COSTA DO DESCOBRIMENTO, COSTA DAS BALEIAS, COSTA DOURADA, COSTA VERDE E BELA, OS PASSOS DE ANCHIETA, COSTA DO SOL E RIO DE JANEIRO
– De Cumuruxatiba a Alcobaça (17 de maio de 2015)
A aventura continua. Nesse ponto, duas rotas se misturam: a do Descobrimento e a das Baleias. A Costa das Baleias é assim considerada, em razão do grande número de baleias, principalmente as Jubarte, que a partir do mês de agosto, após deixarem as águas frias da Antártida, chegam à região para acasalar e reproduzir, aproveitando-se das águas quentes e rasas.
Certamente foi o melhor dia para
pedalar, tanto pelas belezas naturais do caminho, como pelo clima e estradas.
Deixamos a pousada Bella Cumuru (uma boa relação custo/benefício) por volta das oito e trinta da manhã. O sol já brilhava alto, depois de uma noite de muita chuva; uma boa surpresa para nós.
Rapidamente chegamos à areia da
praia de Cumuruxatiba e percebemos a maré muito baixa; era a dica para seguir
por ali e não pela estrada de chão que segue por cima das falésias (litorânea).
O melhor era perguntar a quem entende: um pescador. Logo encontramos um, que confirmou a possibilidade de seguir pela areia; disse que até as onze dava para seguir, mas depois ficaria complicado passar pelas falésias.
Então seguimos felizes, mas
somente até o final da vila, justamente onde começa a estrada. Percebemos que
embora a maré estivesse baixa, a areia da praia estava muito fofa; além disso,
seriam algumas pedras e pequenos rios para cruzar. Ao longe, vindo do sul à
nossa frente, nuvem pesada de chuva.
Decidimos pegar a estrada. Pedalamos por 16 km, quando vimos uma brecha na falésia, numa baixada, e fomos até a areia.
Decidimos pegar a estrada. Pedalamos por 16 km, quando vimos uma brecha na falésia, numa baixada, e fomos até a areia.
Fruta enfeite |
Trecho belíssimo de falésias, que
variavam de uma cor avermelhada para a cinza; altos paredões que enchiam nossos
olhos com seu esplendor. A areia estava dura e era larga. Voltamos a pedalar
por ali. Conseguiríamos ir mais rápido, mesmo com o vento contra, e também
fugiríamos do sobe e desce lá da estrada de chão, que estava bem deteriorada.
Dava para ver a cidade do Prado lá na frente, no final dos paredões.
Foram 10 km de muitas emoções. Perto da cidade tivemos que abortar e voltar para estrada, pois a maré subiu rápido; mas daí era tudo plano e lisinho; sem problemas. A chuva que ameaçou, não caiu naquele momento, e chegamos secos no centro da cidade do Prado.
Comemos uma gostosa moqueca no
restaurante Neo Ciserone, ao lado da igreja de Nossa Senhora da Purificação.
Depois, de sobremesa, um delicioso copo de açaí com banana e creme de cupuaçu (só de escrever isso me deu vontade de comer mais...). Na sorveteria fizemos amizade com a jovem Daniele Thomy, que estava com sua família; contamos nossa aventura, o que despertou muita curiosidade. Partimos para nosso destino do dia: Alcobaça, outra cidade do litoral sul da Bahia, junto à praia.
Depois, de sobremesa, um delicioso copo de açaí com banana e creme de cupuaçu (só de escrever isso me deu vontade de comer mais...). Na sorveteria fizemos amizade com a jovem Daniele Thomy, que estava com sua família; contamos nossa aventura, o que despertou muita curiosidade. Partimos para nosso destino do dia: Alcobaça, outra cidade do litoral sul da Bahia, junto à praia.
Agora pegamos apenas asfalto, 27
km, mas segundo a Carmo, foram 60 km, devido à força para transpor o forte
vento sul. Preciso abrir um parênteses sobre o vento. Pensei em fazer este
passeio do Rio para Porto Seguro, mas conversando com o amigo Capitão Nascimento,
que tinha vontade também de participar da trupe, mas acabou não podendo,
lembrei que em outra oportunidade, nessa região, nessa mesma época, peguei um
vento nordeste (contra) o tempo todo, quando seguia de Vitória a Salvador.
Assim, seguindo a sugestão do Nascimento, resolvi fazer o inverso. Agora o
vento sul bate forte há dias, e tem previsão de ficar mais uns por aqui...
Fecha parênteses.
A vantagem desse trecho foi o
fato de ser praticamente plano, mas com curvas suaves, que deixavam o vento variando
bastante e facilitando as pedaladas. Até a chuva que caiu forte boa parte do
tempo só deixou a situação melhor, pois refrescou.
Na rótula da entrada da cidade, encontramos com um grupo de ciclistas, que vinham em sentido contrário. Tinham apoio, eram do Prado, e tinham realizado um passeio de lá até Mucuri, na Bahia (onde passaríamos depois), ida e volta, cruzando a estrada do Boi. Encontro rápido, sem fotos devido à chuva. No restaurante, no Prado, já haviam comentado sobre esse grupo e, coincidentemente, encontramos.
Na rótula da entrada da cidade, encontramos com um grupo de ciclistas, que vinham em sentido contrário. Tinham apoio, eram do Prado, e tinham realizado um passeio de lá até Mucuri, na Bahia (onde passaríamos depois), ida e volta, cruzando a estrada do Boi. Encontro rápido, sem fotos devido à chuva. No restaurante, no Prado, já haviam comentado sobre esse grupo e, coincidentemente, encontramos.
Chegamos por volta das quatro da
tarde, com tempo suficiente para encontrar a Pousada Girassol, do Cristian e
Fabiana, pais do pequeno João Lucas, de quatro anos, que nos fez lembrar na
hora, de nossas netinhas de idade similar. A pousada, que fica próxima ao farol
e da praia, é simples, mas aconchegante; tem tudo do que a gente precisa,
inclusive um bom terreno que aproveitamos para lavar nossas companheiras
bicicletas, que hoje novamente enfrentaram a água do mar. Deixaram-nos à
vontade e ainda a Fabiana preparou um gostoso jantar para nós. Perfeito!
- De Alcobaça para Mucuri (18 de maio)
De antemão sabíamos que teríamos que
enfrentar alguns perrengues. Primeiro por causa do tempo, que estava nublado, e
a previsão era de chuva; segundo, porque para chegar a Mucuri pelo litoral,
seria preciso transpor uma grande barra, somente de barco, e não existe linha
de barco de Caravelas, de um lado, para Nova Viçosa, do outro.
Em 2005, eu e a Carmo já havíamos
passado de bicicleta pela região, quando do nosso passeio de Vitória a
Salvador. Quando chegamos a Nova Viçosa pediram muito caro para atravessar e
resolvemos fazer o trajeto de ônibus, seguindo até uma cidade maior junto à BR
101, longe do mar. Isso fez, na época, que perdêssemos um longo trecho de
praia, que incluiu praticamente tudo isso que fizemos nestes últimos dias.
Acordamos cedo, tomamos um belo de um café, e partimos para a estrada (antes passamos pelo Farol e a praia de Alcobaça, conforme as fotos acima demonstram); só asfalto até Caravelas, por cerca de 35 km. Apanhamos chuva sim, e forte; pegamos vento contra sim, mas o percurso era plano e asfaltado, não sendo muito difícil transpô-lo. Os últimos 11 km foram feitos em asfalto novinho.
Ao chegarmos a Caravelas, fomos logo tentando contatos para a travessia de barco. Falamos com um, com outro, mais outro, e a única proposta que recebemos foi indecorosa para nossos planos: R$ 300,00.
Caravelas |
Caravelas |
Partimos para o plano “B”, que acabamos de criar (rs). Fomos até a Rodoviária da pequena cidade, e resolvemos dar a volta pela barra do rio Itanhém, num percurso de aproximadamente 170 km, de ônibus mesmo.
É da cidade de Caravelas que saem os
principais barcos para o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. O Parque, criado
em 1983, fica a 70 km da costa. Protege a região com maior biodiversidade
marinha do Atlântico Sul, e recebe anualmente as baleias Jubarte, que
aproveitam as águas quentes e rasas para se acasalar e reproduzir.
Lá tem os chamados “chapeirões”, que
são colunas coralíneas que crescem sobre o fundo do oceano em forma de cogumelo
e podem alcançar mais de 20 metros de altura e cerca de 50 metros de diâmetro
no topo. Esses chapeirões são únicos no mundo.
No Abrolhos tem muitos naufrágios,
com inúmeras embarcações catalogadas. Muitas estão abertas para visitação em
mergulhos lindos, com uma rica vida marinha. Existem várias opções de mergulho,
com recifes de corais extremamente conservados, imensos e coloridos; grande
quantidade de peixes e outros animais marinhos. As aves como os Atobás,
grazinas e outras vindas do continente, também deixam os Abrolhos ainda mais
espetacular.
Infelizmente não foi desta vez que
conhecemos Abrolhos, mas a vontade continua. A época não é propícia e o custo é
muito alto.
Com as passagens na mão, e tempo
suficiente até a partida, às 13:30, fomos almoçar no melhor (único) restaurante
do lugar. Demos uma volta pelo centro histórico e embarcamos. A proposta do
ônibus era a seguinte: seguia até Juerana; de lá pegaríamos outro da mesma empresa,
com saída prevista para 16:30, com destino a Posto da Mata (na rótula da BR
101) de onde deveríamos pegar outro ônibus, também da mesma empresa, oriundo de
Teixeira de Freitas, e que seguiria até nosso destino, Mucuri, novamente no
litoral, perto de Nova Viçosa (ufa!).
O ônibus era relativamente pequeno,
mas as bicicletas couberam no bagageiro sem precisar desmontar tudo. O cobrador
do ônibus (pinga-pinga) ainda disse que não iria cobrar o transporte delas,
pois normalmente cobrariam por “excesso de bagagem”. Levou uma hora para chegar
a Juerana, depois de percorrer pouco mais de 50 km, entrando de vila em vila.
Juerana é bem pequenininha, e não
tinha nada pra fazer lá. Perguntamos no barzinho do ponto de ônibus, se o das
dezesseis horas chegaria na hora certa, quando fomos avisados que nessa época,
em função das chuvas, dificilmente cumpriria horário.
Foi aí que tivemos a ideia de seguir pedalando até Posto da Mata.
Perto das três partimos para a estrada; pouco movimento e acostamento que parecia uma ciclovia, das boas. Resultado: chegamos com o por do sol, antes das cinco e meia da tarde, bem antes do ônibus, que chegou por lá por volta das dezoito e trinta, quase na hora da partida do próximo, das dezenove, que embarcamos para Mucuri.
Juerana |
Juerana |
Foi aí que tivemos a ideia de seguir pedalando até Posto da Mata.
Perto das três partimos para a estrada; pouco movimento e acostamento que parecia uma ciclovia, das boas. Resultado: chegamos com o por do sol, antes das cinco e meia da tarde, bem antes do ônibus, que chegou por lá por volta das dezoito e trinta, quase na hora da partida do próximo, das dezenove, que embarcamos para Mucuri.
Relaxamos no ônibus confortável e mais novo, que nos deixou na rua principal da cidade, que não tem Rodoviária. Na soma, foram 73 km pedalados no dia. Sossegado.
É. A pedalada foi sossegada até, mas
no final do dia ainda sobrou tempo para um suspense: não havia vagas nas
pousadas e hotéis da cidade, porque estava havendo um evento da empresa Suzano,
uma reflorestadora, que reunia muitos dos seus funcionários. Depois de rodar um
pouco, conseguimos abrigo no Hotel Sul Americano, no centrinho da vila. Ufa! O
dia estava acabando; foi longo...
SEN-SA-CIO-NAL !!
ResponderExcluirValeu Donato! Obrigado
ExcluirMaravilhoso... Adoreii!! Que delicia foi ler a aventura de vcs fiquei ate triste quando acabou...estava tão entretida lendo que eu já estava dentro da história...parecia que eu estava lá...que maravilhaaaaa.. Deve ter sido maravilhoso. Parabéns pra vcs pela coragem.. Força de vontade...e determinação... Vcs mostram com isso que tudo é possível quando se quer..basta ir. Exemplo..bike..curtindo o ar livre..ares diferentes...conhecendo lugar por lugar... Encanto por encanto. Degustando novos sabores. Pessoas. Culturas. Tudo ne?! Estou encantada. Vcs são de mais. Abração e aguardo maiiiissss....
ResponderExcluirObrigado Maria Eduarda. Realmente é tudo isso mesmo, e mais. Tem que contar também a ótima companhia de seu pai, é claro; super companheiro e prestativo, e que também soube aproveitar tudo que o caminho nos ofereceu. Abração.
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