segunda-feira, 20 de maio de 2013

ROTA DOS TROPEIROS - VALE DO RIBEIRA - LAGAMAR

ROTA DOS TROPEIROS – VALE DO RIBEIRA – LAGAMAR
18 a 19 de maio de 2013.

Estava na hora de deixar a Rota dos Tropeiros, ou Caminho do Viamão. Conhecemos um pouco mais da história desses desbravadores, conquistadores, comerciantes, enfim, aqueles que de maneira direta ou indiretamente, contribuíram para a criação de muitos municípios e, assim, desenvolvimento para a região, desde o Rio Grande do Sul até São Paulo, e dali para outros pontos do país.
Depois de uma noite tranquila, acordamos com o tempo brusco. A cidade de Apiaí é uma das mais altas do estado de São Paulo, fica praticamente a 1000 metros de altitude em relação ao mar. Assim, seu clima é muito parecido com o nosso de Curitiba, ou seja, nessa época costuma fazer frio, e também uma neblina úmida.
Pelo menos tínhamos a certeza de que o percurso nos traria muita descida, pois nossa intenção seria de pernoitar em Eldorado, no vale do rio Ribeira. E foi. Logo que começou a estrada sem pavimento, percebemos a inclinação. Isso poderia significar um passeio rápido, apesar dos seus 111 km. Mas havia muita lama, e a pista estava muito escorregadia e era estreita. O consolo foi curtir a paisagem, que apesar da neblina, nos fez lembrar da querida estrada da Graciosa, no nosso litoral do Paraná.
A mata atlântica exuberante, muito bem preservada, guarda ainda muitas espécies animais e vegetais. Incrível ver um tucano atravessar à minha frente num certo momento.  
As bicicletas sofreram bastante com a lama. Para quem conhece, sabe que chega um momento em que as marchas não passam com facilidade, ou pior, cada pedalada é uma marcha diferente, sem você movimentar o manete. Quando chegamos a Iporanga, 41 km depois, já à beira do rio Ribeira, demos uma boa lavada nelas, porque dali para frente tínhamos estrada asfaltada. Tivemos a ajuda de um morador local, Sr. Aristeu, que estava parado com o seu carro no único posto de combustível da cidade, e percebeu a má vontade do atendente, que deu várias desculpas para não lavar nossas bicicletas, nem ceder a mangueira. O Aristeu passou ao nosso lado com o carro, bem devagar, e ofereceu sua casa para lavá-las. Agradeci muito sua atitude, pois precisamos mais de pessoas assim no mundo, do que aquelas do posto, é claro.
Antes de chegar a Iporanga, passamos pelo PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira). Desta vez não paramos, pois já estivemos lá há anos, por duas vezes, e chegamos a visitar algumas das cavernas da região, das 250 catalogadas. A mais conhecida e visitada é a do núcleo Santana, com luz artificial e passarelas, o que não tira sua beleza. Mas o legal mesmo é conhecer aquelas que foram mantidas originais. É preciso sempre de guia para visitação. São muitas as cachoeiras, que você conhece caminhando pela mata e pelos rios, geralmente de pedras, águas frias e cristalinas, como a das Andorinhas, Beija-flor e Arapongas.
Outras cavernas abertas para visitação são: Morro Preto, do Couto, Água Suja, Cafezal, Alambari de Baixo e Ouro Grosso. Outras já estiveram abertas à visitação, porém fechadas por questões de segurança.
Alguns esportes estão diretamente ligados à região do PETAR, tais como o rapel, caving, boia-cross, trekking, corrida de aventura e mountain bike. Lugar fantástico para passar uns dias, principalmente nas épocas mais quentes.
Depois do almoço em Iporanga, pegamos o asfalto para Eldorado. Seriam mais 70 km até lá, percorrendo uma estrada charmosa à beira do rio Ribeira. Apesar do pouco movimento de carros e ser praticamente plana a estrada, o clima úmido e a necessidade de manter o ritmo, fez com que chegássemos a Eldorado já no escuro, com faróis ligados. No caminho passamos pela entrada da famosa Caverna do Diabo, outro local que deve ser visitado por todos que gostam de aventura. Só não fomos pelo horário, e seria uma repetição de passeio que valeria à pena.
A região toda é constituída por agrupamentos quilombolas. São centenas de famílias que foram alocadas pelo governo, em pelo menos 30 comunidades. Abrigar negros é uma questão até hoje polêmica, mas deve-se deixar bem claro que não tem nada a ver com os antigos quilombos, onde os negros viviam isolados. O governo se encarregou de formalizar a ocupação dessas terras, a grupos que quiseram manter sua identidade, tais como ancestralidade, forma de organização política e social, e elementos linguísticos e religiosos.
Abrigamo-nos num Hotel da praça central, junto à igreja matriz. Lá se realizariam logo mais, dois casamentos. A coincidência foi encontrar a Thaisa, colega Assistente Social do local onde trabalho, junto com seus estagiários, e que lá estavam para participar de um dos casamentos, justamente de outra estagiária que passou pelo setor e é daquela cidade. Muita festança para eles.
No domingo, dia 19 de maio, deixamos Eldorado, bem como o Vale do Ribeira, para seguir até o Lagamar, no litoral sul de São Paulo, e norte do litoral do Paraná. Já na saída encontramos um casal, o Sidinei e a Rose, que também gostam de aventuras desse tipo, porém o fazem a cavalo. Disseram que esses passeios mantém o casal mais unido, e tem outra coisa em comum conosco: são avós. Depois de 26 km, por estrada pavimentada, chegamos a Jacupiranga, às margens da BR 116.
Seguimos até Pariquera-açú para almoçar. Escolhemos o asfalto, mesmo sabendo que havia uma estrada de chão bacana até Cananéia e que corta um pouco o caminho. Como já conhecíamos a estrada, através dos passeios com o amigo Heron, e com certeza haveria lama, procuramos a outra. Durante o almoço encontramos outro casal local, Drausio e Josiane, que gosta de pedalar pela região. Ficaram encantados com nossa história, e talvez sejamos referência para que deem pedaladas mais longas, juntos.
Mais 35 km, e depois de atravessar a balsa, na região de Porto Cubatão, chegamos a Cananéia, no litoral de São Paulo. O final do dia foi uma tradicional caipirinha de maracujá, merecida, regada a casquinha de siri e isca de peixe. Hummm!!!

Deixando Apiaí

"Comendo" lama

Estradinha muito legal

Chegando ao PETAR

Rio Ribeira, em Iporanga

Ponte sobre o rio Ribeira, rumo a Eldorado

Iporanga

Lindo o Vale do Ribeira

Partindo de Eldorado

O portal da cidade lembra uma caverna

Deixando Jacupiranga

Deixando Pariquera-Açú

Retão pra chegar a Cananéia

Balsa para Cananéia

Ídem

Portal de Cananéia

Chegada a Cananéia

Apesar do tempo brusco, um belo fim de tarde.

4 comentários:

  1. Depois de tudo o que li, só uma coisa a dizer: Demaiiiisssss!

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    1. Brigadúuuu Donato. Realmente tá demais. Falta escrever os últimos quilômetro até o Superagui, onde estamos agora. Abraços

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  2. Depois de tudo que li, só uma coisa a dizer...também queroooooooo!!!!

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    1. Então vennnnhhhhaaaa, kkkk. Tá muito gostoso mesmo Heron. Abraços

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