sábado, 20 de outubro de 2012

NOVA GORICA

NOVA GORICA

Tínhamos algumas opções para seguir viagem, e uma delas era chegar até a Itália através de Triestre, no mar Adriático. Deveríamos passar por Postojna e logo chegaríamos à divisa da Eslovênia com a Itália. Mas analisando o mapa da região, preferimos um plano “B”, e antes de Postojna, terra de Erasmo, dobraríamos à direita e seguiríamos até uma outra divisa dos países, em Nova Gorica, ainda na Eslovênia. Foi o que fizemos.
Amanheceu uma segunda-feira com cara de chuva; estava frio e úmido, mas com possibilidade de melhorar. Foi uma pedalada tranquila até os 30 km, passando por vilas pequenas como Brezovica, Dragomer, Log, Drenov Gnc, Sinja Gorica, Vrhnica, Milke, Logatec e Kalce. Daí pra frente foi montanha acima; e que montanha! Subimos, subimos e subimos. Passamos por um lugar chamado Lanise e depois Hrusica. Neste último, ainda existem resquícios das muralhas das fortalezas que os romanos construíram para defenderem-se dos bárbaros; isso há muito, mas muito tempo atrás. Valeu a pena ter mudado o rumo. Estradinha sossegada, pouquíssimo movimento. Num lugar, inclusive, um senhor estava à porta da única casa da região, ao lado de um menino; quando passei ele me saudou e percebeu pelo cumprimento que eu era estrangeiro; falei que era brasileiro e vinha de Berlin. Ele ficou muito feliz e repetia ao menino: - Brasil! Brasil! Disse rapidamente, porque não parei (infelizmente), que mais uns 5 km e chegaria a descida. Quando a Carmo passou por ele, saudou-a também com muito entusiasmo.
As montanhas são lindas, bem arborizadas. Aliás, a Eslovênia é um dos países europeus com maior cobertura de florestas. Depois das Vilas de Podkraj e Col, dentro da previsão de quilometragem daquele senhor, veio a recompensante descida. Mais importante que a descida, foi ver a visão daquele vale lá de cima. Estava perto do meio-dia, e o sol apareceu, deixando uma área de visão do horizonte muito vasta e maravilhosa, que é impossível de transcrever ou até mesmo mostrar nas fotos; e lá fomos nós ladeira abaixo.
Lá embaixo da montanha chegamos à cidade de Ajdovscina, onde paramos para nos proteger da chuva que se avizinhava. Comemos alguma coisa enquanto isso, mas a chuva consistiu apenas em alguns pinguinhos. Continuamos a jornada do dia, em terreno plano, passando por vilas pequenas, também com nomes estranhos, como Vipavski Kriz, Potoce, Virtovin, Selo, Crnice, Sempas, Ozeljan, Komberk e, finalmente, Nova Gorica, que é irmã gêmea (talvez menor), de Gorizia, do lado italiano. É alguma coisa parecida com as nossas Rio Negro e Mafra, ou União da Vitória e Porto União (ambas dividindo os estados do Paraná e Santa Catarina). Foram 89 Km pedalados no dia. Depois de conseguirmos instalação num Albergue para estudantes, gentilmente cedida para nós pelos responsáveis, saímos para comer alguma coisa e o “mundo veio a baixo”. Choveu bastante no final daquela tarde, início da noite, mas foi de pouca duração. Era o final da presença em mais um país. A Eslovênia também vai deixar saudades. Fica mais um registro: nos nomes de algumas das cidades citadas dessa região, há um sinal gráfico (único na língua eslovena), que é um acento circunflexo ao contrário, parecendo um “v” acima de algumas consoantes, e que não tem no nosso teclado; às vezes mais de uma vogal na mesma palavra. Pelo que soubemos isso dá um som de “ch”. Por exemplo: Kakovec, com o sinal no primeiro “k”, ficaria “Chakovec”; mais ou menos por aí.
Deixando Ljubljana

No caminho para a divisa.

A jovem treina do jeito que da, enquanto a neve não vem.

Lindas montanhas, aliás.



Muita história em Hrusica

Descendo a ladeira... como é bom.

2 comentários:

  1. Parabéns Sergio e a sua Esposa pela determinação... Ja fiz uma aventura só que de carro pelo cone Sul e sei como é se aventurar por outros países, e vc ainda mais de bike... show!!! estamos junto em pensamento com vc´s...

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  2. Olá Rogério. obrigado pela força. Infelizmente está acabando a aventura por aqui. Abraços

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