terça-feira, 9 de junho de 2015

COSTA DO DESCOBRIMENTO

As próximas postagens referem-se à nova aventura de bicicleta realizada, quando parti de Porto Seguro, na Bahia e viajei até a cidade do Rio de Janeiro, pelo litoral, acompanhado da minha esposa Maria do Carmo e do amigo Neimar Guebur. 

Esta viagem, de 1350 km, ocorreu de 15 de maio a 02 de junho de 2015. Fomos de avião até Porto Seguro, carregando nossas bicicletas, aro 26, simples e freios v-break, isso em função do contato com a água de rios e do mar, além das chuvas, areia e o relevo. Um conjunto mais complexo exige uma manutenção diferenciada, o que nem sempre se consegue naquela região.

Levei em conta para gerar os títulos das postagens as próprias denominações regionais, por suas políticas de divulgação do turismo. Assim, norteado pela história, considerei a primeira postagem como COSTA DO DESCOBRIMENTO. Depois, as regiões turísticas se misturam e em função da visita anual das baleias, nas águas mornas e claras, é denominada COSTA DAS BALEIAS.

Já no estado do Espírito Santo, pela presença de lindas falésias, vem a COSTA DOURADA. Depois de Itaúnas, pela beleza das praias de águas verdes, a COSTA VERDE E BELA. A forte presença jesuítica no litoral da região, e a peregrinação de religiosos, marcam outro título, OS PASSOS DE ANCHIETA. A cicloviagem adentra ao estado do Rio de Janeiro, na bela COSTA DO SOL. Finalmente vem o próprio RIO DE JANEIRO, que tem seu espaço próprio. Agora resta acompanhar os relatos e as fotos tiradas por nós no caminho.


- De Porto Seguro a Caraíva 


A jornada até o Rio de Janeiro começou por onde o Brasil foi descoberto.

Passarela do Álcool, em Porto Seguro
Partimos de Porto Seguro na sexta, dia 15 de maio de 2015, e traçamos como meta chegar a Caraíva. Um dia antes, porém, fomos passear de bicicleta até Santa Cruz Cabrália, pouco mais de 50 km, por Coroa Vermelha, local onde foi realizada a primeira missa no Brasil, e hoje ainda mantém conservada a tradição indígena, com a presença marcante de representantes de aldeias instaladas por perto. Os índios vivem da venda de artesanato e exibição em fotos para turistas.




Coroa Vermelha - Local da Primeira Missa no Brasil






Santa Cruz Cabrália


Setor Histórico de Porto Seguro










Se fizermos uma rápida pesquisa na internet, vamos perceber que existe uma diversidade de “Rota do Descobrimento”, pois dizem que vai de Porto Seguro até o Prado, do Prado até Arraial D’Ajuda, de Santa Cruz Cabrália até o Prado. Acho essa última a mais correta, pois abrange todos os municípios envolvidos na história do descobrimento do Brasil.

Felizmente amanheceu um dia maravilhoso, apesar das pesadas chuvas que se abatem pela região. Atravessamos a balsa e algumas pedaladas depois já estávamos subindo até a charmosa e antiga vila de Arraial D'Ajuda. Algumas fotos e partimos em direção a Trancoso.

Travessia para Arraial D'Ajuda

Deixando Porto Seguro

















Arraial D'Ajuda






Pegamos uma estrada de chão e areia, que corta o caminho e é mais tranquila.






Em Trancoso, visitamos o "Quadrado" na parte histórica e almoçamos num restaurante da saída para Caraíva, onde o preço e o sabor não são para turistas (são melhores). Logo saímos do asfalto e pegamos novamente uma estrada de chão e areia, passando pela famosa praia do espelho e uma aldeia indígena.
O Quadrado, em Trancoso









Para entrar até lá foram precisos mais de 10 km (ida e volta), e um pouco do nosso tempo, o que nos rendeu chegar anoitecendo na aconchegante praia de Caraíva.














Praia do Espelho



Aldeia Indígena










































No caminho deu para avistar o Monte Pascoal, famoso por ter sido avistado de longe pela nau de Cabral, quando o marinheiro gritou "terra à vista".

Famoso Monte Pascoal (visto de longe)


Dormimos num albergue, com um pessoal muito legal, argentinos, inclusive alguns estavam também viajando de bicicleta pelo Brasil.



- De Caraíva a Cumuruxatiba (16 de maio)


Pela manhã demos uma volta a pé pela região, para o Neimar conhecer. Chovia e ventava; vento sul, o da nossa direção. 





Albergue










Caraíva
Quando voltamos pegar as bikes para partir, percebi que o meu bagageiro estava quebrado. Demos um jeito e partimos, com tempo ruim mesmo, para surpresa dos hermanos. 








Praia de Caraíva







Os perrengues só iniciaram ali; a chuva ía e vinha; a estradinha do começo virou só areião; tentamos a areia da praia, mas a maré que crescia e a areia fofa e inclinada, não permitia. Foram mais de 4 km de empurrabike.

Chegamos ao Pontal de Corumbau (longe de tudo, na língua indígena), um lugar bacaninha, que já foi melhor, na barra do rio do mesmo nome. Atravessamos com um barquinho, cujos donos nos cobraram uma "fortuna" para apenas 100 metros, se é que era isso... Explorando o turista e não o turismo. Esbravejei... mas não quis perder o humor (como estava chovendo e eu fiquei chateado, não tiramos qualquer foto do lugar e da situação).

Ali existe uma aldeia indígena, e os mais jovens é que exploram. O barco era a remo; sequer combustível gasta. Quando cheguei, perguntei para um deles o valor, e se caberiam as três bicicletas; falei apontando para o Neimar e a Carmo que estavam um pouco mais para trás, na praia. Ele respondeu: - Quinze reais. – Certo, vou ajeitar a minha bicicleta no barco. Dei o dinheiro a ele. Quando os dois chegaram, fomos de imediato acomodando as outras bicicletas; foi quando ele disse: - Quinze reais cada um...

Almoçamos por lá e seguimos. Foram mais 15 km até uma fazenda, quando retornamos à beira-mar, já na barra do rio Cahy. 
























Atravessamos a barra com o Luis, que por felicidade encontramos antes numa vila. Ele estava de moto e tinha cabana e barco na barra. Cobrou justos R$ 10,00 para nos atravessar, em duas viagens.




Esse lugar é impregnado de história, pois consta que foi nessa barra de rio que uma das naus da Esquadra de Cabral aportou em 1500. Como era mês de abril e os fortes ventos vindos do sul (como é até hoje), batiam forte na praia, e considerando os arrecifes, Nicolau Coelho, o comandante, após o primeiro contato com índios, avisou Cabral para procurar um porto mais seguro (isso realmente aconteceu, e mais tarde passou o local a se chamar Porto Seguro).

Show!!!!







Chegamos até um bar, entre as falésias; subimos, descemos e subimos as falésias até encontrar a estrada principal, de terra. Foram mais 12 km até Cumuraxatiba, onde pernoitamos.


























Foi um dia de pouco pedal (46 km), mas de muito perrengue. Todo tipo de piso, vento, chuva, sol, areia, terra, lama, trilhas. Felicidade pura! 
Chegada a Cumuruxatiba






Cacau "in natura"




7 comentários:

  1. parabéns.... beleza... fiz só até a praia do espelho... fiz, também, até Santo André, conheci a concentração dos alemães

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    1. Tá como anônimo, mas deve ser você não é Zé Carioca? Abraços

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  2. Li e vi todas as fotos. Só tenho a comentar o seguinte: Vou fazer de tudo para estar presente no próximo !

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    1. Beleza Donato. Obrigado. Vai reservando data pro ano que vem. Fazemos uma expedição dessa novamente. Abraços

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  3. Pesquisando a rota do descobrimento encontrei seu blog... inspirador! Eu e meu marido pretendemos percorrê lo agora em Janeiro 2018, sentido Alcobaça até Porto Seguro. Seu relato ajudará muito, obrigada!!! Elaine

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  4. Olá. Excelente relato. Uma dúvida: é possível pedalar pela areia durante a maré baixa?

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    1. Olá, bom dia. Obrigado, que bom que gostou. Sim, já fiz a costa quase que do Brasil inteiro, e muitas das praias a gente consegue pedalar com a maré baixa, inclusive na Costa do Descobrimento; apesar de que foram alguns trechos. Depende se é maré grande ou pequena, lua, tipo da areia, etc... Abraços e boas pedaladas.

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