PORTO DE GALINHAS A OLINDA
Como o café da Pousada só
começava a ser servido a partir das oito da manhã, só partimos próximo das
nove. Pegamos a avenida principal da vila e logo estávamos na praia, bem no
local da muvuca que direciona os turistas às jangadas que levam às piscinas
naturais, a atividade mais famosa da região. É claro que não precisa da jangada
para se chegar aos recifes, mas a jangada faz parte da paisagem e cultura de
Porto de Galinhas. Aliás, o nome é devido ao fato de os nobres que vinham nos
navios de antigamente, traziam muitas galinhas de angola, o prato predileto
deles. Traziam muitos escravos africanos, também, e usavam a expressão
“galinha” para indicar a chegada de novos escravos. Era mais ou menos isso,
talvez.
Resolvemos arriscar seguir pela
areia da praia, cuja maré já estava abaixando. Boa ideia, pois a praia é
realmente maravilhosa, com muitos turistas circulando entre os diversos hotéis
que a margeiam. Fomos até a ponta da praia do Cupe, e entramos por uma pequena
estrada de chão, caminho de muitos bugueiros profissionais, que conduzem os
turistas em passeios pela região. Dali para a estrada que liga a cidade de
Ipojuca a Porto de Galinhas. Passamos pela cidade e poucos quilômetros depois,
dobramos à direita na Via Expressa, uma autopista pedagiada, recém construída,
que corta caminho em direção a Recife, passando pelo porto de Suape, até a BR
101. Não há mais necessidade de transitar pela perigosa PE-060. Ufa!
Apesar da noite chuvosa,
amanheceu um dia lindo, de muito calor. O percurso foi bem tranquilo, até que
furou o pneu traseiro da bicicleta da Carmo, bem no final da Via Expressa,
próximo à saída para a BR 101. Na sequencia, com nenhum local para hidratação,
somente paramos quase na entrada de Recife, num posto de gasolina, no lado
contrário da estrada, onde foi muito perigoso transpô-la. Conseguimos
informações para chegar mais fácil à praia de Boa Viagem. Até ali foram mais de
60 km.
Procuramos um local para almoçar
e descansamos um pouco à sombra das árvores. Árvores? Sim, estávamos embaixo
das árvores, mas a sombra mesmo era dos altíssimos arranha-céus. Está ficando
como Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Banho de mar? Que nada, o mar lá é
dos tubarões; grandes placas indicam o perigo de tomar banho naquelas águas. Era
cedo para procurar abrigo, e resolvemos ir até Olinda, pouco mais adiante, para
fechar o dia. Felizmente estávamos bem no dia do trabalhador, feriado nacional,
e o trânsito estava bem mais tranquilo. No princípio seguimos por ciclovia e
depois por ciclo-faixas não permanentes, utilizadas apenas em domingos e
feriados; na sequencia pegamos as avenidas largas e viadutos, disputando espaço
com automóveis e ônibus, para então parar na histórica cidade de Olinda.
Finalizamos em 81 km.
Conseguimos abrigo no Albergue da
Juventude, onde somos sócios, com direito a café da manhã e uma piscininha para
relaxar. Aproveitamos o final do dia, já na escuridão, apesar de cedo, para
passear pela parte antiga da vila, onde existem belos casarões e lindas
igrejas, que à noite ficam iluminadas para os visitantes. Passamos primeiro
pela FOCCA, a Faculdade de Olinda, depois a Igreja NS do Carmo e subimos a
ladeira até a bela torre da caixa de água e o mirante com vista magnífica para
Recife. No alto do morro tem a Igreja da Misericórdia e da Sé. Uma feirinha de
artesanato e comidas típicas estava lotada de turistas e outros visitantes.
Descemos o morro e fomos fazer um
lanche, regado a açaí e guaraná da Amazônia. Bom sono para seguir em diante,
pois a pedalada do dia seguinte prometia...
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