sábado, 13 de junho de 2015

COSTA VERDE E BELA

COSTA DO DESCOBRIMENTO, COSTA DAS BALEIAS, COSTA DOURADA, COSTA VERDE E BELA, OS PASSOS DE ANCHIETA, COSTA DO SOL E RIO DE JANEIRO


- De Itaúnas a Barra Nova (21 de maio)


Antes de falar sobre esse dia, gostaria de lembrar a história do telefone do senhor Zé Leite, do barco de Mucuri. Pensei que iria demorar em precisar utilizar o número, mas não é que aquele pessoal do quadriciclo me pediu. É que eles iriam passar por aquela barra logo no começo do dia (para eles é bem mais rápido), e precisavam acertar com o Zé Leite a travessia. Utilidade, não?
Pousada Zimbauê









Pegamos a estrada de terra e areia depois das oito e meia. O dia estava bonito, o vento mais favorável, mas a pista estava elameada. A Carmo um pouco mais preguiçosa, brincou dizendo que não queria sujar a roupa. Seguimos tranquilamente. Na metade do trecho até Conceição da Barra, um carro parou ao meu lado e o condutor começou a conversar comigo. Falei rapidamente da nossa aventura. Ele perguntou qual a sequencia do passeio, e disse que tentaríamos passar a barra do rio Cricaré para chegar mais fácil a Guriri, pois caso contrário, teríamos que seguir até São Mateus, junto à BR 101 e depois voltar para o litoral. Eu disse que não sabia se haveria barco. Prontamente o rapaz se apresentou como André, Secretário Municipal do Meio Ambiente; pegou seu celular e fez algum contato para conseguir um barco para nós.
 







Dei meu cartão a ele, que seguiu na frente para “ajeitar as coisas”; falou que ligava depois. A estradinha não ajudou muito, mas fizemos o possível para não demorar a chegar à cidade, e conseguir a travessia. Quando meu celular deu sinal, percebi que o André havia me ligado, e retornei. Pediu para ir até a Prefeitura, pois de lá daria para ir ao porto, onde o barco já nos esperava. Depois de 25 km desde Itaúnas, chegamos.
Conceição da Barra

Conceição da Barra


Quando entramos na cidade outro carro me abordou. Também perguntou sobre nossa aventura; foi quando eu disse que iríamos atravessar a barra do rio; prontamente ele disse: - Não tem como atravessar. Respondi afirmativamente, pois conseguimos um barco com o André. – Então dá sim; se ele disse isso, tá certo. É meu colega, sou o Jonas, Secretário de Esportes da cidade. Muita coincidência, pois em pouco tempo encontramos com personagens políticas importantes de Conceição da Barra, e que deram uma resposta rápida às nossas intenções. O Jonas nos conduziu até a Prefeitura, e quando chegamos só faltou a Banda Municipal (rs); foi muito legal a receptividade; sentimos como se fôssemos especiais para eles, e isso não tem preço.

Conceição é um polo turístico importante do Espírito Santo, e suas praias são muito frequentadas por paulistas e mineiros no verão. A cidade também serve de base para quem deseja seguir à Vila de Itaúnas.

Depois das fotos tradicionais fomos ao porto, não muito longe, onde o barqueiro Leandro já nos esperava com sua “voadeira”.
André (ao meu lado) e Jonas (ao lado do Neimar)

Conceição da Barra
Conceição da Barra


Conceição da Barra
Embarcamos. O motor estava com algum problema, mas devagarzinho fomos aproximando da outra margem, no lugar chamado Pontal do Sul, que também pertence à Conceição da Barra.



A maré estava subindo rápido, mas no que pode facilitou nossas pedaladas pela areia da praia; subimos para a estradinha de chão ao lado e rapidamente percorremos os cerca de 20 km até Guriri. Antes, porém, ainda na areia, tomei um tombo bobo, quando a areia dura virou mole, e eu, clipado, fui pro chão; fiquei um pouco preocupado na hora da queda, porque o guidão ficou virado com o bar hand para cima e chegou a bater em uma das minhas costelas flutuantes. Mas foi de leve; tudo bem. 
 


"Banheiro"
 






O vento sul já não batia mais, e as coisas estavam voltando ao normal nesse sentido. Na entrada da vila há uma base do Projeto Tamar, que trabalha na preservação de tartarugas marinhas, porém estava fechado à visitação. 
Projeto Tamar


Almoçamos por ali e depois seguimos por estrada de chão e areia, com um pouco de barro, até outra vila, de Barra Nova. Percorremos 72 km no dia.
Guriri


Deixando Guriri







Praia de Barra nova

Encontramos uma Pousada, do Guedes, e por lá ficamos. Cheguei a dar um mergulho relaxante na piscina, mas o vento frio me impediu de permanecer muito tempo. O lugar, nessa época, não tem restaurante aberto, por isso o pessoal de lá gentilmente preparou um jantar gostoso para nós. Dormimos cedo, de novo.
Chegando a Barra Nova




- De Barra Nova a Regência (22 de maio)

Às oito horas, como havia combinado com o garoto, chegamos à beira do rio, mas não havia ninguém. Caminhei pela prainha e encontrei um barco e seu dono. Ele disse que era para seguir até o final da rua, que lá certamente teria alguém para atravessar-nos. Quando retornei ao ponto onde o Neimar e a Carmo estavam, um senhor que estava perto falou que nos levaria, e apontou para seu barco. Fez o preço e seguimos.








Parece... mas não é





Em pouco tempo já estávamos do outro lado do rio, que também tem uma pequena vila, do mesmo nome, Barra Nova.
A partir dali segue a estrada de chão até Pontal do Ipiranga. O dia estava maravilhoso, e o vento deixou de ser sul e estava a sudeste, melhorando um pouco mais nosso desempenho. A estrada também estava bem lisa.




Passamos por Urussuquara e Barra Seca (local onde tem um campo de naturismo), e após 30 km e duas horas depois estávamos em Pontal. 
Barra Seca

Urussuquara
Na entrada da cidade, quando chegamos ao asfalto, uma comitiva de bois estava passando; eu consegui chegar antes, mas a Carmo e o Neimar ficaram presos atrás, pois os bois tomaram conta da estrada. Momento rural. 









Bebemos alguma coisa, usamos a internet grátis da prefeitura de Linhares (da qual os balneários pertencem, cuja sede está à margem da BR 101, cerca de 50 km dali).








Permanecemos por uma hora no local, e partimos por nova estradinha de chão, até a localidade de Povoação, que fica à margem do rio Doce, perto de sua foz. 







 A estrada era muito boa, de chão, mas o problema era saber a quilometragem exata. Sequer aparecia no mapa, e os locais apontavam para 46 km. Quando fizemos 30 km, perguntei a um morador, e a resposta: - faltam 23; depois, ao chegar à sede da Petrobrás da região, um trabalhador disse que faltavam 18 km. Já havíamos feito 60.



Nosso "restaurante"





Petrobrás

Bela lagoa no caminho

Final da história: chegamos com 54 km na vila, mas ainda tivemos que seguir até a barra do rio Doce para conseguir atravessá-lo para Regência, uma vila um pouco maior e mais estruturada que Povoação; mais 5 km. Com uma passeada que havíamos feito em Pontal do Ipiranga, o total do dia ficou em 91 km.


Vale lembrar que o Neimar, no 
trajeto até Povoação, aproveitando os coqueirais, retirou um coco capixaba do pé, abriu e se deliciou com o seu suco. Mais tarde pegou outro, seco, abriu, e extraiu o coco fresquinho (polpa, já firme). Uma delícia!









Único perrengue do dia foi o fato de chegarmos à vila de Povoação e não conseguirmos informações precisas sobre a existência de um barco para atravessar o rio Doce. Não queríamos ficar por ali. Disseram para seguir uma estrada, que não acabava nunca; pelo menos estávamos com o mar do nosso lado esquerdo, e ao longe avistávamos o rio do lado direito. Estávamos indo para a barra do rio.


Foi bom, apesar de pedalarmos um pouco mais e carregarmos as bicicletas pela areia fofa por 2 km até alguns barcos de pescadores, que estavam bem na barra pescando. O Neimar, que chegou pouco na frente, acertou a travessia com um deles e felizmente conseguimos. 







Pouco depois das quatro da tarde acomodamo-nos numa pousada. Mais um dia maravilhoso.


- De Regência a Santa Cruz (23 de maio)

Clima bom, temperatura agradável e retomamos nossa jornada rumo sul. Passamos num mercado antes para comprar água e mais algumas coisinhas, como fazíamos quase todo dia, e partimos.

Logo na saída da vila de Regência, um a um alguns ciclistas iam passando, saldando, talvez uns 10, lembrando muito nossos grupos de passeios de fim de semana pela região de Curitiba; afinal era um sábado, dia de descansar pedalando, como sempre digo...

A estrada de chão, no começo, segue paralela ao mar, e nesse ponto, talvez cinco quilômetros depois, outro ciclista, porém solitário, estava no sentido contrário; parado revisando um pequeno mapa. Não carregava bagagem; infelizmente não lembro seu nome. Parei para conversar um pouco. Disse ele que não conhecia a região, apesar de ser de Linhares (cidade próxima, junto à BR 101 e ao rio Doce), mas residia em Vitória. Perguntei se ele estava com o grupo que vimos passar, e ele, surpreso, exclamou: - Quer dizer que tem outros ciclistas aí na frente? Poxa, acho que vou seguir então. Como estou sozinho, pensei em voltar, mas se tem outros vou para frente, e assim aproveito para conhecer Regência. Deixei meu cartão com ele e tocamos.

Logo a estrada fez uma curva à direita e passamos a seguir rumo oeste, por alguns quilômetros, e depois tivemos que pegar outra estrada à esquerda para voltarmos à direção sul. Reto, seguiríamos para Linhares. O “desvio” é necessário em função da reserva natural de Comboios, uma área de preservação, que também tem a participação do projeto Tamar. Na região também há uma reserva indígena.

Já havíamos percorrido 12 km, e fizemos mais uns 23 km até a Vila do Riacho, mais perto do litoral, onde iniciava o asfalto. No lugar bebemos algo apenas e continuamos. Os ventos sopravam a nosso favor, literalmente. Uma pequena nuvem de chuva chegou ameaçar um pouco a tranquilidade, mas se dissipou depois de alguns pingos. Pelo asfalto mal tratado e sem acostamento em muitos pontos, fomos indo em direção ao litoral.

Passamos, então, ao longe, por Barra do Riacho; na frente de empresas da Aracruz Celulose, até chegar mais perto do mar, onde estão construindo um porto, provavelmente particular. 

Dali a estrada fica bem próxima da areia da praia. Balneários vão surgindo, lindos, de água esverdeada, transparente, como Barra do Sahí (onde dormi com a Carmo em 2005), Putiry, Mar Azul, do Sauê, dos Padres e Coqueiral, antes de chegar ao destino do dia: Santa Cruz.
 

Rio Sahí




Foi na praia de Coqueiral, que o tivemos o primeiro furo de pneu da viagem; justamente com o meu, quando consegui encontrar um pequeno parafuso na minha frente; “mirei” bem e acertei em cheio, hehe. Gritei para os dois que seguiam à minha frente, que pararam. Pelo menos o lugar era muito bonito, e não demoramos quase nada para voltar à estrada e chegar ao destino.


Coqueiral


Cruzamos a ponte sobre o rio Pariquê-Açú e chegamos à barra do rio e à Santa Cruz. Apesar de ser cedo ainda, almoçamos e resolvemos pernoitar por ali mesmo; o local é um Hotel-Restaurante.





Rio Pariquê-Açú

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