segunda-feira, 22 de outubro de 2012

VERONA

VERONA

Chegou a hora de entrar no oitavo e último país: a Itália. Por mais encantador, bonito, histórico, e tudo o mais que sabemos e conhecemos da Itália, de seu povo, etc., nossa preocupação estava ligada às estradas. Numa outra jornada que fizemos na Europa, em 2007, também de bicicleta, quando saímos de Amsterdã e retornamos ao Brasil por Milão, não previmos pedalar pelo país, porque sabíamos que não haveria ciclovias entre as cidades, e deveríamos seguir por estradas secundárias. Como sobrou tempo, arriscamos. Chegamos a sair de Veneza pedalando, com destino a Ravena, mas o calor era intenso, a Carmo estava cansada, faltavam muitos quilômetros, e quando olhei para trás e a vi espremida entre o mato e um caminhão, com pouquíssimo espaço para pedalar, parei, esperei e disse a ela que nossa viagem de bicicleta deveria terminar ali mesmo. Tivemos que percorrer ainda 18 km até uma cidade que tinha estação de trem, e dali seguimos em diante; mas essa é uma outra história...
Pois é, agora nos víamos novamente na Itália. Chega a ser incompreensível o descaso do país com ciclo turistas, porque sabidamente a Itália é tradicionalíssima no ciclismo; suas cidades são dotadas de ciclovias, e o povo anda bastante de bicicleta, como em todos os outros países que visitamos. O que é certo, então, com isso, que o italiano não viaja muito de bicicleta; pelo menos não no país deles. Eles nos admiravam a todo o momento, quando sabiam da nossa aventura, elogiando a força e a coragem de enfrentar suas estradas. Quando perguntávamos por algum caminho a seguir, sempre vinha no final a recomendação: “cuidado com essas estradas”.
Como já havia dito, um pé, ou melhor, uma roda para lá, e já estávamos em Gorizia, na Itália, deixando, enfim, a Eslovênia. A previsão era de mais 400 km até Milão, nosso destino final. A manhã de terça, dia 16 de outubro, estava ensolarada, com um pouco de frio. Fácil de reconhecer que você está na Itália pelos parreirais que passamos a avistar. Em todo o lado tem plantação de uvas, onde se produz bons vinhos. Ali, as pequenas vilas de Latisana e S. Michele são referência nesse assunto.
Antes dessas vilas passamos por Gradisca d’Isonzo, Cervignano d. Friuri, S. Giorgio di Nogaro e Mozzana d. Turgnano. Depois chegamos a Portogruaro. Esta cidade nós tínhamos como referência para pernoitar, pois a ideia inicial, como já citei antes, era de seguir a Triestre, e o natural é que ficássemos lá. Como fizemos um percurso diferente, era começo da tarde, e já estávamos na cidade. Foram 77 km de pedal. Fizemos um lanche e tomamos a decisão de deixar a estrada, e adiantar um pouco o caminho, pegando um trem.
No final da tarde pegamos um trem para Treviso, cerca de 60 km de Portogruaro. Ambas cidades históricas e tem canais de água muito bacanas. Aliás, não tem cidade na Itália que não seja histórica, com “cittadellas”, algumas até bem preservadas, outras em ruínas. A diferença entre elas é no tamanho. Enquanto Portogruaro (Povíncia de Veneza) tem 25.000 habitantes, Treviso (Provincia de Vêneto), tem 700.000. Em Treviso ainda persiste um legado de nobres e príncipes, principalmente da família Bortoletto.
Um pequeno susto aconteceu quando chegamos a Treviso. Deixamos a estação de trem, e seguimos para o setor histórico da cidade, bem pertinho dali, e, já no lusco-fusco do dia, fomos procurar um “albergo” (hotel). Acabamos fazendo um “Pedal Noturno Treviso”, conhecendo toda a região, mas não encontrando lugar para hospedagem, estava tudo lotado. Ai, ai, será que a novela de Bologna, da viagem anterior, estava se desenhando novamente? Procuramos orientação de uma dupla de policiais, que nos ajudou prontamente, indicando um hotel bem fora daquele circuito histórico. Felizmente encontramos abrigo, apesar do custo um pouco fora do orçamento. Como já havíamos conhecido bem a cidade, procuramos apenas descansar.
Na quarta-feira, dia 17 de outubro, partimos um pouco tarde, talvez lá pelas 10h50, o que não era nem um pouco conveniente para o tipo de viagem que estamos fazendo. Na verdade nos atrapalhamos procurando um lugar para comprar uma pequena coisa antes de partir, e, quando vimos era tarde; e não achamos nada, o que é pior.
Apesar do atraso na partida, tudo correu perfeitamente, o dia estava bonito, o vento soprava a favor, apenas a estrada sem acostamento irritava um pouco. O que compensava era olhar de vez em quando para o lado direito, e observar os Alpes ao longe, com alguns picos ainda cobertos por um pouco de neve. Lindo.
Chegamos à outra cidade histórica: Vicenza. Uma senhora que nos observava na praça principal, ficou encantada conosco, e conversou um pouco. Uma das coisas que disse foi que Vicenza era linda, que a Itália era o país mais lindo do mundo. - Depois do Brasil. Disse eu, em seguida. Ela sorriu e complementou: - Os dois países são fantásticos. Depois de passear pelo centro histórico e tirar algumas fotos, procuramos pela estação de trem. Havíamos percorrido 65 km, e novamente resolvemos adiantar mais 60 km seguindo de trem até Verona. Era cedo ainda.
Verona precisaria de um capítulo a parte, apenas para falar dessa bela cidade, mas de novo vou privá-los de tanta história. Tivemos o prazer de conhecer Verona na viagem anterior de bicicleta na Europa, e também, por coincidência, chegamos via estação de trem. Fomos direto ao Hotel que nos hospedamos da outra vez, e pelo mesmo preço depois de cinco anos, lá ficamos. Não queríamos ficar peregrinando por toda a cidade atrás de hospedagem novamente, até porque consultamos na noite anterior a internet, e os preços eram todos parecidos ou maiores. Tem mais, o Hotel fica a quatro quadras da “Porta Nova”, principal acesso ao centro histórico da cidade.
Passamos a quinta-feira inteirinha curtindo Verona. Pegamos o mapa do ônibus “Hop on Hope Off“, e copiamos o roteiro fazendo todo o percurso de bicicleta. Foi muito bom. Da vez anterior não tivemos tempo para conhecer melhor, e agora ficou ratificado que a cidade merecia um tempo maior para curti-la. Subimos o morro que dá acesso ao Santuário N. Senhora de Lourdes, passamos pelas “portas” principais, pela Catedral e, principalmente, pelo Coliseu, que é uma miniatura daquele de Roma, mas é fantástico. Pra quem não sabe, lá é a terra de Romeu e Julieta; inclusive há uma casa, com varanda, que seria a de Julieta, em que todo mundo vai para tirar uma foto de recordação. Romantismo no ar...
Mais dois dias de pedaladas, e chegaríamos a Milão, destino final. Conto depois.
Gorizia - Itália

São Giorgio di Nogaro

Muitos parreirais

Portogruaro

Treviso

Treviso

Não tem espaço...

Vicenza

Vicenza

Mostrando o "patrocinador", amigo Hunger, em Vicenza, kkk

Coliseu, de Verona
Passeando de bike por Verona
Ela vai se jogar da ponte? kkk




Muita gente pedala em Verona...
Companheiras resistentes, agora descansam à beira do rio...
Verona











 

4 comentários:

  1. Belas recordações de Verona, Vicenza, Milão, Veneza!!! Abraço. Paulo

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    1. Valeu Paulo! Você sempre presente. Sei que você é "viajado" e com muita cultura. Gostaria de ter mais tempo para me dedicar a conhecer a história "in loco" dessas fantásticas cidades, mas foi muito boa a passagem por elas. Abraços

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  2. Em 2010 passei por Verona. Foi rápido, mas adorei a cidade. Sergio e Carmo, estou curtindo os relatos. Abraço/Donato

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    1. Obrigado Claiton, realmente Verona é uma graça. Como disse no texto, estivemos lá em 2007 e não conhecemos muito, e agora foi bem melhor. Precisa mais tempo para entender melhor tudo aquilo. Abraços

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