terça-feira, 9 de outubro de 2012

SIÓFOK

SIÓFOK (BALATON)

Estava bem frio na manhã de sábado, quando deixamos o Hostel com destino ao lago Balaton, e atravessamos a ponte Erzsbet, porém o sol brilhava e nos acompanhou até o fim, se pondo à nossa frente enquanto ainda pedalávamos.
Nos primeiros quilômetros acompanhamos o rio Danúbio, em sua margem direita, sabendo de antemão que deveríamos deixá-lo, desviando no sentido sudoeste, pela estrada “7”, sem ciclovia, até o lago Balaton, passando pela cidade de Erd. A jornada até Zagreb, na Croácia, estava só começando, pois deveríamos levar três dias pedalando.
Tudo seguiu tranquilamente até o reservatório Velencei, uma espécie de lago, muito grande, que o pessoal local usa para entretenimento, inclusive passeios de bicicletas. Há uma ciclovia que contorna todo o lago. Foi nessa região, no final do lago, na direção de Balaton, que resolvemos parar para almoçar. Acabou sendo um erro enorme.
O lugar era bacana, uma Pizzerie, mas o atendimento deixou a desejar, pois apenas uma pessoa atendia, e muitas pessoas esperavam seus pratos chegarem. Só percebemos isso depois da demora da entrega dos nossos pedidos. Para pagar também foi outra demora. Total: uma hora e meia, mais ou menos. Lá na frente isto fez diferença. A Carmo chegou a comentar que deveríamos seguir até Székesfehérvar, e fazer um lanche, mas acho que eu quis é “székeferrar” antes.
Mais estrada pela frente, vento contra, tudo plano; pedalar, pedalar, pedalar. O tempo passava, o sol ia baixando, e pedalar, pedalar, pedalar...
Tinha uma previsão de 90 km até Siófok, mas passava de 100, e nada. Já no lusco-fusco, quando o odômetro marcava que faltavam apenas 4 km, vimos um posto de gasolina à esquerda da estrada (sem acostamento), e um carro da polícia do lado direito. Os policiais, fora do carro com uma lanterna na mão, imediatamente fizeram sinal para pararmos. Obedecemos, é claro. A cabeça, nestas horas, pensa um monte de coisas, mas eu “pesquei” na hora o problema: faróis. Nas estradas da Hungria é obrigatório o uso de faróis baixos acesos nos carros, mesmo durante o dia. E bicicleta? Sei lá, mas era conveniente, e seguro, é claro. Estávamos vestidos com os recém adquiridos coletes refletores, pelo menos.
- Light, light!!!. For yor securit. Disse um dos policiais, apontando a lanterna em nossos rostos.
Imagine eu e a Carmo tentando se explicar ao mesmo tempo, tremendo de medo, e enrolando no inglês, que nessa hora parece que esquecemos. Eu logo expliquei:
 - finish, finish. Dando a entender que estávamos parando ali mesmo, e aproveitei para perguntar por Hotel; pensando, talvez, numa consequência mais grave por não usarmos os faróis. A Carmo, por outro lado, dizia que tínhamos os faróis e iríamos pegar.
- Passport, please. Disse o outro policial.
Aí meu Deus, e agora? Vamos ser presos... Juro, cheguei a lembrar daquele programa da TV a cabo, em que as pessoas ficam presas em outros países, não lembro o nome agora; mas que eu imaginei, imaginei. Enquanto procurávamos pelas lanternas, que com a escuridão que já fazia e o nervoso, não apareciam, os policiais faziam contato por rádio com algum superior do outro lado. Escutamos falarem que éramos brasileiros, deu o número do passaporte e nomes, e ficaram esperando um retorno. Enquanto isso... cadê as lanternas? A Carmo achou as dela, mas logo verificou que o farol dianteiro não estava carregado (é daqueles que se carrega a energia no computador), e eu abri toda a minha mala para achar o pisca, que por sinal havia comprado em Berlin e não havia instalado, mesmo porque, com a bagagem, ele não apareceria mesmo. O farol dianteiro estava na embalagem também, com as pilhas ainda fora do mesmo. Com as mãos tremendo, tentando não demonstrar isso, não consegui formar o conjunto e parti para o plano “b”: tinha o farol antigo em algum lugar; onde? Achei. Nessas alturas os policiais tinham o veredito: simpáticos, tiraram aquela cara de durões do começo, e, num inglês sofrido, um deles explicou como chegar à rua principal, onde encontraríamos diversas opções de hospedagem. Devolveram nossos passaportes, e nos desejaram boa viagem. Com esta “sentença” favorável, saímos correndo dali, e a 200 metros pegamos uma rua à direita e nos mandamos. Ufa!!!!
Logo em seguida a Carmo diz: - Tá vendo, tá vendo, eu disse lá para trás para nós colocarmos os faróis, e você não quis. Já pensou o que poderia acontecer? – Tá bom, tá bom, você tinha razão, agora está tudo certo, vamos procurar um lugar para descansar, afinal foram mais 116 km de pedaladas. Não chegamos a andar muito e vimos uma casa com os dizeres: “Szoba Kiadó”. É aí mesmo que vamos ficar, pois quer dizer “quarto livre”, ou “Zimmer frei”, em alemão.
Uma senhora, muito simpática, levantou-se imediatamente na escuridão quando nos viu (ela estava numa espécie de varanda). Paramos, perguntamos pelo preço, e numa mistura de inglês, alemão, húngaro e muitos sinais, conseguimos entender. Ficamos num quarto grande, lindo, com camas maravilhosas, com preço de albergue. Negociamos o café da manhã, também. Banhos tomados, perguntamos por restaurante, a senhora informou que a 400 m havia um, num hotel.
Bem, o restaurante estava lá, mas fechado. Pelo menos nesse momento tive a feliz ideia de dizer para a Carmo para irmos de bicicleta. A rua praticamente só tinha residências, e passamos para a outra, mais perto do lago. Lá havia hotéis e restaurantes, mas também tudo fechado. Parecia cidade fantasma. Chegamos à charmosa rua principal, uma espécie de alameda, com bares nos dois lados. Tudo fechado. Realmente lá é um lugar para temporada, principalmente de junho a agosto. Num restaurante de um hotel, que tinha uma festa de casamento, conseguimos informação sobre um restaurante aberto e jantamos. Lá se foram mais uns 5 km de pedaladas. Hora de descansar, que amanhã tem mais...






Cara de quem tomou refrigerante... Não durmo mais depois do almoço como no CEPIMAPA

Toma um "Dreher". Esta é para vc Sandra

Sorte que compramos os coletes refletivos, a cinco minutos da loja fechar em Budapeste

5 comentários:

  1. opa... valeu a cerveja - (lembra do..."deu duro?? tome um Dreher"!! ???) hahaha.

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    1. Lembrei disso na hora, Sandra, mas era cerveja, hehe. Tomei coca-cola...
      A Carmo, a cada cerveja que ela bebe (normalmente duas de 500ml), lembra de vc. Bjs

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  2. Sensacional a experiência como os Polícias, final feliz .

    Duas coisas ficaram claras, Em relação a utilização os equipamentos de segurança: 1ª Nunca é demais utilizar os equipamentos de segurança , 2ª Em matéria de segurança sempre devemos ouvir as mulheres.
    Abçs e bos viagem

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    1. É Jack, o duro é ter tanta experiência, e menosprezar as regras nesses momentos. Fiz mal. Agora, que tem que escutar a mulher isso tem, mas ficar escutando a mulher 24 horas por dia, 38 dias seguidos, essa...

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  3. Muito bom! Vai chegar a tempo para votar no Fruet!

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