- De Mucuri a Itaúnas (19 de maio)
Até dá para sair de Mucuri em direção ao Espírito Santo por
estradas asfaltadas, mas essa opção além de ser menos atraente, é mais longe e
fica afastada do litoral, a nossa prioridade. Saímos cedo em direção ao pequeno
porto municipal junto ao rio Mucuri. Sabíamos de antemão que haveria alguém com
barco para atravessar. O barco estava lá, mas seu dono não. Logo o senhor Zé
Leite chegou e embarcamos. Junto outro senhor aproveitava para levar uma caixa para
o outro lado.
A travessia levou cerca de dez minutos, pois apesar de não
ser tão longe, o motor do barco era fraquinho. Já no outro lado desembarcamos,
e antes de dizer adeus ao Zé Leite, pedimos o seu telefone para contato, pois
talvez algum dia pudéssemos precisar; só não sabíamos que logo ele teria uma
serventia...
O outro homem desceu junto, e perguntamos como faria para
seguir com aquela caixa grande, pois não havia qualquer vila pelas redondezas.
Ele respondeu que iria com seu veículo que estava estacionado mais à frente.
Enquanto recolocávamos os alforjes nas bicicletas, escutamos o motor de uma
moto saindo em meio aos arbustos; era aquele senhor. Apesar de alguma lama, a estradinha
estava boa e conseguimos desempenhar mais ou menos; o que dificultava ainda era
o vento. Mais à frente percebemos a moto daquele senhor parada na frente de uma
chácara (ele deveria estar dentro da casa, pois não o vimos).
Aquela região é de reflorestamento de eucaliptos, e embora
não seja uma planta nativa, o seu enfileiramento acaba por deixar uma paisagem
muito bonita. Alguns quilômetros depois chegamos a uma pequena vila,
Cruzelândia. Ali havia uma bifurcação. Perguntando para moradores, deram
certeza que para seguir até a Costa Dourada, no litoral, deveríamos pegar à
esquerda. Uma senhora ainda disse: - Lá tem muitas estradas...
Já estávamos saindo quando aquele senhor, de moto, passou por
nós e seguiu tranquilamente pela direita. Fiquei meio encasquetado, mas acabei
seguindo pela esquerda. Pedalamos, pedalamos; reflorestamento, reflorestamento;
direita, direita; esquerda, esquerda... Em determinado momento começamos a
seguir algumas setas pretas, num cartaz branco pequeno, presas em árvores
(parecia a estrada principal). Como era de manhã, não conseguíamos entender
muito a posição do sol no céu, mas continuávamos julgando estarmos certos. O
problema é que eu já tinha feito aquele trecho em 2005 com a Carmo, pela praia,
e não era tão longo; nossa jornada ali estava muito longa.
De repente aquela estrada nos levou a um entroncamento de
outras estradas. Cadê a seta preta? Resolvemos pegar à esquerda. Mais para
frente mais bifurcações; fomos seguindo até percebemos que entramos numa
fazenda, propriedade particular, e não demorou muito para vermos a famosa
placa: Propriedade Particular – Proibida a entrada. Não arriscamos, voltamos
para o cruzamento de um quilômetro atrás. Então pegamos a direção correta até
chegarmos numa estrada principal, um “T”, onde havia uma placa indicando à
direita Cruzelândia, a não muitos quilômetros; à esquerda Costa Dourada. Putz!
Fizemos m... Seguimos a indicação errada daquelas pessoas.
Mas não fez mal algum para nós, curtimos cada momento
naquelas estradas desertas por entre o reflorestamento. Estamos sossegados,
passeando mesmo... Vi na configuração do meu Garmin, que rodamos “apenas” 20 km
a mais do que deveríamos, kkkkkk. Isso que dá não querer usar GPS para
orientação, apenas para ver o que fez depois... Juro que faço de propósito para
curtir ainda mais as viagens. Sou obrigado a ver mapas, fazer contatos com
locais, etc...; sempre sobra uma coisa boa disso, tenho certeza.
Agora na estrada correta chegamos à praia Costa Dourada, onde
há falésias com até dez metros de altura, com um tom de cor que lembra o
dourado, às vezes, talvez o motivo de assim ser chamada.
Já estava na hora do almoço, e resolvemos procurar algo para comer. Chegamos à Barraca do Claudio, onde fomos muito bem recebidos por sua esposa, a Graça, que nos serviu um prato especial; comida caseira e farta. A simpatia da Graça nos contagiou; ficamos um bom tempo batendo um papo com ela e descansando do almoço para seguir.
Já estava na hora do almoço, e resolvemos procurar algo para comer. Chegamos à Barraca do Claudio, onde fomos muito bem recebidos por sua esposa, a Graça, que nos serviu um prato especial; comida caseira e farta. A simpatia da Graça nos contagiou; ficamos um bom tempo batendo um papo com ela e descansando do almoço para seguir.
Caso perguntem por que não seguimos desde Mucuri pela praia,
eu diria que foi por experiência ruim, num determinado trecho, em que fiz a
Carmo empurrar a bicicleta por longos cinco quilômetros pelas areias fofas em
2005. Andava longe dela para não escutar os impropérios (rs). Sem a certeza de
que não a faria passar por esse perrengue novamente, decidi pela estrada.
Confesso que me arrependi.
Poucos quilômetros, algumas poças de lama depois, mais eucaliptos, uma carvoaria, e entrávamos no estado do Espírito Santo.
Ponta dos Lençóis, Riacho Doce e finalmente o nosso destino: Itaúnas.
Procuramos por pousada. A vila parece ter mais pousadas do que casa de moradores. Pelo menos as ruas estão com a terra batida e não aquela areia fofa de antigamente. Uma senhora que passava de bicicleta por nós, muito distinta, perguntou se precisávamos de pousada, informando que era dona de uma. Perguntamos pelo preço e estava bem acima das previsões. Ela entendeu e recomentou a Pousada Zimbauê, a duas quadras, onde o custo benefício seria melhor.
Quando viramos a quadra e chegamos à frente da mesma, estava uma bagunça só; eram os participantes de uma expedição de quadriciclos, que viajavam de Vitória-ES a Porto Seguro-BA. Tinha um caminhão e uma caminhonete de apoio.
Na confusão toda, consegui falar com a dona da pousada, a Kelly, que gentilmente nos atendeu e reservou dois quartos para nós.
Procuramos por pousada. A vila parece ter mais pousadas do que casa de moradores. Pelo menos as ruas estão com a terra batida e não aquela areia fofa de antigamente. Uma senhora que passava de bicicleta por nós, muito distinta, perguntou se precisávamos de pousada, informando que era dona de uma. Perguntamos pelo preço e estava bem acima das previsões. Ela entendeu e recomentou a Pousada Zimbauê, a duas quadras, onde o custo benefício seria melhor.
Quando viramos a quadra e chegamos à frente da mesma, estava uma bagunça só; eram os participantes de uma expedição de quadriciclos, que viajavam de Vitória-ES a Porto Seguro-BA. Tinha um caminhão e uma caminhonete de apoio.
Na confusão toda, consegui falar com a dona da pousada, a Kelly, que gentilmente nos atendeu e reservou dois quartos para nós.
Alguns participantes do grupo chegaram a conversar conosco, achando que a aventura deles ficou
pequena perto da nossa. Na verdade cada “tribo” e cada expedição tem seu jeito
de ser; estavam lavando os quadriciclos, todos bem enlameados como nossas
bicicletas. Aproveitamos e também passamos uma água nelas. De noite, no jantar
na Casa di Berê, encontramos uma parte dos motociclistas, quando pudemos trocar
longas histórias de aventuras. Bacana isso.
A região é de dunas, e a vila de Itaúnas, que pertence a Conceição da Barra, teve que mudar de lugar devido ao soterramento da antiga. Nada sobrou. Na década 1940 começou o soterramento e na de 1970 os últimos moradores se retiraram para a nova vila, que foi instalada do outro lado do rio do mesmo nome, onde era mais seguro. As dunas ficaram agora para deleite dos turistas.
Aquela região toda era ocupada antes do “descobrimento”, por
índios da língua tupi e macro-gê, principalmente os botocudos e pataxós. A
história rica desses povos é mantida por algumas organizações, e o Parque
Natural de Itaúnas foi criado justamente para a preservação dessas riquezas. O
Projeto Tamar também está presente, e voltado sempre para a preservação de
várias espécies de tartarugas marinhas.
Deixamos o dia seguinte livre para descanso. Vimos o grupo de quadriciclos partir.
Mas como não conseguimos ficar parados, sugeri à Carmo e ao Neimar, para dar uma caminhada pelas trilhas da região, principalmente a Tamandaré e a Dos Pescadores, passando pelas belas dunas, que em razão das chuvas, ainda mantinham um pouco de água, que formaram pequenas e rasas lagoas, lembrando um pouquinho só, os grandes Lençóis Maranhenses. Percorremos um bom trecho de praia, onde até arriscamos uma entrada nas “piscinas” que se formam na areia.
Mas como não conseguimos ficar parados, sugeri à Carmo e ao Neimar, para dar uma caminhada pelas trilhas da região, principalmente a Tamandaré e a Dos Pescadores, passando pelas belas dunas, que em razão das chuvas, ainda mantinham um pouco de água, que formaram pequenas e rasas lagoas, lembrando um pouquinho só, os grandes Lençóis Maranhenses. Percorremos um bom trecho de praia, onde até arriscamos uma entrada nas “piscinas” que se formam na areia.
Na vila, visitamos um pequeno museu do Parque Estadual de Itaúnas, e depois, por indicação da Kelly, fomos almoçar no restaurante da Dona Petrolina, ao lado da Casa di Berê. Uma delícia! Recomendamos também.
Na frente do restaurante tinha uma pick-up Strada, branca, enlameada. Enquanto esperávamos pela comida, um senhor apareceu e começou a lavar parte do carro. Simpático, logo pegou conversa conosco, mas ficou ruborizado quando a Carmo disse: - Acho que foi esse carro aí que passou por mim rápido ontem, naquela estradinha cheia de lama, e espirrou um monte de lama na bicicleta e em mim, inclusive no rosto. Demos muita risada. O senhor Antoninho, que descobrimos ser o marido da Dona Petrolina, acabou “confessando o crime”... Tentou justificar, mas nem precisava. Foi um bom papo e uma excelente comida.
O resto da tarde foi só preguiça... Fizemos um lanche na
pousada, de noite, com produtos comprados num mercadinho.
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