sexta-feira, 23 de agosto de 2019

JALAPÃO

JALAPÃO

Uma linda aventura pelo cerrado do Tocantins.

Confesso que sempre tive uma curiosidade imensa de conhecer o Jalapão, que apenas nos dias atuais ganhou certa projeção no mundo do turismo nacional, inclusive quando foi pano de fundo de uma novela global, no segundo semestre de 2017.

É claro que a vontade de ir para lá, incluía pedalar por lá. 

Aproveitando a oportunidade de ir a Palmas, no Tocantins, região do Jalapão, para um congresso do Amor Exigente, previsto para o final de março de 2017, comecei a traçar os planos para a aventura. Sim, pedalar pelo cerrado é uma aventura.

Uma série de dificuldades podem aparecer, como o calor, muita areia, longas distâncias sem apoio, muita ou pouca chuva... As vantagens, por outro lado, seriam enormes, porque a natureza é abundante em maravilhas. Muita água, na forma de cachoeiras ou nascentes, os famosos "fervedouros"; paredões de rochas e dunas avermelhadas de tirar o fôlego, principalmente ao cair do sol.

Fiz pesquisas sobre aventureiros de bicicleta pela região, e não encontrei muito. Por coincidência, um ciclista aqui de Curitiba esteve por lá pouco tempo antes, o Cristian, e vi algumas publicações dele. 

Resumindo: considerando as consultas que fiz, e o fato de que só eu e a Carmo estaríamos nessa expedição, amarelei...

Levamos as bicicletas para Palmas, não só para pedalar pela cidade e entorno, mas também para locomoção até o Congresso, de três dias.

Conhecemos, por indicação, o Edesio, ciclista local e que conduz grupos de ciclistas pelo Jalapão, e também para o exterior. Ele nos levou conhecer os arredores de Palmas, de bicicleta, e fiquei de conversar com ele sobre o futuro.

Também porque planejei com a Carmo de irmos depois, de carro alugado, até a Chapada dos Veadeiros, pedalar por lá, outro local que ainda não conhecíamos. Essa história está documentada aqui neste blog, em postagem própria; é só ir lá conferir.

Mas a ideia de ir até o Jalapão não foi esquecida. Um amigo havia me falado de uma empresa de São Paulo, a Korubo Expedições, que explorava o turismo de aventura por lá. Acessei o site deles e comprei um pacote. Pronto, desejo "meio" satisfeito, só faltava pedalar por lá. Mesmo sem as bicicletas, eu e a Carmo curtimos bastante.

Vou postar algumas fotos de nossa estada em Palmas e no Jalapão, e depois volto, na sequencia, com a segunda passagem nossa pelo Tocantins.

PALMAS - Passeio de bicicleta pelas redondezas, início de abril de 2017.











































JALAPÃO - Expedição sem bicicleta - Abril 2017

Na verdade não tem muito o que falar, e sim apenas apreciar as belezas naturais, através dessas fotografias...
















Cachoeira Sussuapara














Serra do Espírito Santo





Fervedouro

Cachoeira do Formiga










Cachoeira da Velha



EXPEDIÇÃO JALAPÃO COM BICICLETA - MAIO 2018

Com base nessa experiência, de aventurar-se pelo Jalapão, acampando, feita no ano anterior, de pronto pensei na ideia de levar um grupo de ciclistas para lá. 

Contatei o Edesio, de Palmas, disse o que queria, e ele elaborou um projeto, com base num preexistente, em que ele costuma levar turistas do Brasil todo para lá, principalmente no Carnaval, mas especial para nós.

Pedi para ir na chamada "meia estação", fugindo do burburinho, e com preços mais acessíveis. Assim, escolhi a data e chamei os amigos. Imediatamente vários se prontificaram, fechando o grupo em 16 pessoas, contando comigo e a Carmo. Estavam presentes o casal Waldir e Silmara, casal Heron e Noeli, a Sandra, a Elizabete, o Elídio, Wido, Haroldo, Burg, Sidney, Claudinei, Bassam e o Wendell.

Como ainda era 2017, organizei uma "caixinha", recolhendo um certo valor por mês, para facilitar as coisas, e amortizar as despesas quando da viagem. O pacote do Jalapão foi acertado à parte, e ainda tínhamos despesas de transporte aéreo e alimentação em Palmas.

Dias antes da viagem, organizamos um encontro com a turma na casa do Burg, quando a maioria aproveitou para desmontar e embalar suas bicicletas. Já começava ali a integração dos membros do grupo, que se solidificou durante o passeio.

Chegamos de madrugada no aeroporto de Palmas, e o pessoal do receptivo (Edesio), já nos aguardava. Mesmo indo dormir tarde, cedo já estávamos preparados na frente do Hotel para partir de ônibus para o Jalapão.

Seriam, a partir dali, cinco dias de muita curtição, perrengues e belezas naturais.

Andar por lá sempre será uma aventura. O ônibus tem que ser bem "durão" para aguentar o tranco, mas mesmo assim, antes de chegar a Ponte Alta, um dos principais locais para entrada no Jalapão, um pequeno problema na máquina fez com que atrasássemos um bom tempo. Sorte que paramos numa pequena vila, podendo abrigar à sombra e comer algum sorvete (cerveja também; por que não? hehe).




Depois paramos para abastecer em Ponte Alta, bebericar algo, e seguir para o estradão de chão, pedra, areia quente e muito mais...


Primeira parada no recanto Cachoeira da Sussuapara, quando descemos por escarpas até um pequeno cânion, até alcançarmos uma pequena queda d'água encrustada entre as pedras. Alguns arriscaram um banho gelado para refrescar a alma.




Mais estrada, até que o ônibus atolou no areal. Depois de várias tentativas, conversei com alguns sobre a possibilidade de seguirmos caminhando, quando o ônibus nos alcançaria. Sabia que a entrada à esquerda para a Cachoeira da Velha, ficava a apenas alguns quilômetros. Não é que muitos toparam...

Caminhamos, caminhamos e caminhamos. Talvez uns cinco quilômetros depois, sem alcançar a entrada para a cachoeira, e com uma única árvore fazendo sombra, paramos por ali mesmo e ficamos no aguardo do ônibus, que até então não havia aparecido.

 
 


Temia pela nossa programação, que nesse primeiro dia era extremamente apertada na questão horário.

E realmente a primeira interrupção, mais essa segunda com o ônibus, atrapalharam nossa previsão, que era de ir até a Cachoeira, apreciar, tomar banho no rio Novo, lanchar e depois voltar ao trevo de acesso, embarcar nas bicicletas, e percorrer cerca de 70 km até as dunas para ver o por do sol. Dali seguir embarcados, já noite, para Mateiros, onde pernoitaríamos.

Demorou um bom tempo ainda, até que duas camionetes apareceram. Estavam com a parte do grupo que ficou no ônibus, e com algumas de nossas bagagens. Era a nossa carona para Mateiros. Programação do dia foi por água abaixo. Foi uma sorte aqueles veículos passarem por ali, pois o tráfego é raro. Eram carros de aluguel, que estavam indo substituir outros dois em Mateiros que haviam quebrado. Foi o que deu pra fazer, pois o ônibus não desencalhou. 

Esqueci de dizer que em 2017 também tivemos problemas na estrada, e também no primeiro dia, quando o caminhão da Korubo estragou, e parte do grupo ficou esperando um resgate por horas naquele deserto do cerrado...

Claro que a frustração foi enorme, pois deixamos de apreciar duas das atrações, e também não pedalamos. Por incrível que pareça, apesar dessa pequena frustração, ninguém esmoreceu, e já no jantar em Mateiros, o grupo ficou unido e pronto para enfrentar o dia seguinte. 

Conversei com o Edesio e modificamos a programação, para dar oportunidade ao grupo de apreciar o famoso por do sol nas dunas, invertendo dias de passeios em outros atrativos, e evitando descanso. Viriam dias agitados pela frente, rs.

No segundo dia, então, fizemos enfim nossa primeira pedalada pelo Jalapão, percorrendo estradas de areia, às vezes bem fofa, de ida e volta até um fervedouro. Foram 67 km pedalados. Almoçamos na comunidade Mumbuca



































O terceiro dia no Jalapão reservou mais belos momentos. Primeiro pegamos a bicicleta e fomos em direção à Serra do Espírito Santo. Pedalamos pouco, menos de 30 km, e já estávamos bem cansados de enfrentar aquelas areias quentes e fofas, quando então paramos para uma caminhada pelo cerrado, subindo as encostas da serra. 






Subida difícil, cansativa, mas para aqueles que chegaram até o alto, foram privilegiados por uma bela paisagem.
















Depois da caminhada embarcamos todos no ônibus, à exceção de um companheiro, que preferiu seguir pedalando. Destino desta vez: as belas dunas avermelhadas da encosta da serra.  Mas primeiro almoçamos num rústico restaurante à beira da estrada principal, logo na entrada para o atrativo.






Caminhamos até as dunas por alguns quilômetros; alguns foram de carona em carros 4x4. Bem, o resto foi só curtir aquelas belezas, que ficaram registradas em muitos dos clics abaixo.






















Restava para o dia um belo jantar de confraternização, com todos cansados mas muito felizes. O grupo estava bem afinado, isto foi bem legal.

O quarto dia reservava uma grande atração: Cachoeira do Formiga. Águas cristalinas, transparente. Uma pequena queda d'água, mas sua água mineral encanta qualquer um. Pedalamos apenas 30 km nesse dia. Tínhamos a opção de seguir até São Félix do Tocantins, local da última estadia no Jalapão, mas todos preferiram embarcar.
Momento relax antes de embarcar para a Cachoeira do Formiga
























Começamos o pedal dali da Cachoeira do Formiga, parando para almoçar noutro local bacana, de comida simples, mas muito gostosa. Lá também tem uma pequena nascente de água. Fomos até a Comunidade do Prata, quando embarcamos no ônibus e nos dirigimos até a cidade de São Félix do Tocantins.
 


















Local do almoço


Final de pedal no Jalapão - Comunidade Rio da Prata




Em São Félix do Tocantins ficamos hospedados numa pousada junto a um lindo fervedouro, inclusive com possibilidade de curtir durante a noite, já que possui iluminação artificial. Muito show mesmo.

Curtimos de noite




Curtimos de dia


















No outro dia, parte do grupo fez um boa caminhada até o centro da Vila, enquanto outros foram de ônibus. Um passeio para conhecer o lugar e comprar alguma lembrancinha da região.


































São Félix do Tocantins






























Voltamos para Palmas, finalmente deixando os encantos do Jalapão. De noite, no mesmo dia da chegada, fizemos uma parada para lanche e confraternização, quando todos recebemos presentinhos de artesanato local do amigo Edesio.





O jeito era dormir cedo, porque a aventura continuava no dia seguinte, agora nos arredores de Palmas.

Partimos de manhã da cidade, pedalando, com destino a uma fazenda, na serra de Taquaruçú. Foram 95 km, ida e volta, mas o cansaço foi compensado pela beleza do lugar, boa comida e ainda um banho gelado numa cachoeira.




















































































 





Chegamos no final da tarde, fomos até o Hotel para se aprontar, porque o dia ainda ía longe, pois combinamos um belo churrasco na casa do Edesio; uma confraternização para ficar na memória, com todos muito felizes por esses dias maravilhosos.


E ainda tinha mais um dia "livre" em Palmas, que aproveitamos para fazer o que mais gostamos: pedalar.

Isso, pegamos novamente nossas bicicletas e fomos dar uma volta pela cidade. Levei a turma conhecer a Praia da Graciosa, a Praça dos Girassóis, e outros recantos da bela cidade de Palmas.

































 





















 
 
 

 

 
 
 

 




 
 
 
 
 
 


 
 




E foi assim, então, que me apaixonei pelo Tocantins, Palmas e principalmente o JALAPÃO, e estava certo de que voltaria a pedalar por aquelas bandas...
E não é que voltei mesmo?
Foi no final de outubro, começo de novembro de 2019.
Novamente acertei com o Edésio. Fizemos um rota diferente. 
Tomei a iniciativa, porque tinha um pessoal de Santa Catarina, que conduzi aqui na nossa serra da Graciosa tempos antes, e que ficou sabendo por mim dessa aventura no Tocantins, e se interessaram em também fazer.
Feita a programação, acabaram desistindo. Mas eu consegui levar amigos daqui de Curitiba, além da Carmo, e o Edésio conseguiu reunir mais alguns ciclistas de fora. Tinha do Ceará e do Amazonas. Fomos em 14 ciclistas, em outra aventura por aquelas lindas bandas.
Mas daí é uma outra história...

Valeu!