maior cajueiro do mundo. Teria sido plantado no final do século XIX e produz quase cem mil cajus por safra; tem uma área de 8.500 m2 e ameaça invadir as ruas em sua volta. Após algumas fotos, continuamos rumo a Natal, mas não sem antes sentir minha bicicleta dar uma travada forte, seguida daquele som próprio de corrente arrebentada. Parei e pedi para os dois também pararem. Fui à sombra, embaixo de uma marquise de um restaurante; logo fui tirando os alforjes e quando já estava para virar a bicicleta e começar os preparativos para consertar a corrente, o Rubens pergunta: - Foi a corrente? – Foi. Você disse que ainda tem um “power link”, você me empresta? Então ele falou: - Por que, se sua corrente apenas escapou do lugar; não está arrebentada... - Putz! Estava certo do contrário. Melhor assim, é claro. Aproveitamos para tomar um refrigerante e dar o “bote” final até Natal.

Dali para frente tudo ficou mais sossegado. Cruzamos pelo Centro de Lançamento “Barreira do Inferno” e como tínhamos tempo, fomos até o museu dar uma espiadinha. O centro existe há quase cinquenta anos, pertence à Força Aérea Brasileira e serve para lançamento de foguetes.

Mais alguns quilômetros e já estávamos na entrada da cidade de Natal, a linda capital do Rio Grande do Norte, mais precisamente na praia de Ponta Negra, onde se encontra um dos cartões postais da cidade, o Morro Careca, uma linda duna que se lança ao mar no final da praia. Ali nos instalamos no encantador albergue Lua Cheia, que tem o formato de um castelo estilo medieval. Pouco mais de 50 Km no dia.

Tiramos o resto do dia para almoçar, passear um pouco por Ponta Negra e depois descansar. No dia seguinte resolvemos ir ao centro da cidade, e de ônibus; tinha que comprar plástico bolha e outros badulaques para ”mumificar” nossas bicicletas, principalmente a minha. Encontraríamos isso no bairro central do Alecrim, onde há uma grande muvuca de compras, tipo “25 de Março” de São Paulo. No caminho, conhecemos do alto de um viaduto, a Arena das Dunas, estádio de futebol que será uma das sedes da Copa do Mundo.



Resolvi fazer diferente desta vez com a minha bicicleta. Nas últimas viagens estava embalando em mala-bike, mas era obrigado a carregar mais de um quilo de carga desnecessariamente, isso quando o retorno para casa não era do mesmo lugar do início do passeio; também sujeito a danos na bicicleta devido à fragilidade do tecido. Assim, resolvi copiar a Andréa, de Brasília, que fez o CEPIMA 2010, também no Nordeste (blog CEPIMAPA para quem quiser saber mais sobre esse passeio), que chegou ao local com sua bicicleta mumificada por plástico bolha; apesar da cena hilária, gostei da ideia e resolvi aderir. Basta tirar as rodas e deixá-las junto ao quadro, protegidas para não riscá-lo e presas com extensor; proteger um pouco mais o câmbio traseiro, alinhar o guidão com o quadro, se quiser, e envolvê-la com plástico bolha. Envolvi, ainda, película de plástico filme, tipo daqueles usados em cozinha, mas um pouco mais grosso; prendi com fita adesiva e, pronto, resolvido. Uma vantagem a mais: menor peso para passar no limite de carga de bagagem no avião. Outra opção, às vezes, é de conseguir uma caixa vazia de bicicleta, em loja especializada, desmontá-la e transportar.

Passeamos, então, a pé, pelos bairros de Alecrim, Cidade Alta (onde almoçamos), Ribeira, Rocas e Praia do Meio, que fica no início norte da famosa Via Costeira, local de muitos hotéis. Depois de passar pelos quiosques de artesanato, e caminhar mais de seis quilômetros, pegamos um ônibus e retornamos a Ponta Negra. Na madrugada de quinta voamos de volta para Curitiba.

 


Apesar de parecer estranho, não fomos curtir as praias de Genipabu e suas dunas, passeios de bugue ou dromedário, e tantos outros atrativos da região, primeiro porque já conhecíamos de outras viagens, e segundo, porque não havia tempo mesmo; o roteiro estava fechado dentro do que foi narrado. Viajar pelo Nordeste do Brasil, e por suas lindas praias, é sempre maravilhoso. Nessa cicloviagem foram mais de 800 km. Tenho certeza que voltarei a pedalar por aquelas bandas. 

2 comentários:

  1. È bem provável que no próximo para este lugar estarei junto !

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  2. Com certeza Donato. É um passeio maravilhoso... Abraços.

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