WITTENBERG – BELGERN
Tentamos, mas não conseguimos levantar cedo nessa manhã de sábado, dia 22 de setembro, e partimos em direção a Dresden somente depois das nove.
Como não tínhamos um mapa ciclo-viário da região (a Carmo brigou comigo porque não comprei), tivemos um pouco de dificuldade para localizar a ciclovia do rio Elba. Chegamos a atravessar uma linda ponte sobre o rio, mas percebemos que a direção não era aquela. Depois de perguntar a um ciclista, enfim tomamos o rumo certo. É preciso ficar atento às placas de sinalização (setas verdes), indicando a direção.
Fiz uma previsão de 120 km até Dresden, percorrendo o rio no Google, mas descobri na prática, que a quilometragem era muito maior, pois seguindo a ciclovia, ela faz um zig-zag danado, pior que o do rio. No primeiro trecho, de 50 km, por exemplo, pela rodovia seriam apenas 30 km.
Confesso que ficamos um pouco decepcionados com o rio. O percurso de bike não é tão excepcional. Pra quem já andou pelo rio Reno, este fica devendo um pouco. Soubemos em Wittenberg, que mais abaixo no rio, depois daquela cidade, justamente no sentido contrário do qual escolhemos, existem vários castelos, um mais bonito que outro, e infelizmente desse outro lado não tem nada, apenas algumas vilas e pequenas cidades. Outro fato, é que por apenas algumas vezes pedalamos à beira do rio, pois a maior parte do tempo a ciclovia era mais afastada.
Mas é claro que não tirou nosso ânimo, e nem o prazer de pedalar. Ruim mesmo foi enfrentar o frio. O dia amanheceu com sol, mas muito vento; a sensação térmica era perto de cinco graus. Chegou a chuviscar perto da hora do almoço, e a tarde o sol apareceu mais. Esse vento lembrava um pouco o Minuano, do Rio Grande do Sul, ou os Alísios do Nordeste, que sopra forte a partir de agosto/setembro de Fortaleza, no Ceará, para São Luis, no Maranhão; experiência sentida no CEPIMAPA (ver o blog).
Como a ciclovia ia de um lado para outro, em certos momentos pedalávamos a 30/35 p/hora, a favor; em outras a 8/12 p/hora, quando as rajadas eram maiores e contrárias.
Almoçamos em Dommitzsch, no único restaurante aberto, que era turco. A comida foi boa, e de certa forma barata, pois foram 14 euros, com bebidas. O prato se chama Döner Teller, e é servido com salada, podendo escolher entre carne e frango, ambos ficam naquele espeto tradicional turco (Kebap). É preciso dizer que a maior parte das cidades, talvez por ser sábado, estavam completamente deserta.
No caminho passamos por Elster, Godstorf, Schützberg, Kloden, Kleindroben, Mauken e Pretzsch, quando atravessamos de balsa para o outro lado do rio, na margem esquerda, a única mudança de lado até aqui. Depois do almoço em Dommitzsch, ainda passamos por Drebligar, Mockritz, Döbern, Repitz e Torgau, talvez a maior de todas. Depois ainda Lobwig, Bennewitz e, por último, Belgern.
Como disse no início, a previsão era de 120 km até Dresden. Pois é, já eram cinco da tarde, e tínhamos feito 94 km. Em Belgern medimos a distância até Dresden, e percebemos que ainda tínhamos mais de 70km, na verdade 85 km para ser mais exato. Nesse momento lembrei de um senhor alemão, muito simpático, que vinha no sentido contrário, na região de Torgau, e parou com a sua bicicleta para conversar. Disse para nós que éramos muito fortes, por termos feito toda aquela distância até ali, em apenas dois dias, mas quando falei que iríamos até Dresden, ele disse que não conseguiríamos, que ia entardecer e não dava. Não deu. É bom salientar que ele não foi o primeiro a se surpreender com a distância que fizemos, pois apesar de todo mundo pedalar por aqui, eles não costumam fazer distâncias muito longas num único dia.
Em toda extensão da ciclovia, em praticamente todos os lugares há pensões, albergues e demais locais para repouso, posto que o número de cicloturistas é grande; mas não nesta época do ano. É bom por um lado, porque a gente pode encontrar maior facilidade de quarto vago, mas falta um pouco do contato com outros cicloturistas. Essa interação é muito bacana. Até agora vimos poucos. Para me contrariar, nessa cidade de Belgern, apesar da quantidade de propaganda de Hotel e Pensões, não havia nada aberto, a cidade parecia fantasma. Apertamos o botão de uma delas, e um simpático senhor nos atendeu, mostrou o que estava escrito na porta, nos fazendo entender que estava fechado, fazendo um gesto com os braços, como se fosse uma ave, indicando que iria “voar” para outra cidade. Mas ele, muito solícito, pegou o telefone sem fio, e na nossa frente, ligou para outros lugares, conseguindo uma pensão na saída sul da pequena cidade, e ainda buscou sua bicicleta e nos guiou até lá. Muito bom isso. Fomos bem acolhidos na casa da família dona da casa, que em alemão chamam de “Privatzimmer-vermietung Theile”. Caso algum dia alguém precisar dormir na região, tá recomendado; fica na Mühlberger Strabe 29.
Jantamos cedo no único restaurante aberto, e logo voltamos para um longo e revigorante sono, pois o dia seguinte prometia.
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