DELTA DO PARNAÍBA
01 de setembro de 2014
A aventura iria continuar agora pelas águas do delta do rio
Parnaíba. Mas nem deixamos a Pousada e já tínhamos um pneu furado, do
Nascimento. Nenhum problema para o experiente ciclista; logo seguimos em
direção ao Porto de Tatus, na Ilha Grande, cerca de 17 km do Hotel. Estávamos
um pouco atrasados para o embarque, que estava agendado para as oito horas, mas
era preciso passar numa panificadora abastecer o grupo de sanduíches e outros
alimentos, pois a jornada de barco seria longa, com certeza.
Chegamos ao pequeno porto e já encontramos nosso barqueiro,
que nos aguardava. Compramos mais alguma coisa no mercadinho local, inclusive
um pouco de cerveja, é claro, e refrigerantes. O barqueiro emprestou duas
térmicas, que garantiram o privilégio de manter as bebidas bem geladas.
Navegar é preciso... E lá fomos nós delta adentro. O Delta é
impressionantemente grande; composto por dezenas de ilhas, entre algumas a
Canárias, Sta. Cruz, Manguinho, Barracoa, etc... e também algumas baías: de
Luiz Correia; das Canárias; do Feijão Bravo; do Parnaíba; do Cajú; da
Melancieira e de Tutóia. No começo seguimos por águas doces dos rios, através
de igarapés, depois passamos pelo próprio rio Parnaíba, para então chegarmos às
águas salgadas do mar.
Durante o trajeto, num trecho estreito, o barqueiro e seu
ajudante avistaram movimento na mata ciliar, e alguns macacos bugios fizeram a
alegria da turma, quando o barco se aproximou da margem e desligou o motor.
Alguns instantes de contato com o mundo dos animais silvestres da região.
Alegria maior sentimos quando aportamos numa parte da Ilha das Canárias, no
lugar chamado Caiçara, pois longas e altas dunas de areias claras e macias, se
debruçam sobre o Delta, num lugar deserto e de contraste com as águas e a mata
ao longe. Desembarcamos para um breve passeio pelas dunas, e banho nas águas
transparentes e refrescantes do delta. Lanchamos no barco, único local com
sombra, e seguimos viagem.
Algumas comunidades começaram a aparecer ao longe, nas ilhas,
até avistarmos Tutóia, já no estado do Maranhão. Avistamos, mas demoramos ainda
a chegar. Desembarcamos no trapiche, e nem percorremos muito a cidade,
procurando desde logo o caminho de saída para Paulino Neves. No ano anterior,
dormimos por ali mesmo e depois seguimos. Tínhamos que consertar uma das
bicicletas. Desta vez preferi seguir o cronograma e dormir em Paulino Neves,
porém não tinha certeza de existir abrigo na pequena cidade. Já havia me
hospedado por lá em expedições anteriores, mas em 2013, ao passar por lá, soube
que a única pousada estava nas mãos de trabalhadores de uma empresa.
Como tudo corria muito bem, num posto de gasolina, na saída
da cidade de Tutóia, onde paramos para comprar água e ir ao banheiro, encontrei
o Fernando, funcionário da empresa telefônica “Oi”, que disse que iria para
Tutóia e conhecia uma Pousada lá. Prontificou-se a ligar e em poucos minutos eu
já tinha a certeza de hospedagem. Fica registrado aqui nosso agradecimento à
gentileza do Fernando.
Já era tarde e precisávamos “correr”; gostaria que a turma
desfrutasse do por do sol em Paulino Neves, junto às dunas dos Pequenos Lençóis
Maranhenses. O percurso até lá é de aproximadamente 30 km, em estrada asfaltada
há três anos, mas já desgastada. Lembro que antes era formada por um areão, e
precisava de um carro Toyota 4X4 para chegar. No trajeto passamos por diversos
povoados, como Alto Alegre, Lagoinha, Dendê, Santa Luzia dos Mendes, Seriema,
entre outros.
Ao chegarmos já corremos para a Pousada, deixamos nossas
bagagens e as bicicletas e fomos logo às dunas, que ficam pelo menos três
quilômetros da vila. Andar depressa pelas ruas de areia fofa não é nada fácil,
mas era preciso adiantar os passos, porque já víamos o sol se pondo
rapidamente. Conseguimos! Exaustos mas felizes, ficamos maravilhados com mais
um espetáculo da natureza, no meio de dunas, lagos e por do sol. Fantástico!
Voltamos para a Pousada, tomamos um bom banho e fomos comer alguma coisa.
A estrela brilhou novamente neste momento. Encontrei um guia
turístico local, que agilizou e negociou pra mim um barco voadeira para
subirmos o rio Preguiças até Barreirinhas, partindo de Caburé no dia seguinte.
Pensei em ganhar um dia na programação, pois a previsão era de dormir naquele
belo lugar. Já tinha, então, garantido a sequencia do passeio, sem sustos.
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