TRILHA COSTEIRA DE ZIMBROS - SANTA CATARINA - BRASIL
PARA QUE FACILITAR, SE DÁ PARA DIFICULTAR.
Para se chegar até ela, que fica no Estado de Santa Catarina,
entre os municípios de Bombinhas e Tijucas, para quem está em Curitiba, é só
descer a serra pela BR 376 e depois 101, até Bombinhas, num total de
aproximadamente 270 km. Isto para fazer a trilha de Zimbros para Tijucas (Sta.
Luzia). Para fazer no sentido contrário, a quilometragem é um pouco menor, e
não precisa entrar por Porto Belo, basta seguir até próximo a Tijucas, ir à
esquerda para Sta. Luzia, e pronto.
Mas considerando que estou de férias e tenho tempo para uma
“voltinha”, disse à Carmo que a gente deveria partir de Curitiba e seguir para
onde o nariz apontasse. Parecia uma brincadeira, e não deixava de ser, mas a
verdade é que não tínhamos muita certeza para onde iríamos; inclusive se
iríamos até essa trilha. Tínhamos planejado dias antes, inclusive, ir até
Iguape, no litoral sul de São Paulo. Partimos, enfim, na segunda-feira, dia
dois de março deste ano de 2015.
Como disse, o nariz apontou para a Graciosa. Seguimos pela BR
116, por ser um pouco mais fácil, pois tínhamos muitos quilômetros pela frente
até o destino pensado para pernoite: Tagaçaba. Pois é, resolvemos ir até o Lagamar, na divisa
dos estados do Paraná e São Paulo. Para isso, teríamos que passar pela temida
Trilha do Telégrafo.
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Deixando Curitiba pela Linha Verde Norte (obras ainda nem começaram). |
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Portal da Graciosa |
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Portal da Graciosa |
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Portal da Graciosa |
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Graciosa |
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Graciosa |
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Graciosa |
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Graciosa |
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Graciosa |
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Graciosa |
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Estrada São João - Antonina |
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Estrada de Guaraqueçaba |
Descemos a Graciosa e almoçamos na entrada da estrada para
Guaraqueçaba, perto de Antonina. Dali, seguimos pelo asfalto por mais 17 km,
passando pelos recantos Rio dos Nunes e Rio Cacatú e, então, chegamos à estrada
de chão e pedras, que leva até Guaraqueçaba. Menos de 40 km depois, e já no
final da tarde, chegamos a Tagaçaba, onde pernoitamos. 125 km no total do dia.
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
TRILHA DO TELÉGRAFO
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Tagaçaba |
Dia seguinte e era hora de enfrentar “a trilha”. Foram 30 km
até a entrada para o Salto Morato. Não entramos, porque já conhecíamos de
outras pedaladas, e também por falta de tempo, pois sabíamos das dificuldades
que vinham pela frente. Mais 2 km e chegamos ao início da estrada que leva até
a Vila de Batuva, ainda no Paraná, local do início da Trilha do Telégrafo.
Guaraqueçaba fica cerca de 15 km para frente.
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Rio Tagaçaba |
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Rio Tagaçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Bica de água no caminho (Serra Negra) |
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Vista do mirante |
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Vista do mirante |
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Vista do mirante |
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Mirante da estrada - Guaraqueçaba ao fundo |
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Mirante |
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Mirante |
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Entrada para a reserva do Salto Morato |
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Rio Guaraqueçaba |
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Estrada de Guaraqueçaba |
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Rio Guaraqueçaba |
Até Batuva foram mais 17 km.
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Estrada para Batuva |
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Rio de águas cristalinas no caminho para Batuva |
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Estrada para Batuva |
Lá fizemos um pequeno lanche à
base de ovo com pão com a Dona Antonia, a “Nica”, no único comércio do local.
Partimos para o perrengue. E que perrengue! Apesar do tempo bom, havia chovido
nos últimos dias, e a trilha estava muito elameada. Pedalamos muito pouco;
carregamos, e muito, as bicicletas pesadas pelos alforjes. Por vezes enterramos
nossos pés até os joelhos na lama fofa. A tarde corria solta e não saíamos do
lugar. A Carmo, fora de forma em função dos seus joelhos acidentados de meses
atrás, foi a que mais sofreu, e a certa altura, depois de prender sua bicicleta
no vão de uma pequena ponte, sentou na lama e começou a chorar, dizendo:
“chega, não aguento mais...”.
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Início da Trilha do Telégrafo |
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Trilha |
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Trilha |
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Trilha |
Acho que a verdade é que o choro é de emoção por estar ali
comigo, num lugar ermo e lamacento (rs). Depois de passar por um poste
remanescente da época do telégrafo, percebemos que estávamos na reta final, de
menos de um quilômetro, mas que não acaba nunca. Resumindo, foram cerca de três
horas para percorrer apenas 7 km. Já fiz na metade desse tempo, mas estava bem
mais seco, e pude pedalar por mais vezes.
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Remanescente do poste do telégrafo |
Nossa intenção era passar pela trilha e seguir até o Ariri,
mas conhecia a estrada e sabia que não haveria tempo suficiente para
isso. Passamos, então, para o plano
“B”, criado ali na hora, é claro. Depois da trilha, 3 km depois, tem uma vila,
chamada Santa Maria, à beira do rio Taquari. Também já conhecia o local e o no
único bar da vila havia a possibilidade de abrigo.
Lá chegando procurei pela dona Augusta, mas ela estava em
Cananeia. Pensei que teríamos dificuldades, mas logo fomos avisados que ela
chegaria logo, de ônibus, que faz a linha até lá apenas duas vezes por semana.
Aproveitei o tempo para ir com as bicicletas até o rio Taquari, ajudado pelo
Romeu, marido da Augusta, para dar um bom banho nelas. Aproveitei para me
banhar também, para tirar o excesso de lama e também escapar das botucas.
A Augusta chegou, nos recebeu e logo foi arrumar um dos
quartos da casa para nós, e em seguida botar o feijão na panela, para fazer uma
janta. Um dos seus filhos, que mora e trabalha em Curitiba, está de férias, e
também chegou junto com ela para passar o mês com seus amigos e familiares. A
casa é grande e acomoda todos; ela inclusive está construindo na parte de cima,
também em alvenaria, onde o abrigou, mesmo sem total acabamento.
LAGAMAR
Acordamos cedo e antes das sete já estávamos na estrada. Dali
até a estrada do Ariri foi 4 km, e de lá até o destino mais 25 km.
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Deixando a Vila Santa Maria |
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Deixando a Vila Santa Maria |
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Deixando a Vila Santa Maria |
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Deixando a Vila Santa Maria |
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Deixando a Vila Santa Maria |
Os primeiros
10 km desses 25 estavam em obras de recuperação, com muitas pedras, e é um
trecho de subidas e descidas, como um tobogã. Depois foi só curtir a estradinha
plana até o Ariri, uma pequena vila de pescadores que fica junto ao canal do
mesmo nome, que separa novamente os estados de São Paulo do Paraná. Lá, nessa
região do Lagamar, ainda se avistam os Guarás, aves do tipo das garças, porém
avermelhadas, e que já foram abundantes. Alimentam-se de pequenos caranguejos
vermelhos, dando essa coloração às suas plumas. Uma beleza!
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Estrada do Ariri |
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Estrada do Ariri |
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Estrada do Ariri |
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Estrada do Ariri |
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Ariri - SP |
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Canal do Ariri |
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Ariri |
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Ariri |
Fizemos um pequeno lanche e aguardamos um contato para fretar
um barco para Superagui. Negociamos o preço (caro), e de voadeira seguimos pelo
canal do Ariri e depois do Ararapira.
Percebe-se que mudamos os planos justamente nesse período. Ao
invés de seguir por estradas até Cananéia e depois Iguape, preferimos voltar
para o Paraná, para então seguir a Santa Catarina, e chegar até Bombinhas, para
conhecer a trilha da Costeira de Zimbros.
CIRCUITO LITORAL PARANAENSE
Descansamos caminhando por 12 km nas praias desertas do
pitoresco lugar. Quem conhece Superagui sabe que é um dos melhores
lugares para ficar sossegado. À
tarde choveu, e o jeito foi dormir... De noite resolvemos seguir caminho, e na
manhã do outro dia, às sete horas, pegamos o barco de linha para Paranaguá.
Pensamos em descer na Ilha do Mel; o barco passa a apenas 50 metros de lá, mas
é muito alto e não tem trapiche para ancorar, e tivemos que ir até Paranaguá
mesmo. O tempo estava brusco e depois de 4 horas chegamos (ficamos parados em
alto mar, por um bom tempo, para consertar uma bomba de água salgada, do motor
do barco).
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Vista do forte da Ilha do Mel |
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Forte da Ilha do mel |
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Torre de sinalização na Ilha do Mel |
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Porto de Paranaguá |
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Paranaguá - Rio Itiberê |
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Paranaguá |
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Paranaguá |
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Paranaguá |
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Paranaguá |
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Matinhos |
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Vista de Caiobá, a partir dos Balneários de Matinhos |
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"Pinto molhado" na balsa |
Almoçamos cedo e definimos em seguir para Guaratuba. Com
chuva na Ilha do Mel não seria legal. Começamos a tarde pedalando pela estrada
que leva até Matinhos, e na metade do trecho começou a chover, e a intensidade
foi aumentando cada vez mais. Chegamos como pintos molhados no Ferry Boat.
Agora é dia de ficar em Guarachuva, opa! Guaratuba, para
seguir ao litoral de Santa Catarina. Tomara que o domingo amanheça melhor, mas seguiremos
em frente assim mesmo.
A VOLTA DE SÃO FRANCISCO
Depois de passar um sábado inteiro em Guaratuba sob chuva,
sem fazer nada, resolvemos partir no domingo mesmo. O céu estava cinzento, com
garoa, nessa manhã de domingo, e resolvemos esperar um pouco mais até sair.
Deixamos a cidade por volta das nove horas. Passeamos pela
ciclovia da avenida da praia central, até o Morro do Cristo; atravessamos para
o outro lado em direção a Coroados e depois voltamos para a avenida que dá
acesso a Itapoá e Garuva.
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Deixando Guaratuba |
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Deixando Guaratuba |
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Deixando Guaratuba |
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Praia do Morro do Cristo - Guaratuba |
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Praia do Morro do Cristo - Guaratuba |
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Coroados - Guaratuba |
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Coroados - Guaratuba |
Havia um mormaço; não estava
quente, nem frio, nem chovendo, nem vento, nem nada...; portanto, perfeito para
pedalar. Seguimos sossegados até o trevo para Itapoá, e dali retornamos para
beira da praia, na região de Barra do Saí. Cruzamos toda a região até chegar à
estrada que dá acesso ao porto de Itapoá. Poucos quilômetros depois já estávamos
entrando na estrada de chão que leva até Vila da Glória.
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Itapoá |
O jeito foi almoçar na região e esperar a próxima balsa, que
saía às três.
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Vista de São Francisco do Sul - SC |
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Vila da Glória |
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Vista do restaurante Jaci Zinho |
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Travessia para São Chico |
Escolhemos almoçar no restaurante JaciZinho, onde a dona Jaci já nos conhece há
muitos anos, depois de irmos diversas vezes quando dos passeios de bicicleta
que passa por Garuva e acaba na Vila da Glória. Lá se come bem e muito; frutos
do mar que não acabam
mais... Delícia!
Fizemos a travessia até o bairro Laranjeiras, cinco
quilômetros de distância de São Francisco. Estradinha asfaltada, tranquila,
cheia de pés de goiaba; nossa que vontade de comer goiaba. Fui catando algumas
que estavam ao alcance, e mesmo com chance de ter algum bichinho, devorei-as. Ali
também tem uma casa em ruínas, do século XVI, que pertenceu ao Capitão Môr, o
“Cabecinha”. Logo pegamos a
estrada principal, quando fomos interrompidos pela passagem de um trem.
Imaginem um trem longo; acrescentem mais alguns vagões. Pois é, não acabava
mais de passar vagões (rs).
Resolvemos não entrar na cidade e seguir direto à região das
praias, mais especificamente ao balneário Capri, perto da praia do Forte. Final
de um dia gostoso para pedalar; pouco mais de 80 km rodados.
Deixamos a segunda-feira para caminhar pelas praias do Capri,
que tem águas claras e calmas, especial para banho. Fomos até o Forte Marechal
Luz, subimos o morro por trilhas ecológicas e ficamos pouco tempo por causa da
iminência de chuva. Almoçamos num restaurante da região e depois voltamos a pé,
totalizando 11 km de caminhada, com direito a subir morro e tudo o mais. Dia
fechado e a certeza de que continuaríamos na manhã seguinte a volta pela ilha
de São Francisco.
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Capri |
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Praia do Forte |
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Praia do Forte |
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Forte Mal. Luz |
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Vista da Praia do Forte |
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Caminhada ecológica |
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Museu do Forte |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Forte Marechal Luz |
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Vista do Porto de Itapoá, a partir da trilha do Forte |
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Vista do balneário do Capri, a partir da trilha do Forte |
Voltamos para a estrada na terça-feira, dia 10, para fechar a
volta pela Ilha. Passamos primeiro por Itaguaçú, depois Enseada, para então
chegar à Prainha (ou “dos surfistas”), Sambaqui e Praia Grande. É a partir
deste trecho que se chega à Praia do Ervino. Para chegar até lá são precisos
percorrer 20 km por uma estradinha linda, à beira mar, porém de muita areia
fofa, terrível para se pedalar. Até que desta vez não tinha tanta areia assim,
mas sempre dá direito a um perrenguezinho. Pedalar pela areia da praia somente
com maré muito baixa, e assim mesmo a areia nem sempre é dura, e também há uma
inclinação maior em alguns momentos.
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Deixando Capri |
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Deixando Capri |
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Deixando Capri |
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Deixando Capri - Estrada até Praia do Forte |
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Praia de Itaguaçú |
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Praia de Ubatuba, com Enseada ao fundo |
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Praia de Ubatuba, com Enseada ao fundo |
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Rio em Enseada - com Ubatuba ao fundo |
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Praia de Enseada |
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Praia de Enseada |
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Praia de Enseada |
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Prainha |
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Prainha (Da. Silvia ao fundo, que ofereceu hospedagem para nós na região, se precisássemos) |
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Sambaqui, com vista para Praia Grande |
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Início da Praia Grande |
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Sambaqui |
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Estrada Enseada - Praia do Ervino |
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Estrada Enseada - Praia do Ervino |
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Estrada Enseada - Praia do Ervino |
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Estrada Enseada - Praia do Ervino |
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Estrada Enseada - Praia do Ervino |
Outro fator é o vento, que para variar estava contra; o sol
já começava a castigar também. Tudo isso é absolutamente compensado pela vista
do mar, das dunas que acompanham o passeio por um bom tempo; as ilhas ao longe
e a vegetação interessante.
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Estrada Enseada - Praia do Ervino |
Como não saímos muito cedo, e não tínhamos nem ideia de onde
iríamos parar para dormir, seguimos bem lento, curtindo mesmo, e paramos para
almoçar na praia do Ervino.
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Praia do Ervino |
Então chegou a hora de decidir por mais perrengues:
seguir quilômetros (mais de 30) pela estrada secundária, até a principal,
atravessar pela estrada o canal do Linguado, e depois voltar até Barra do Sul,
ou seguir por uma via de acesso em areia, por “apenas” cinco quilômetros?
Ocorre que a segunda opção exige duas tarefas: primeiro transpor o areão até o
canal, e, segundo, conseguir atravessar o canal do Linguado até Barra do Sul.
Escolhemos a segunda opção. Quando estivemos lá numa outra oportunidade,
fiquei preocupado em seguir esses cinco quilômetros e ter que voltar; resolvi
dar a volta (estava com a Carmo, a Lizandra e o Heron). Desta feita resolvi não
“amolecer” e enfrentar a estradinha. Uma loucura quando chega à trilha de
areia. Lembrei uma viagem que fiz com o Rubens no Nordeste, no Ceará, quando
também tivemos que passar um trecho desse tamanho por areias fofas e quentes.
Com certeza a Carmo foi quem mais sofreu; empurrar as bicicletas pesadas,
pisando com sandálias papetes as areias ferventes, não é moleza não...
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Estrada para a Barra do Canal do Linguado |
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Trilha de areia para a mesma barra |
Pensando bem, deveríamos ter ido pela praia mesmo,
independente das condições da areia, acredito que seria um pouco mais fácil.
Mas, enfim, chegamos à barra. Ali, mais um suspense. Apesar da pouca distância
para o outro lado, dando para ver as pessoas do outro lado, inclusive
Guardas-vidas, com uma lancha de borracha, não avistamos um barco sequer;
comecei a ficar preocupado e a apitar, fazendo gestos. De repente, avistamos um
barco de pescador vindo pelo nosso lado direito, para dentro do canal; não era
possível ver como era o barco, porque estava distante e seguia pela outra
margem. Quando chegou mais perto vi que era perfeito para nos atravessar;
apitei, eu e a Carmo gritamos, fizemos sinais com o braço, e o condutor nem se
mexia. Ao se aproximar da nossa linha de visão, ele simplesmente virou à sua
esquerda e veio em nossa direção; fiz sinal e apitei novamente, e ele fez
apenas um gesto, mas logo chegou do nosso lado e assentiu em nos atravessar.
Simples assim (rs).
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À beira da barra |
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Barra do Linguado - Barra do Sul |
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Travessia para Barra do Sul |
Durante a travessia perguntei ao pescador se ele estava de
passagem por ali, e ele prontamente respondeu que não, que avistou a gente e
logo se prontificou a ir ao nosso encontro. Disse que faz isso com certa
frequência, pois é comum pessoas a pé, ou de bicicleta, precisarem fazer essa
travessia. Já em terra firme, perguntei quanto era, e ele respondeu: - o que o
senhor achar justo; pode ser um trocado aí. Considerando tantas travessias que
fiz, em tantas outras vezes e em diversos lugares, dei R$ 10,00. Estou dizendo
o valor, porque um dia vocês talvez precisem dele, e ficam com a ideia do que é
justo. Na verdade nem eu sei se fui justo, ou até supervalorizei a tarefa. Ele
demonstrou satisfação.
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Travessia para Barra do Sul |
Agora era só seguir tranquilamente até Barra Velha.
Tranquilamente? Por quê? Não tem perrengue? É..., não pode ser tranquilo mesmo.
Vento contra; o calor e, principalmente, muita areia naquele trecho, deixaram o
passeio um pouco mais cansativo. A estradinha até que é bacana, já fizemos
outras vezes; é que estão trabalhando nela para asfaltar, e isso prejudicou um
pouco. De qualquer forma chegamos a Barra Velha quase no final da tarde, e
resolvemos parar por ali mesmo.
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Estrada de areia Barra do Sul - Barra Velha |
E as bicicletas, como estão? Nossas “29”, de alumínio, freio
a disco, estão bem, obrigado. Carregam-nos, ou nós as carregamos por aí, com
muita felicidade. Porém - e sempre tem um porém -, com muita areia que tomaram,
apesar de eu ter lavado bem quase todos os dias, algumas engrenagens ficam mais
sensíveis, como o cubo traseiro da minha, e o freio a disco traseiro da
bicicleta da Carmo. Passamos numa bicicletaria e demos uma ajeitadinha para
poder continuar numa boa. Apenas uma limpeza e um ajuste. Podia fazê-lo, mas
como estávamos numa cidade, procurei um profissional. Hora de descansar, porque
no outro dia tem mais.
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"Lagoa" de Barra Velha |
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Barra Velha |
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"Lagoa" de Barra Velha |
COSTA VERDE & MAR
O Estado de Santa Catarina é muito rico em belezas naturais,
e o trecho entre Barra Velha e Bombinhas é apenas mais um dentre esses lugares
maravilhosos. Já cruzamos de bicicleta essa região muitas vezes, principalmente
nos últimos 15 anos, mas nunca é demais voltar pra lá. Como estávamos seguindo
rumo sul, porque não descer mais um pouco, não é? E agora tem até nome
próprio... O circuito de cicloturismo inclui ainda os municípios de Camboriú,
Ilhota e Luis Alves, que não ficam beira mar, e que desta vez não fizemos.
Foi então que na quarta-feira, dia 11, deixamos Barra Velha e
seguimos em frente. É claro que pela costa e não pela BR 101. Passamos por
Itajuba, Praia do Grant e depois a grande e sossegada Piçarras. Logo cruzamos
toda a extensão de Piçarras para cruzar o portal de Penha, outro encantador
lugar, com praias muito lindas. Como já conhecíamos, e queríamos adiantar um
pouco mais, seguimos pela estrada mesmo, um pouco afastada do mar. Passamos
pelo Parque Beto Carrero World, mas não entramos; também já estivemos lá, e
embora seja bacana, agora não era a hora, hehe.
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Barra Velha |
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Barra Velha |
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Barra Velha |
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Chegando à Costa Verde & Mar |
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Piçarras |
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Piçarras |
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Piçarras |
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Piçarras |
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Piçarras |
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Rio Piçarras |
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Chegando ao Município de Penha |
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Estacionado na ciclo-faixa e ainda deu tchauzinho... |
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Na frente do Beto Carrero |
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Beto Carrero |
Também não subimos o morro para o mirante da Praia Vermelha,
mas aconselho a quem passar pela região; é muito linda a vista de lá. Na
sequencia chegamos à praia de Gravata, já no município de Navegantes. Pedalamos
pelo calçamento de madeira à beira da praia até onde deu, e a vista também é
linda; depois, para não seguir na contra mão, pegamos a rua paralela, fora da
visão do mar, para chegar até o centro da cidade e embarcar na balsa. No
caminho almoçamos em Meia Praia. Pois é, lá também tem uma praia pela metade
(rs).
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Chegando a Navagantes |
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Praia de Gravata, Navegantes |
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Meia Praia - Navegantes (deixando a marca no restaurante...) |
Fizemos a travessia rapidinho de Navegantes a Itajaí com a
balsa. Como a ideia é de sempre seguir pela praia, fomos em direção aos Molhes
da Barra e o Farol; a vista dali é linda, onde se vê a praia de Atalaia logo ao
lado, e Cabeçudas, mais à frente, local que passaríamos a seguir. Pegamos a
charmosa estradinha cheia de curvas em direção a Cabeçudas, onde fica a
estranha e interessante formação rochosa chamada “Bico do Papagaio”.
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Travessia de balsa Navegantes - Itajaí |
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Molhes da Barra - Itajaí |
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Molhes da Barra - Itajaí |
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Molhes da Barra - Itajaí |
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Molhes da Barra - Itajaí |
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Molhes da Barra - Itajaí |
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"Bico do Papagaio" |
Atravessamos o morro até a Praia Brava; passamos
desembarcados pela chamada “Lagoa da Brava” até chegarmos à Praia dos Amores e
ao morro que dá acesso a Balneário Camboriú. Esses trechos de praia, que
antigamente eram pacatos e com poucas construções, agora se vêm cercados por
grandes condomínios, prédios altos e tudo o mais. É o “progresso”...
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Cabeçudas - Praia Brava |
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Vista de Balneário a partir da Praia Brava |
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Praia Brava |
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"Lagoa da Brava" com Balneário ao fundo |
Do alto do morro a paisagem é belíssima da cidade de
Balneário Camboriú, embora seja a visão de prédios, kkkk. O contraste entre os
prédios e o mar, mais o verde das montanhas ao fundo, até que é bonito mesmo.
Atravessamos toda a orla, da barra norte à barra sul. No extremo atravessamos o
rio Camboriú com um barquinho público, sem pagar nada; tudo para não ter que
dar a volta pela estrada, para pegar o acesso ao Inter Praias.
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Último morro para chegar a Balneário Camboriú |
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Descendo... |
De Itapema até Bombas, no município de Bombinhas, são poucos
quilômetros a percorrer. Fizemos primeiro a extensão da areia da praia,
passando por Meia Praia, já por ciclovias, até chegar ao rio Pereque; do outro
lado do rio fica a praia do mesmo nome, pertencente ao município de Porto Belo.
Ali cruzamos com um casal de ciclistas, que passeava pela região; tratava-se do
Leandro e da Sueli, que exploravam o lugar, e embora morassem por lá,
confessaram que tinham muito a conhecer. Cheguei a perguntar sobre a trilha de
Zimbros, que nos interessava, mas eles não conheciam. Deixei nosso cartão do
blog Curtindo a Vida de Bicicleta, e eles ficaram de manter contato.
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Meia Praia - Itapema |
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Meia Praia - Itapema |
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Meia Praia - Itapema |
Mais um pouco, agora já passando perto do centro de Porto
Belo, encontramos outro ciclista, o César Cintra; um pernambucano radicado
naquela região, e que tem uma boa experiência em viagens de cicloturismo. Falei
com ele também sobre a trilha, e ele disse conhecer sim, que teria feito três
vezes, pelo menos, mas não sabia como era o estado dela no momento; se era
possível percorrê-la completamente. Peguei seu telefone, para talvez contatá-lo
no dia seguinte para pedalarmos juntos.
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Porto Belo |
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Araça |
Passamos o resto do dia apenas descansando, curtindo a beleza
e o sossego da praia de Bombas onde nos hospedamos, e que por ser “baixa
estação”, os preços estavam mais em conta e tinha apenas um pouco de movimento
de turistas argentinos.
TRILHA COSTEIRA DE
ZIMBROS
Deixamos a sexta-feira 13 para fazer a trilha Costeira de
Zimbros. Enrolamos um pouco na saída, com certa preguiça, e deixamos a pousada
apenas por volta das dez horas. Um erro, é claro, para quem vai fazer trilha,
com sol de verão a pino. Descobrimos isso na pele logo em seguida. Acabei não
ligando para o César.
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Zimbros |
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Zimbros |
De Bombas até Zimbros, no local onde começa a trilha, foram
apenas 8 km, por estrada de asfalto.
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Zimbros |
Pegamos a praia, já no seu final. Antes
perguntei a pescadores sobre o estado da trilha, e a resposta foi aquela que eu
imaginava: com o movimento de verão, muita gente passou por lá, e a trilha
estava “batida”, sem problemas para se locomover. Era uma meia verdade, se é
que dá para se expressar assim. Na “boca” da trilha ainda conversei mais uma
vez com banhistas, e uma senhora confirmou que a trilha estava boa, mas não
acreditava ser possível fazer com as bicicletas.
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Início da |
Os primeiros metros fazem você pensar que é tranquilo, mas... Não demora muito e começam os perrengues, na forma de subidas com a trilha em
barro, às vezes úmido, com rachaduras típicas daquelas feitas por motos; e
foram feitas por motos sim. Ninguém na trilha além de mim e da Carmo. Aliás,
uma cadelinha branca, uma mistura de Pit Bull com Dálmata (é claro que não era,
mas só parecia – não dava para reconhecer uma raça), desde o início da trilha
passou a nos acompanhar. Ia sempre à frente, demonstrando conhecê-la bem;
praticamente serviu de guia e companheira para nós, o que abrilhantou ainda
mais o passeio.
Passo a chamá-la de Guia
Como eu ia dizendo, a trilha era difícil mesmo, nenhuma
chance para pedalar; carregar as bicicletas era uma necessidade apenas porque
sabíamos que iríamos utilizá-las para retornar por estradas até Bombas, caso
contrário... Mas o contato direto com a natureza, as praias isoladas que
apareciam de tanto em tanto tempo, fez com que esquecêssemos um pouco os
perrengues que passávamos. Primeiro a praia do Cardoso, a 500 metros do início,
e com cerca de 300 metros de extensão. Mais 350 metros e chegamos à Praia da
Lagoa, praticamente do mesmo tamanho que a anterior, e tão bonito quanto.
Pouco mais de um quilômetro para chegar à Praia Triste;
pequena (pouco mais de 200 metros de extensão), mas também bela como as outras.
E mais um quilômetro e chegamos à praia Vermelha, a maior de todas, com 620
metros de extensão. Lá tem uma casa de pescador, pastagem, uma figueira
imponente e um pequeno lago (na verdade um rio, mas que fica represado conforme
a maré). Cerca de 800 metros depois, mais uma praia, a da Ponta Grande, onde
também há casa de pescadores, e é bem pequena, com pouco mais de 100 metros.
Um trecho mais longo até a próxima praia nos esperava, porém,
para nossa surpresa, era o mais fácil, digamos assim, pois a trilha deu espaço
a uma espécie de estradinha de chão; em péssimas condições para veículos na
maior parte, mas muito melhor para trafegar de bicicleta, e então pudemos,
enfim, pedalar um pouco. Foram 2 km até a última prainha, a do Cangua, segundo
um morador de Porto Belo que encontrei depois. Próxima 1 km do final da trilha,
em Santa Luzia, o local acabou por nos proporcionar o primeiro encontro com
pessoas; um pai com seus dois filhos pequenos chegavam à praia naquele momento,
a pé, com varas de pescar à mão...
Durante a travessia da trilha, que levou mais de três horas
para percorrer seus 9 km, havia pequenos rios, ou nascentes, com bicas para
apanhar água. Em uma delas a Guia foi tomar seu banho delicioso. Apesar da
dificuldade, vale à pena percorrer essa trilha. Praias desertas, e todas com um
riosinho chegando nelas; tem uma cachoeira também, mas é preciso subir o morro
por cerca de 800 metros; vista maravilhosa para Zimbros ou para Tijucas e
Governador Celso Ramos. Com certeza sem as bicicletas é mais fácil e mais rápido,
mas para quem é ciclista sabe que às vezes a gente precisa enfrentar esses
perrengues.
A trilha acaba como disse, no bairro Santa Luzia, onde
almoçamos. Servimos um pouco de nossa refeição à Guia. A Guia ficou o tempo
todo à nossa espera, e quando pegamos a estrada, agora asfaltada, para Porto
Belo, voltando para Bombas, ela voltou a nos acompanhar. Com pena, pedi à Carmo
para pedalar bem devagarzinho, mas mesmo assim era muito para um cachorro, que
demonstrava cansaço, com a língua pendurada. Tivemos que parar para consertar o
pneu da bicicleta da Carmo, e a Guia aproveitou para procurar água. Achou. Na
verdade achou um alagado, esverdeado, composto por muito estrume de vaca; ela saiu
de lá toda suja e muito fedida.
Sabia que ela precisava de um banho, e resolvi parar no
início da praia central de Porto Belo. Imediatamente ela nos deixou e foi para
o mar se banhar; certamente ela sabia que estava fedida. Voltamos para a
estrada; subimos o paredão que acessa o município de Bombinhas, para chegar a
Bombas. E a Guia atrás. Paramos defronte à Pousada e nos despedimos; seguimos
pelo corredor e olhando para trás ficou a imagem dela, sentada e olhando com
aquela carinha de cachorro que caiu da mudança... Nos fundos do terreno tem a
entrada para os quartos e um bom espaço, inclusive com uma pequena piscina.
Entramos no nosso quarto, mas tivemos que sair em seguida, pois a Guia estava
dentro do terreno a nos procurar.
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Porto Belo |
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Porto Belo |
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Bombas |
Ficou feliz em me ver, mas acompanhei-a até o portão da
frente, que estava fechado. Percebi que ela havia pulado o muro lateral. Fiquei
para o lado de dentro e ela para fora; ela foi ao terreno baldio ao lado e
tentou pular o muro (confirmado!). Não deixei. Voltamos para dentro; logo a
guia estava lá de novo. Eu e a Carmo tivemos a mesma ideia, praticamente
juntos: o jeito era conduzir a Guia até Zimbros, para perto da trilha, onde a
encontramos.
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O cão "Guia" |
Lá fui eu até Zimbros novamente, de bicicleta; a Guia atrás é
claro. Já perto da região comecei a perguntar para a garotada e pessoas locais,
se conheciam o cachorro, que estava com uma coleira de couro, mas ninguém sabia
de nada. Já bem perto ainda tentei mais contato; algumas pessoas no comércio
que parei tentaram ajudar; deram água para a Guia. Chegaram a dizer que a Guia
havia me escolhido e eu poderia ficar com ela... Assim que a Guia se distraiu
um pouco, fiz uma manobra rápida para voltar e parti em velocidade. A Guia
percebeu e me seguiu por instantes. Ela estava cansada, e não tinha chance com
a minha velocidade. Dei uma última olhada e já não avistava mais ela. Fiquei
com o coração apertado... Tomara que ela tenha encontrado seu dono ou outra
pessoa local que a adotasse.
ÚLTIMAS PEDALADAS
Pensamos em voltar para casa. Pedalando teríamos que subir a
BR 376, que não é nada “romântica”; já fiz isso algumas vezes, mas a Carmo não,
e não queria arriscar. Fiz consulta na internet com empresas de ônibus, e tinha
passagem de Bombinhas para Curitiba no domingo, às 16:00. Disse pra Carmo que poderíamos
seguir mais em frente, em direção a Curitiba, pedalando, e depois pegar um
ônibus; ela topou.
No domingo pela manhã deixamos Bombas e seguimos para a
estrada. Tudo tranquilo, mas por duas vezes tive que consertar o pneu da
bicicleta da Carmo. Aliás, até ali só ocorreu isso com a bicicleta dela. Nada
de mais, é claro. Retorno tranquilo, tempo bom, sem chuva, sem muito vento,
enfim, muito bom para pedalar. Cruzamos o túnel sob o Morro do Boi, passamos
por Balneário, Itajaí, Penha, Piçarras, tudo pela estrada; não seguimos pela
costa como na vinda. Pouco depois de Piçarras senti que o pneu da frente da
minha bicicleta estava furado. Como esvaziava pouco, parava de quilômetro em
quilômetro para encher, afinal estávamos perto de Barra Velha, era cedo ainda,
e de lá escolhemos para pegar o ônibus para Curitiba.
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Deixando Bombas |
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Vista de Bombas |
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Saída do túnel sob o morro do Boi |
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Vista de Balneário Camboriú, a partir da saída do túnel |
Deu certo. Rodamos 79 km
nesse dia. Pegamos o ônibus às 16h50m e chegamos bem à nossa casa no começo da
noite. Resultado da “brincadeira”: mais de 650 km percorridos em duas semanas.
Lugares já conhecidos nossos, mas sempre encantadores, que valem à pena
retornar sempre. Momentos de paz, liberdade, sossego e tantos outros benefícios
para o corpo e para a alma.
Bom dia amigos,moro em Registro,meu nome é Cláudio,adorei ver suas aventuras pelo litoral sul brasileiro,eu sou fã das bikes,de pessoas como vocês que valorizam essa alegria,esses momentos...parabéns!!!
ResponderExcluirOlá amigos, primeiramente agradeço pelas enriquecedoras dicas. Já fiz um trajeto de Curitiba à Florianópolis e passei por quase todos os destinos. Com excessão de Zimbros, que quero muito fazer. Alguma chance de fazer a trilha com bagagem? Para continuar a viagem à partir de Tijucas? E sobre acampamento selvagem, alguma chance de armar a barraca em alguma praia. Obviamente sem fogueiras e depredação do meio ambiente. Um abraço.
ResponderExcluirParabéns! E que força de vontade! Pedalo 2 km e minha bunda não aguenta...imagina 650 km!!!!
ResponderExcluirMuita coragem e determinação!
Moro em Zimbros Bombinhas.
Abraços!
Obrigado. Viajar de bicicleta é muito legal, e por Santa Catarina então… a sua região é linda. Abraços
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