LAGOA DO PAU A MACEIÓ
Sabíamos que a jornada do dia
seria longa; com certeza mais de 100 km. Como combinado, partimos logo às seis
da manhã. Por incrível que pareça, as coisas começaram a conspirar mais a
favor: o vento mais favorável e o calor menos intenso. Pelo menos foi assim no
começo, pois o trecho era plano e asfalto novinho. Vinte e quatro quilômetros
depois, entramos na vila de Poxim para tomar um bom café. Não tinha, mas
bebemos achocolatados com sanduba de queijo e presunto. Bebi, também,
coca-cola. Sete e meia da manhã e nós bebendo refrigerante...
Percebemos, então, que foi muito
bom o descanso na Lagoa do Pau. Não vislumbramos chance de um bom local para
isso naqueles quilômetros todos. O perrengue começou mais adiante, quando o sol
bateu mais forte, e começaram as subidas. Deixávamos o conforto do nível do
mar, para subir e percorrer o alto das falésias, irregulares, com altos e
baixos. O Rubens começou a se distanciar naturalmente, sem forçar; a Carmo
começou a ter o “radiador” esquentado; estava “pifando”. Não conseguia sequer
empurrar a bicicleta. Eu subia a ladeira, encostava minha bicicleta, descia
para ajudá-la, carregando a dela. E assim foi: mais uma subida... Num
determinado momento, ela parou, sentou na beirada da estrada, e praticamente me
implorou para parar. – Não aguento mais; chega! Vou pegar um ônibus; vou pegar
carona, não quero atrapalhar vocês, que são forte. Falava quase chorando. Com
toda a paciência convenci que devíamos continuar; deixei-a descansar. Nosso
estoque de líquido estava no fim. Cheguei a fazer sinal para alguns carros, mas
ninguém parou. O sol realmente castigava.
Num determinado momento encontrei
alguns garotos embaixo de uma árvore, pegando alguma fruta; estavam de
bicicleta. Perguntei se existia algum local para comprarmos alguma água, e a
resposta foi negativa; apenas no mirante. Falavam do mirante da Praia do Gunga,
mais adiante uns seis quilômetros. – Tem subida ainda? – Com certeza, respondeu
um deles. Mas é só embalar que ajuda. Para a Carmo isso não servia de consolo.
Vi, ainda, eles conversando e dando risada, porque o pneu de uma das bicicletas
estava furado. Desculpe, mas não ajudei. Naquele momento tinha que ajudar a
Carmo. Mas que pesou na consciência, isso pesou.
Foram mais de 40 km de Poxim até
o mirante. Para dar uma noção do perrengue pra Carmo, o Rubens chegou ao
mirante 09:30; nós, 10:30. Bebemos bastante liquido, tiramos algumas fotos, e
seguimos. Chegamos a cogita descer até à praia do Gunga, pegar um barco e ir
até Barra de São Miguel para o almoço, mas, orientados pelos seguranças da
entrada da praia, percebemos que era melhor pegar a estrada mesmo. Foi o que
fizemos. Lá em Barra de São Miguel ficamos com tempo suficiente para almoço e
banho de mar. Pegamos a primeira barraca de praia e nos instalamos. Só deixamos
a praia por volta de 14:30.
De novo na estrada, agora restava
chegar a Maceió, destino do pernoite. Estrada plana, acostamento regular, e
pouco mais de 30 km depois já apontávamos na capital alagoana. Tempo bom,
apenas o horizonte demonstrava que as coisas podiam mudar. Longo caminho pela
orla, até chegarmos à praia de Pajuçara, onde encontramos uma pousada boa, a
preço que cabia no bolso. A Carmo? Tudo bem com ela. Eu sabia que ela
conseguiria, e chegou bem, depois de percorrer 95 km no dia, indicado pelo GPS.
todo o perrengue vale a pena ,depois temos sim muitas coisas pra contar e ter a sensação de vencer eles todos !!!!!!
ResponderExcluirIsso aí Nilson, mais e mais histórias, hehe, espero que tenha gente para escutar, kkk abraços
ExcluirTirando um perrengue ou outro, isso sim é curtir a vida de bicicleta, hein? Abraço amigos!
ResponderExcluirValeu Theóphilo, e vá se preparando, quem sabe fazemos a Rota das Emoções no segundo semestre. Abraços
ExcluirJá sei ! É a penteadeira que a Carmo leva no alforje que estava muita pesada. Eu me lembro, a bike dela era a mais pesada da Rota das Emoções!!
ResponderExcluirkkk. Essa é boa. A Carmo mandou dizer que não trouxe desta vez a penteadeira, mas acho que vi uma bola de boliche no alforje, kkkk. Abraços
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