JOÃO PESSOA A PRAIA DA PIPA
Como já estava programado, em função do tempo disponível para a cicloviagem, deveríamos abreviar algum trecho, percorrendo com qualquer meio de transporte alguns quilômetros. Pois chegou a hora. Escolhemos esse trecho de propósito. Em 2006 seguimos até Cabedelo, atravessamos de balsa, e, depois, não seguimos até Lucena, pelo litoral, pois nos disseram não ser possível atravessar outra barra de rio lá na frente, para chegar à Baía da Traição, e, dali, para a região da divisa de estados, quando chegaríamos à praia de Pipa. Fizemos uma volta danada, quase chegando a João Pessoa de novo, para depois voltar à praia. Fora de questão desta vez.
Pedalamos até à Rodoviária de
João Pessoa. Interessantes algumas observações: não havia qualquer sinalização
na orla da cidade, indicando onde fica o terminal. Perguntamos para algumas
pessoas e seguimos na direção indicada; a rua Ruy Carneiro, que sai
perpendicular à praia de Tambaú, em duas pistas, tem aos domingos (era domingo),
faixa exclusiva para ciclistas (bacana iniciativa); existe uma “outra” João
Pessoa, mais antiga, histórica até, e fica bem longe da praia, fora do alcance
da maioria dos turistas, e, por último, a Rodoviária fica a 10 km da praia...
Em nosso Albergue, havia uma
tabela de horário de ônibus para Natal. Às 11h30 saía um. Depois das dez
deixamos a hospedagem. Pretendíamos ficar na cidade de Goiaininha, onde há um
acesso mais fácil à praia de Pipa, local escolhido para pernoitarmos. Depois de
percorrer a orla e o centro histórico, chegamos à Rodoviária e fomos direto ao
guichê da empresa responsável, e, para nossa surpresa, haviam cancelado aquele
horário, ainda pela madrugada, em função da falta de passageiros. Caso fôssemos
mais cedo, tinha o das 09h30, que partiu normalmente. O próximo somente 13h30.
Logo percebemos o porquê da falta
de demanda: motoristas em carros particulares faziam lotação para Natal, e
ficavam chamando as pessoas pelos corredores e também na parte externa do
terminal. Tudo sem licença é claro. Não demorou muito para sermos abordados.
Perguntamos o preço, e o motorista disse que “seguia” o ônibus, ou seja, ele
cobrava o valor da passagem do ônibus (R$ 40,00), independentemente do local
que parássemos, como também faz a empresa de ônibus. Pedimos por um carro
grande, e o motorista nos apontou dois sujeitos do outro lado da rua.
Conversando com eles, disseram que havia um colega deles com um carro maior, um
Meriva, com bagageiro no teto e que certamente daria conta do transporte.
Ligaram para ele, que estava perto, e logo chegou. Estava retornando de Natal
com passageiros.
Conseguimos ajeitar as três
bicicletas de cabeça para baixo, bem amarradas pelo motorista, que foi ajudado
por nós e pelo Marcelo, um motorista de caminhão, ciclista muito bacana (está
com o pulso machucado, portanto por um tempo no “estaleiro”). Partimos pouco
depois do meio dia, e uma hora e meia depois já estávamos na entrada de
Goianinha, bem num posto de gasolina, onde ele propositadamente parou para
abastecer seu carro, que era a gás. A estrada para a Pipa ficava muito perto e
resolvemos retirar nossas bagagens ali mesmo. Como havia um restaurante,
almoçamos primeiro, para depois seguir nosso caminho.
A estrada que leva até a Pipa é
bem estreita, mas asfaltada (em 2006 estava novinha). Passa por diversos
vilarejos, alguns pertencentes a Goianinha, e outros a Timbau do Sul, ambas
cidades do Rio Grande do Norte. É cheia de sobe e desce; é curta, foram apenas
25 km até o destino final. Vimos muitas barracas com artesanatos interessantes,
com formato de animais, principalmente dinossauros, e tomamos um caldo de cana,
com produto da região mesmo, mas o gosto não era dos melhores. Esse percurso já
foi maior, é que uma estrada antiga, de areia, que leva a Sibaúma (barra do
Cunhau) foi asfaltada, não sendo necessário seguir a Timbau do Sul para chegar
à Pipa.
No centro de Pipa, onde fica a
muvuca, encontramos uma pousada bem boa, quarto completo, por um preço muito
bom, devido à baixa temporada. Resultado: não só resolvemos ficar por ali
mesmo, como também ficar o dia seguinte inteiro, onde poderíamos curtir as
praias de rara beleza e descansar para o último dia de pedalada, na terça,
quando devemos chegar a Natal. Deixamos a noite livre para uma pizza, de forno
à lenha, na encantadora vila, que é muito badalada, e o ano inteiro recebe
muitos estrangeiros. Lembra o estilo da praia do Forte, na Bahia, ou Jeri, no
Ceará, mas cada uma tem seu charme próprio.