segunda-feira, 16 de setembro de 2013

ROTA DAS EMOÇÕES - Tutóia a Caburé

TUTÓIA – CABURÉ

10/09/2013 – terça-feira


Após o café partimos em direção a Paulino Neves. Da outra vez que estive na região, em 2010, a estrada ainda não era asfaltada, e era preciso embarcar nas Toyotas, 4X4, para conseguir passar pelos 30 km, com muita areia, água, trancos e barrancos. Agora era um sossego só. Estradinha nova, asfaltada, charmosa, e o vento a favor facilitava as coisas. Passamos por diversas colônias, como Velha Tutóia, Bela Vista, Mendes, Santo Antonio, entre outras.

Numa dessas vilas, à beira de um riacho, paramos para beber algum refrigerante. Sempre solícitos, fomos bem recebidos pelos proprietários. No rio, de um lado, um senhor banhava-se com seu filho pequeno, nas águas frescas e cristalinas. De outro, algumas mulheres, num pequeno cercado criado por elas, lavavam roupas; nesse caso estavam de calcinha e sutiã, pois foi muito comum ver algumas dessas mulheres, em alguns desses riachos, totalmente nuas, ou semi-nuas.

O “banheiro” do local era constituído por dois cercadinhos, armados de folhas de palmeiras buriti, já secas; um lado para os homens e outro para mulheres. Eu não fui, mas a Carmo e o Donato experimentaram, e não gostaram do fedor que pairava no ar...
Seguimos em frente e passamos por Paulino Neves, que é uma pequena vila, e fica dentro do chamado Pequenos Lençóis. São pequenos porque não são extensos, mas são parecidos com os Grandes Lençóis; grandes dunas e algumas lagoas. Só abastecemos com água e cruzamos a extensa e mal cuidada ponte de madeira sobre o rio Novo.

Chegou a hora do perrengue. O sol castigava e tínhamos que cruzar as dunas; seja por um lado, seja por outro, ou mesmo por cima. Segui primeiro os meus conhecimentos do local, ajudados por algum morador, mas na sequencia confesso que perdi a trilha dos jipes e ficamos num impasse: contornar, já naquele ponto, ou atravessar as dunas, subindo suas areias.

O Neimar subiu as dunas e eu fui atrás; o resto do pessoal aguardava o veredicto. Achei que poderíamos contornar as dunas por dentro, e chegar à trilha, que observei de cima. Cheguei a percorrer um trecho com parte do grupo, mas logo vi que era melhor subir as dunas mesmo. A teoria do Neimar era melhor.

Sofregamente um a um foi subindo o primeiro e mais difícil trecho; todos se ajudavam, mas de qualquer forma foi extremamente cansativo. As areias eram fofas, e nossos pés afundavam, o que deixava ainda mais difícil carregar as bicicletas; o horário também era de sol forte, desidratando facilmente. Cheguei a jogar meus alforjes para facilitar, porém eles rolaram pelas dunas e voltaram até a mim. Eu e o Neimar fomos os que mais subiram e desceram as dunas, e ficamos esgotados; o coração bateu muito rápido.

Finalmente, depois desse grande esforço, passamos para o outro lado. Lá, seria de certa forma fácil pedalar, contornando as dunas pelo lado de fora, até atingir uma estradinha de piçarra, em diagonal, até as areias da praia. De Paulino Neves, passando pelas dunas, até Caburé foram outros 30 km. O Neimar saiu na frente depois da descida, e logo o Heron o seguiu; ambos seguiram reto, em direção a uma vila, perto da barra do rio. Certamente não era o caminho que eu conhecia. O primeiro não me escutou, não olhou para trás e seguiu; o segundo chegou a escutar meus gritos e acenos, mas preferiu também seguir aquela rota.

Pedi para os demais me seguirem, e contornamos as dunas até a estradinha. Estava mais à frente, sendo que o Maurício, o Donato e as meninas vinham mais atrás. Perto da praia, a estrada virou areia, e mais um perrengue apareceu: carregar as bikes pela areia fofa. Cheguei à praia e por sorte vi que os dois também chegavam por lá. Ufa! Eles acertaram o caminho por via torta...

Aproveitamos a maré ainda baixa, com tempo de sobra para chegar a Caburé, para tomar um gostoso banho de praia. Os outros chegaram e depois partimos para o paraíso. Sim, Caburé é um paraíso; uma península maravilhosa, com poucas habitações, pouquíssimos moradores, na barra do rio Preguiças. Lindas dunas a rodeiam e o por do sol é fantástico. Apenas três pousadas ali existem. O sossego é total. O local é muito utilizado por turistas que descem o rio Preguiças e param ali apenas para almoçar, curtir a praia de mar aberto ou apenas relaxar. Esse passeio inclui uma passagem pelo farol de Mandacarú e a vila de Atins, que ficam do outro lado do rio, na sua margem esquerda.

Logo ao chegar a Caburé descobri com o senhor Celso, dono de restaurante e que aluga quadriciclo, que não havia mais barco de linha entre Barreirinhas e Atins, pois a estrada, mesmo sendo de areia, fez com que o transporte ficasse apenas por terra. Seu irmão poderia fazê-lo, então já acertei a subida do rio para o dia seguinte, às sete da manhã.

Almoçamos por volta das quatro da tarde, um verdadeiro “almojanta”, no restaurante do Paulo, que também é o dono da pequena e simples pousada que ficamos. O resto da tarde foi apenas para sossegar e curtir o por do sol. Como o local não tem energia elétrica (gerador até as dez), fomos dormir cedo, cansados, mas renovados pela energia do lugar. Antes, porém, a Liz, o Neimar e o Donato, aproveitaram a lua crescente e maravilhosa, para tomar um gostoso banho de rio. Delícia!!!

Fiquei preocupado com o destino de Caburé. Percebemos desde a chegada, ao tomar banho nos chuveiros públicos do restaurante, que a água estava salobra. Nos quartos também. Perguntei ao Paulo e ele respondeu que há um ano a coisa está assim. Disse que vai tentar fazer novos poços, mas está muito ansioso com o resultado. Será que o lugar vai ter o mesmo destino da ilha do delta do Parnaíba? Talvez seja uma pequena vingança da natureza...































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