segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

CURITIBA - SÃO FRANCISCO DO SUL, via Estrada do Rio Manso, Itapocu e Barra do Sul


 CURITIBA - SÃO FRANCISCO DO SUL, via Estrada do Rio Manso, Itapocu e Barra do Sul

Pedal passagem de ano 2015/2016.

Mais um recesso de fim de ano, e mais uma vontade de ir para estrada, de bicicleta. Pois desta vez foi assim, de novo, e na companhia da Carmo e de dois amigos, o Neimar e o Wendell.

A proposta era de ir para o litoral de Santa Catarina, mas não necessariamente descendo a BR 101; melhor seria pegar outra serra. Havia diversas possibilidades, e a escolhida, por alguns fatores, foi a de seguir por Tijucas do Sul e Campo Alegre, já no estado vizinho.

Quando falo em fatores de escolha, falo em condições das estradas, possibilidade de hospedagem, atrações, etc. Ainda por cima, Campo Alegre  nos deixa com variações de descida de serra. Pelo rio Vermelho e rio Natal, até Corupá e Jaraguá do Sul; pela estrada do rio Manso, até Schroeder e Jaraguá do Sul, ou até mesmo pela estrada do rio do Julio (Vale das Hortências). Todas lindas e especiais, e praticamente obrigatórias para quem curte viajar de bicicleta.

Optei pelo rio Manso, e assim fizemos, após colocar em votação para o grupo.

Após as comilanças das festas de Natal, deixamos Curitiba às oito da manhã do dia 26. Marquei o encontro no bairro Hauer, o que facilitava para todos. Bicicletas a caminho... Seguimos pela ciclo-faixa da Marechal, até chegarmos ao município vizinho de São Jose dos Pinhais. Atravessamos toda a cidade até a BR 376. Achei melhor irmos até Tijucas do Sul pela estrada mesmo, pois se fizéssemos por estradas de chão a continuação do passeio até Campo Alegre ficaria bem pesado, considerando ainda o calor.




A BR estava bem movimentada de automóveis, e muitos buzinavam para nós, inclusive alguns parceiros de pedal, com suas bicicletas acopladas em trans-bikes. Foram 66 km até lá, e paramos para almoçar. Alimentados e recompostos, partimos para a segunda etapa do dia.

 

 

 

 




 

Chegou a vez da estrada de chão. Uma “pernada” de quase 50 km até Campo Alegre. O dia continuava quente, embora o sol não ficasse o tempo todo exposto; pelo contrário, as nuvens de chuva nos rodearam o percurso inteiro, mas não nos atingiam.
 

 







 


 
 
 

 

 

 

 

Pouco antes de onde a estradinha encontra outra que leva aos “campos do Quiriri”, quase chegando ao lugarejo de Bateias de Cima, um grupo de ciclistas de Curitiba nos alcançou. Logo o amigo e sorridente Henrique Chesnau gritou: “Serginho, Serginho, você por aqui?” Mais uma coincidência em nossas viagens de bicicleta, pois nesse mesmo período, anos atrás, encontramos com ele e outros amigos seus quando chegávamos a Nova Trento. Desta vez ele viajava na companhia de outros amigos, conduzidos pelo Marcos da Roda Livre. Eles estavam indo também para o litoral de Santa Catarina, mais precisamente para Balneário Camboriú, e iriam fazer uma volta por Corupá e outras cidades da região. 
 



Na localidade de Bateias de Cima, fica uma casa interessante, pois ela é de madeira e tem três andares; pode-se até considerar cinco, porque ainda tem o sótão e o porão. Curiosidades do caminho...







 




 


O grupo deles parou num barzinho e nós continuamos até Bateias de Baixo. Acho que tomamos a decisão correta, pois quando paramos para hidratação num bar, já na vila, o tempo fechou e veio um temporal danado. Quando a chuva diminuiu, quase uma hora depois, o grupo deles passou por nós, e seguimos atrás, sem chuva. Eles receberam toda aquela água nas costas... Tudo alegria, é claro. Dali até a cidade seria mais 11 km de asfalto, com muita subida. Completamos 110 km no dia e mais de 1300 metros de elevação.

O bom hotel Campo Alegre, à beira da estrada Dona Francisca, e logo na entrada da cidade, era o mesmo para todos, e fizemos uma verdadeira confraternização durante o farto café colonial servido na hospedagem, com muitas histórias de cicloviagem. Outro participante, o Kantek, foi parceiro de alguns passeios há mais de 10 anos. Fiquei feliz em revê-lo.

O segundo dia de viagem amanheceu mais fresco, com neblina, e chance de chuva. O grupo do Marcos iria até Jaraguá através do rio Vermelho e nós optamos pela do rio Manso. Eles saíram na frente. Fui até a cachoeira Paraíso mostrar esse recanto para os amigos e para a Carmo. Fica na saída da cidade, ao lado da Prefeitura. Fácil acesso e muito bacana.
 













Pousada Campo Alegre


Campo Alegre

Grupo Roda Livre



Grupo Roda Livre partindo em Campo Alegre para o Rio Vermelho






Prefeitura de Campo Alegre

Entrada da cachoeira Paraíso.






 
Cachoeira Paraíso


Depois pegamos a estrada de chão, subindo por quase 8 km, até uma bifurcação. Lá dobramos à esquerda e começamos a descer. A estradinha é sinuosa e muito bonita. Logo o rio Manso foi se avolumando ao nosso lado esquerdo, e a descida ficou mais íngreme. Belos momentos. Paisagens deslumbrantes. Quase 30 km de descida e chegamos à Santa Luzia e Schroeder, onde paramos para almoçar num restaurante de comida caseira, muito bom, a preço módico.


 
 

























 










Comemos bem, descansamos um pouco e seguimos. Na verdade nem sabíamos direito para onde seguir. Já tínhamos percorrido quase 60 km e chegamos a pensar em dormir perto dali, talvez em Guaramirim. Passamos por Guaramirim e não vimos nenhum hotel, então resolvemos continuar a jornada até Barra Velha, através da estrada das Bananeiras, de chão, que fica às margens do rio Itapocu. Eu e a Carmo já a havíamos percorrido e por isso mesmo a Carmo sabia da dificuldade para percorrê-la até Barra Velha. Seriam 50 km de muitas pedaladas, num percurso plano, mas que exige bastante. O sol pegou forte nessa hora; aliás ele apareceu desde a descida da serra do rio Manso, e só foi ficando mais abafado.



Começamos a estradinha por asfalto, depois chão, sempre na margem esquerda do rio, mas depois, numa pequena vila, pegamos uma ponte pênsil e passamos para o lado direito. Havia a opção de seguir pela margem esquerda e pegar uma balsa mais para frente, mas não tinha a certeza de que estaria em funcionamento. Seria mais curta a viagem. Em outra oportunidade tivemos que voltar e pegar a ponte pênsil.


















A Carmo sentiu um pouco o efeito do calor, mas seguia assim mesmo, no seu ritmo, que passou a ser o nosso também. Com o horário de verão não estávamos preocupados, pois certamente não chegaríamos ao destino no escuro. É um passeio mesmo, e curtimos bastante as belas paisagens.





Próximo a Barra Velha já vislumbrávamos as cinzentas nuvens de chuva se aproximando; era certeza que um temporal se avizinhava. Numa pequena vila já disseram para nós que na cidade de Brusque já havia “desabado o mundo”, causando muitos transtornos. Paramos num posto de gasolina, logo na entrada da cidade, às margens da rodovia BR 101, pois era praticamente certo que não conseguiríamos chegar secos, além de livrar das descargas elétricas que não eram poucas.

E a chuva veio mesmo. Talvez até conseguíssemos chegar até a cidade, pois daquela entrada até o centro seria menos de 5 km. Já que iríamos ficar um tempo por ali, resolvemos jantar no posto. Dali, fizemos alguns contatos com hotéis da cidade balneário. Época de poucas vagas e preços altos. Felizmente conseguimos um quarto para nós quatro, com preço justo, na Pousada Kanaxuê, onde fomos muito bem acolhidos mais tarde, pela Dona Luci. A pousada é charmosa e tem um deck à beira do “lago” de Barra Velha. Muito legal. Eu indico.

Um a um tomamos um belo banho, e ficamos na aconchegante parte de trás da pousada, jogando conversa fora e bebericando alguma coisa. Discutimos a sequencia do passeio. A ideia era ficar pelo menos quatro dias na estrada, mas como já estávamos por ali e traçamos o destino final o Balneário Capri, em São Francisco do Sul, onde a minha família passaria as festas de fim de ano, resolvemos ir para lá já no dia seguinte.

Fechamos a jornada do dia com os mesmos 110 km de pedaladas, e apesar de ser praticamente plano, fizemos quase 600 metros de elevação.

O terceiro dia de pedal começou com chuva fina. O café foi servido às oito, então não saímos tão cedo como é o certo. Ao sair, o Neimar percebeu seu pneu furado e foi logo consertar. No dia anterior, na chegada à cidade um dos pneus da Carmo também estava furado, e consertamos dentro da pousada. Esperamos o reparo e partimos. Logo a chuva engrossou, e deixamos a cidade com cautela.















Fizemos poucos quilômetros na BR 101, sentido Joinville, e após a ponte do rio Itapocu dobramos à direita e seguimos por estrada de chão e areia, que segue também paralela ao rio como no dia anterior, quase até Barra do Sul, destino para o almoço. Apesar de não ser um trecho longo, era um pouco difícil, pois havia muita areia fofa. A chuva parou, e acredito até que se não tivesse chovido a coisa estaria pior, pois deixou a areia mais batida.

 





Chegamos a Barra do Sul e logo paramos para almoçar. Antes visitamos suas praias.















Barra do Sul



Após o almoço nos dirigimos até a barra do canal do Linguado. Já fiz a travessia dali para a praia do Ervino de barco, e como é alta temporada, barcos de passeio ficam por ali aportados. Negociamos com o dono de um dos barcos e atravessamos para o outro lado. O caminho é estreito e de muita areia, mas como choveu, estava batida e não muito difícil de percorrê-la. Mesmo assim, pouco depois, deixamos a estradinha e fomos para a beira do mar, onde a areia batida da praia deixa o pedalar mais suave. A maré estava subindo, mas tinha espaço suficiente para seguir até o Ervino. O percurso desde a barra até lá é de apenas 5 km.







 



 









Quando não deu mais, subimos para a estrada, que tempos atrás era muito boa, mas agora, depois das intensas chuvas, estava impraticável. “Costelas de vaca”, buracos e areia. Dali para a Enseada seria mais de 20 km de perrengue. E foram! O visual é lindo, com o mar seguindo majestoso ao lado, e em alguns pontos, dunas fixas do outro. A Carmo já se “arrastava” de cansaço com a dificuldade da estrada, mas foi guerreira e chegou bem. Paramos na prainha para hidratar, passamos num mercado para comprar algumas coisas para comermos e bebermos com a família no Capri, e demos o “bote” final, chegando àquele recanto de nossa família, no final da tarde. Percorremos 75 km no dia.



 

Nesses três dias foi possível conviver mais um pouco com esses grandes parceiros, o Neimar e o Wendell. Sempre bem humorados e curtindo os lugares que nunca haviam passado. Fotografando, elogiando e agradecendo pelo belo passeio de fim de ano. E olha que tem outras pedaladas a fazer ainda, pois a ideia é voltar até Curitiba pedalando depois da virada. A Carmo nem falo nada, pois ela tem sido companheira nesses pedais há mais de dez anos, e apesar de sofrer em alguns trechos, não deixa de enfrentar as dificuldades para acompanhar e curtir as viagens de cicloturismo que invento.

Convidei os dois amigos para ficarem nessa passagem de ano com nossa família, e eles toparam, mas disseram que eu teria que subir com eles para Curitiba. Aceitei, e no sábado, após os festejos, marcamos o retorno, para fazer em dois dias os mais de duzentos quilômetros até lá.

No primeiro dia de folga, deixamos o dia livre para caminhar pelas areias das belas praias do Capri e fazer a integração com a família.

No segundo dia, na terça-feira, dia 29, já em Capri, partimos para um pedal leve pelas redondezas. Levei-os para conhecer o forte Marechal Luz e eles ficaram encantados. A vista lá de cima é linda, e dá para enxergar Itapoá, Guaratuba e Caiobá. A história do lugar é mostrada num pequeno museu e alguns armamentos estão expostos e bem conservados na parte externa, num local estratégico. O movimento de turistas era grande, pois percebi pela leitura do livro de presenças do museu, que pelo menos cem pessoas já haviam passado por lá em poucas horas da manhã daquele dia. Quando descíamos o morro, de mais de cem metros de altitude, furou um dos pneus da bicicleta do Wendell. O “círculo fechou”, pois todos tiveram pneus furados (rs). No dia anterior, ao chegar no Capri, o pneu da minha bicicleta também estava arriado, e deixei para consertar pouco antes de sair para o passeio...
 
 


Estrada do Capri



Praia do Forte, com o Porto de Itapoá ao fundo


 

 
Caminho do forte

 
 
 

 

 

 
 





Fomos até a praia de Enseada, Praia Grande, Prainha e Sambaqui, para depois voltar ao Capri e preparar um gostoso churrasco, com o mestre Neimar no comando. O dia terminou num gostoso banho de mar no final da tarde. O dia foi maravilhoso e de pedal foram pouco mais de 30 km. 
 

 


 



O último dia do ano foi de praia, prosa, comida e bebida refrescante. Descanso para passar a virada de ano com a família.





 

 
Conversando com os dois, eles me disseram da intenção de voltar pedalando para Curitiba, como já disse. Previsão de saída no sábado. Sugeri que fossem pela Vila da Glória, Garuva, Estrada da Limeira, Morretes, fechando com a subida da Graciosa. Eles acharam ótimo, mas pediram para eu subir junto, em troca deles terem aceitado o pedido para ficarem com nossa família na passagem do ano; o Neimar ainda lembrou que eu poderia pegar o carro em Curitiba e voltar pegar a Carmo e a bicicleta dela. Achei interessante; disse para a Carmo, que a princípio achou normal, pois curtiria um pouco mais as netas.


Após consultar o site da Prefeitura de São Francisco do Sul, descobrimos que nessa época a balsa que atravessa para a Vila da Glória tem horários diferentes. O primeiro do dia, do lado de Laranjeiras, o nosso lado, sairia às 08h00.


Perto das sete da manhã do sábado, dia 2 de janeiro de 2016, deixamos a casa. Sabíamos de antemão que não era perto, mas a quilometragem certa era desconhecida; provavelmente mais de 20 km. E eram mesmo. Para ser mais exato, do balneário Capri até a balsa, 25 km. Precisaríamos correr. Fizemos os primeiros 4 km de areia, depois o asfalto que leva a estrada do Forte até a rodovia de Enseada. Dali mais uma correria até a estrada do Porto de São Francisco, e mais 4 km pela estrada das Laranjeiras. Ufa! O Wendell se adiantou um pouquinho, o que foi suficiente para impedir que a balsa deixasse o atracadouro sem nós. No sufoco, fazendo uma média em torno dos 25 km/h, conseguimos atravessar. O próximo só às 10h00 ...

Na balsa conhecemos três ciclistas de Joinville, que passeavam pela região. Muito papo bom enquanto esperávamos pela lenta travessia.
Do outro lado, já em terras da Vila da Glória, pegamos o asfalto à esquerda em direção a Garuva. Poucos quilômetros de asfalto, pois logo veio estrada de chão, lama e pequenas subidas. Aquela estrada é velha conhecida de tantos pedais, mas quase sempre no sentido contrário, quando descemos de Curitiba até lá para saborear deliciosos frutos do mar em restaurante da região. A sua beleza continua a mesma. Pouco mais de 5 km perto de Garuva e já encontramos outro asfalto, novinho, de uma estrada que ligará o Porto de Itapoá até a BR 101, perto da cidade.

Até ali tudo estava indo bem, apesar da chuva insistente, a não ser pelo fato do Neimar ter percebido a roda torta da bicicleta do Wendell, quando seguia atrás dele. – Putz! Raio quebrado. Esbravejou o Wendell. E continuou: - Trouxe raios reservar, mas como faremos para consertar agora; precisaremos de chaves. E se não consertarmos lá se foi a Limeira; vou ter que abortar.


Dissemos que daríamos um jeito quando chegássemos a Garuva. Lá encontraríamos recursos. Pouco depois das onze e meia da manhã e já estávamos em Garuva. Pergunta daqui, pergunta dali, e conseguimos uma bicicletaria na frente da Rodoviária, mas como as outras, estava fechada. Sabendo que o dono morava nos fundos, conseguimos tirá-lo do conforto de sua casa, e gentilmente o Sandro, o dono da Boeing Bike, abriu as portas dos fundos e nos atendeu. Chovia aos cântaros, e deixei-os ali e fui atrás de um restaurante para comermos depois.


Quando voltei o Sandro já havia desmontando o conjunto de catracas, pois para montar o raio seria necessário fazê-lo, porém logo descobriu que não havia raio quebrado, mas sim o “niple”, aquela pecinha que prende o raio à roda. Fazer o que? Montou tudo, trocou o “niple”, e na hora de centrar acabou rompendo mais dois ou três. Felizmente tudo foi resolvido, e só temos a agradecer a atenção do Sandro. A bicicleta do Wendell ficou boa, e ele mais tranquilo, certo de que a sequencia do passeio daquele dia até Morretes, estava tranquila.


Nisso o tempo passou; almoçamos e fomos enfrentar a temida Limeira (serra da Prata) em dia de chuva. Também já a percorri muitas vezes, mas seria apenas a segunda nesse sentido, de Garuva para Morretes. A serrinha que no sentido contrário tem perto de 3 km de subida mais íngreme, nesse outro sentido chega a 8 km.  Antes de chegarmos ao rio Cubatão e à ponte pêncil, foi a minha vez de ficar preocupado, pois o conjunto da minha bicicleta passou a ficar igual a de uma “fixa”; só podia pedalar para frente, o k7 (catracas) travou, não girava para trás. Nessa situação, quando você para de pedalar, o “macaquinho” do câmbio traseiro fica chicoteando e a corrente fica solta e batendo em tudo; impraticável. Única solução é arrumar ou pedalar o tempo todo...






 














Nisso passamos por uma borracharia. Lá emprestamos uma lavadora tipo “Wap” (não recomendada para lavar bicicletas, mas naquela altura...), e jogamos água com bastante pressão na peça. Depois o Neimar colocou seu óleo especial para isso, e segui mais um pouco. Não funcionou plenamente no começo, apenas um pouco depois a catraca soltou o suficiente para descansar da pedalada, mas não podia mexer o pedal para trás. Felizmente quando passamos pelo rio Canasvieiras, antes de chegar à subida, tudo voltou quase ao normal; minha bicicleta estava em condições novamente. Ufa!


Subimos curtindo, devagarzinho, para depois desfrutar da descida alucinante. Tudo isso na chuva ainda. Poucas fotos pudemos tirar. 
 

 







No final da descida, já na parte plana, os buracos na pista de chão aumentaram e eu não consegui desviar de um deles. Pensei que havia furado o pneu (mordida de cobra como chamamos), mas não, continuei tranquilamente. Ao chegarmos no pequeno trecho da estrada que está asfaltada antes da BR 277, percebi que minha bicicleta estava estranha. Era a minha vez de dizer que havia quebrado algum raio da roda traseira. – Que nada. Disse o Neimar ou o Wendell, não lembro, e continuou. – Parece ser o pneu que está torto, a roda não.


Seguimos até a BR 277. Movimento altíssimo de veículos, o que seria perigoso atravessá-la pela mureta. Tínhamos que seguir até o retorno. Nisso aparece um rapaz de moto, da região, e após perguntarmos se havia alguma forma de atravessar com segurança, ele logo foi dizendo para pegarmos uma passagem por baixo da rodovia; uns tubos. Era só voltar um pouco e pegar uma estradinha de chão à direita e quando chegássemos na BR, já veríamos a passagem. Também poderíamos seguir na contra mão, pelo acostamento da rodovia, mas logo disse que era melhor pela estradinha mesmo. Apenas alertou que poderia ter um pouco de água, mas nada que impedisse a passagem.

 




Assim fizemos, e ao chegarmos na BR vimos o tal do tubo. Tinha uma espécie de laguinho na frente, um alagado na verdade, e ainda teríamos que descer pelo mato. O Wendell seguiu mais em frente não acreditando que seria ali que deveríamos transpor a rodovia; já o Neimar não titubeou e já foi descendo pelo mato, com sua bicicleta a “tira colo”. Eu segui o Neimar, e chamei o Wendell para voltar, quando vi que o Neimar montou na bicicleta e atravessou o tudo pedalando, mesmo com água. Esta parte foi fácil. O Wendell mesmo preocupado com a presença de alguma cobra, resolveu nos seguir.


Aventura maior foi quando chegamos ao outro lado. Era um banhadão, com plantas altas, tipo um capim alto. Enquanto o Neimar tentava achar um caminho para subir para a estrada, eu segui a parte baixa, paralela à estrada; dava para caminhar por cima das plantas, dobrando-as, mas sempre encontrando água. Gritei para o Neimar desistir de tentar subir e me seguir, assim como o Wendell. E assim fomos. Vislumbrei um pátio de uma empresa e o fim daquele caminho. Também percebi que o seu final não dava na BR 277, e sim na estrada de acesso a Morretes (a famosa segunda entrada), que é uma alça de acesso à PR 408, que leva da BR 277 até lá. Tudo certo, felizmente. Nenhum problema, nenhuma cobra (rs). Olhando mais tarde o Google Earth, vi que havia uma passagem mais “limpa” a quinhentos metros dali. Isso não importa mais.




Era final de tarde, mas ainda estava dia claro com o horário de verão, quando avistávamos Morretes à frente. Cruzamos a linha do trem e logo em seguida um grande estouro. O Neimar e o Wendell se assustaram um pouco. Consegui equilibrar a bicicleta e não cair, pois estava em baixa velocidade; foi o pneu traseiro da bicicleta que estourou. Um rasgo grande na banda, perto do arame, expos a câmara de ar, que estourou daquele jeito. Imediatamente tirei os alforjes e entreguei para os dois companheiros, e pedi que seguissem até a Pousa “Vista do Marumbi”, que fica logo na entrada da cidade, do lado esquerdo da estrada, apenas a 2 km dali. 

Eles foram e eu fui caminhando com a bicicleta, cuidando sempre para levantar a parte de trás para não acabar com a roda. Tinha um problema sério para resolver, pois em viagens curtas assim não costumo levar pneu reserva (isso é importante para cicloturistas), e ainda por cima o dia seguinte era um domingo...


Ficamos bem instalados na Pousada, onde tivemos a liberdade de lavar as bicicletas e parte de nossas roupas enlameadas. Mais tarde, após o banho, fomos jantar, onde batemos um bom papo, lembrando-se dos perrengues do dia. Escolhemos o restaurante Serra e Mar, que é de propriedade de familiares dos donos da Pousada, e é uma boa opção de jantar em Morretes. Resultado do dia: 140 km rodados.


De manhã cedo fomos acordar o dono de uma bicicletaria, quase ao lado da Pousada, indicado pelo dono, que foi junto. Gentilmente um dos proprietários, jovem, desceu de sua casa que fica na parte de cima, e com cara de sono, foi procurar um pneu compatível com a minha “29”. Só conseguiu um modelo, bem “robusto”, com muitas garras e pesado. Mas quem precisava de um pneu, naquelas circunstâncias eu não podia fazer escolhas. Paguei e sai muito agradecido com o rapaz.


Tudo ajustado e partimos logo após o café da manhã com destino a Porto de Cima, e à temida subida da Serra da Graciosa. Mais um dia de chuva e de antemão já sabíamos que não seria fácil a empreitada. Subimos devagarzinho, sossegados, sem pressa, comendo pastel e tomando caldo de cana no caminho. Decidimos pegar a BR 116 ao invés de continuarmos pela Graciosa, no trecho até Quatro Barras. Depois de mais de 70 km pedalados no dia, no meio da tarde, chegamos às nossas casas, sem chuva nos últimos 20 km.