quarta-feira, 15 de maio de 2013

ROTA DOS TROPEIROS - De Castro a Itararé

ROTA DOS TROPEIROS

De Castro a Itararé
12 a 15 de maio de 2013

Lembrando ainda de fatos que aconteceram em Castro, gostaria de ressaltar, que passeando pelas ruas da cidade, encontramos um casal de amigos, o Werner e a Marlene, também de Curitiba, e que visitavam parentes para comemorar o dia das mães, e que mais para o final do mês desembarcarão na Alemanha para mais um passeio de cicloturismo. Coincidência mesmo, porque estivemos juntos na semana anterior, num passeio a Bombinhas, organizado pelo amigo Heron e conversamos bastante sobre o assunto.

Pode parecer estranho, mas não fomos ao Canyon Guartelá, ou Canyon do Rio Iapó. Em outras oportunidades fizemos isso, tanto pela margem direita do rio (30 km até a Pousada com o mesmo nome), em estrada de chão, como pela esquerda, em estrada de asfalto, por 45 km, até o Parque Estadual do Guartelá. Para quem não conhece, vale à pena; trata-se de um dos maiores cânyons do mundo, e o maior do Brasil.
De Castro seguimos até Jaguariaíva, 77 km depois. Passamos por outra cidade “tropeira”: Piraí do Sul. A cidade de Jaguariaíva fica bem no entroncamento de estradas, pois seguindo à esquerda podemos ir para Wenceslau Braz, Santo Antonio da Platina, Jacarezinho, etc.; a outra, à direita, que seguimos no dia seguinte, leva até Sengés, na divisa dos estados de São Paulo e Paraná.

”No século XVIII, o local onde hoje está o município de Piraí do Sul, era um ponto de parada e descanso de tropeiros, que transportavam gado e muares de Viamão, no Rio Grande do Sul, para Sorocaba, no estado de São Paulo. A região, portanto, bem como outros pousos, se desenvolveram devido ao Tropeirismo.

Em 1872, o povoamento do antigo Bairro da Lança foi elevado à freguesia, com a denominação de freguesia do Senhor Menino Deus de Pirahy, fazendo parte do município de Castro. A instalação do município se deu em 24 de julho de 1882, a princípio com o nome de Piraí-Mirim e mais tarde de Piraí do Sul.

Piraí do Sul possui um grande potencial ecoturístico com canyons, arenitos, quedas d'água, furnas lajeados e lapas com pinturas rupestres. O Santuário de Nossa Senhora das Brotas, local preferido pelos tropeiros como estação de pernoite e repouso, hoje acolhe muitos romeiros. Na cidade destacam-se as igrejas do Senhor Menino Deus e São José Operário, além do Colégio Santa Marcelina, uma antiga construção em estilo colonial com grande influência dos imigrantes italianos.” (fonte: rotadostropeiros.com.br)

O percurso foi tranquilo, por estrada ainda duplicada até Piraí do Sul, e depois com pista simples, mas com acostamento muito bem cuidado, lisinho e espaçoso. O caminho reserva algum sobe e desce, porém há uma vista bonita de escarpas do cerrado da região. Conseguimos uma pousada/restaurante, que nos permitiu descansar, jantar e dormir, e no dia seguinte conhecer um pouco mais do local.
Já na segunda-feira, dia 13, ao deixarmos a cidade de Jaguariaíva, aproveitamos para conhecer o Parque Linear, e uma pequena e bonita cachoeira que existe logo na saída, de fácil acesso para a população, que aproveita o espaço para nos finais de semana curtir essa área verde, praticando esportes e demais situações de lazer.

O povoado às margens do Rio Jaguaryahiba (em Tupi: "Rio da onça brava") foi elevado a freguesia por Alvará de Dom Pedro I, em 15 de setembro de 1823. Os fazendeiros Coronel Luciano Carneiro Lobo e sua mulher Isabel Branco e Silva, proprietários da Fazenda Jaguariaíva, localizada onde hoje está o Santuário do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria e a Praça Dona Isabel Branco começaram a organizar o povoado ao redor de sua capela e sede. Com seus contatos políticos conseguiram, em 24 de abril de 1875, elevar a Vila, pela Lei Provincial 423. No dia 5 de maio de 1908 a sede foi elevada à categoria de cidade.

A economia de criação de gado nos Campos Gerais foi alterada com a chegada da estrada de ferro. Jaguariaíva tornou-se um entroncamento ferroviário com a chegada da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, em 1902, e do ramal Paranapanema, em 1910, o que permitiu a instalação de um grande número de indústrias como a do Conde Francisco Matarazzo, que possibilitaram o crescimento da cidade.” (fonte: rotadostropeiros.com.br)

Tínhamos algumas opções na sequencia: seguir até Sengés, pouco mais de 40 km de distância, ou ainda Itararé, já no estado de São Paulo, a ”Sentinela da Fronteira”, um pouco mais adiante. Resolvemos ver o que acontecia, e chegamos na hora do almoço em Sengés. Infelizmente não tenho uma lembrança muito boa da cidade, não por culpa dela, mas pela situação. Tive um carro furtado em 1985. Meses depois foi encontrado na região. Viajei até lá para buscá-lo, e a decepção ficou por conta do estado em que se encontrava: largado, quase incendiado, todo depenado, numa pequena estrada de fazenda de reflorestamento de eucalipto. Fiquei mais chateado quando soube de “boca miúda”, que o carro circulava tranquilamente por lá há tempos, e era o único da cor e modelo em circulação por lá. Achei que a polícia poderia ter resolvido melhor.

Bem, durante o almoço, no centro da pequena cidade, um homem passou a conversar conosco; era o Emanuel, um engenheiro agrônomo da região e que está morando em Curitiba. Estava lá a trabalho e mantém vínculos por lá. Outro amante das bicicletas e que gosta de realizar passeios entre Itararé e Sengés, aproveitando o grande número de atrações (cachoeiras) que existem. Aliás, era justamente esse um dos motivos de chegarmos até ali: as cachoeiras.

Daí nasceu mais dúvidas para a nossa sequencia, pois o Emanuel perguntou se já conhecíamos o Véu da Noiva, o que respondemos negativamente, pois era a primeira vez que estávamos a passeio. Disse, então, para aproveitarmos e conhecer ainda naquele dia, pois ficava a apenas 10 km dali, em estrada de chão. Indicou o caminho, e ainda disse que se quiséssemos, poderíamos ir para Itararé na volta, pegando outra estrada, sem precisar retornar para Sengés.

“Os primeiros moradores do território de Sengés chegaram por volta de 1883, atraídos pelo solo e pelas riquezas naturais existentes no local. Os desbravadores usaram da plantação de milho e da criação de suínos para se desenvolver. Em 1908 foi inaugurada a Estação da Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande, sob o comando do engenheiro Gastão Sengés. A estrada trouxe desenvolvimento para a região.

Novos moradores e uma serraria, que exploraria a grande quantidade de pinheiros existentes, se instalaram neste período em Sengés. O tropeirismo também foi fator importante para o desenvolvimento da região. A cidade teve participação na Revolução de 1930, quando ataques aéreos foram presenciados. Era comum ver a população fugindo dos bombardeios e dos tiros.

A revolução trouxe muitos prejuízos ao povoado que teve que reconstruir boa parte de suas casas e ruas. Em 1927 já possuía condições de se tornar município e em 1934 foi decretada a sua nova denominação. Com isto, finalmente recebeu o nome de Sengés, homenageando o Engenheiro da Companhia da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande.” (fonte: rotadotropeiros.com.br)

Eram 13h30 e achamos viável fazer o percurso indicado. Descobrimos mais tarde que estávamos no lugar certo na hora errada. O percurso era difícil para nossa condição, pois estamos carregados e qualquer subida em estrada de chão vira uma “serra”. Os pneus da bicicleta da Carmo são muito finos, apesar de possuírem garras; fazia muito calor. Passamos por uma pedreira (que havia sido indicada), mas ali já tínhamos percorrido 9 km. Um quilômetro para frente e havia uma bifurcação, e uma placa indicava: “Cachoeira do Sobradinho” – 7 km (também chamada Véu da Noiva).

Passava por ali uma motocicleta (não havia movimento naquela estrada), e ainda dois jovens a cavalo. Paramos o homem e pedimos informações, quando ele disse que era longe, principalmente para voltar a Itararé (36 km) e havia subida forte pela frente, a Carmo disse que não iria aguentar. Falou que poderíamos seguir à esquerda, naquela bifurcação, e seguir para Itararé por ali, percorrendo menos de 30 km.

Tomamos a decisão acertada: pegamos a estrada da esquerda e seguimos para Itararé. O tempo estava passando rápido, e se fôssemos para a cachoeira demoraríamos a retornar e seria muito tarde, já escuro. Decisão acertada, pois chegamos a Itararé por aquele caminho às 17h30, no “lusco fusco”. No caminho fiquei um pouco afastado da Carmo, porque ela estava resmungando bastante, quase chorava e “falava sozinha” (rs). Eu não sou burro...

Reservamos a terça-feira, dia 14 de maio, para conhecer Itararé, e procurar a loja do Osmin e da Veruska, sua noiva. O casal, também ciclista, além da pequena loja, mas com bom estoque de bikes e acessórios, e serviços, possui uma agência de Eco turismo, a “Itararé Adventure”. Eles organizam passeios de bike pela região, e oferecem serviços aos visitantes, como a indicação de guias para ir a algumas cachoeiras ou recantos que ficam em propriedades particulares, e precisam de autorização para entrada.

Para não ficar sem fazer absolutamente nada nesse dia, aceitamos o convite da Veruska, para fazermos um passeio noturno pela região, junto com as “maritacas”, nome carinhoso que se autodenominam as mulheres ciclistas, porque ficam “tagarelando” bastante enquanto pedalam. E não é que é verdade mesmo (rs). Lá fomos nós para um “night bike”, do tipo que fazemos em Curitiba. Foi muito legal; fomos até o pedágio da rodovia, sendo que na ida por estrada secundária, de chão, e na volta pelo acostamento asfaltado da estrada principal. Rendeu 24 km aproximadamente.

Nesta quarta-feira, dia 15 de maio, fizemos um passeio de bicicleta pela região, orientados pela Veruska e conduzidos pelo guia Marinho. Foram 50 km muito bem aproveitados, quando visitamos a espetacular cachoeira do Corisco (que tem esse nome em função do vale com o mesmo nome), junto ao rio Itararé, com mais de 100 metros de altura, porém do lado paranaense. Ainda conhecemos o fantástico Poço do Encanto, uma nascente de água cristalina, que deixa um tom azulado, sendo que ao centro a água borbulha no meio da grande quantidade de areia branca, fina. Pertinho dali, por uma trilha, chega-se à árvore dos amores, ou da “capela”. O interessante dela que o caule se divide em duas partes (é uma figueira), formando uma espécie de “capela”. Conta a lenda que um tropeiro se apaixonou por uma índia de uma tribo que existia por perto. Esse namoro era proibido pela tribo, sendo que o tropeiro foi morto e teria sido enterrado naquele local. A índia morreu em seguida, pela falta de seu amor e foi enterrada ao lado. Assim os troncos se encontraram...

A região é rica em belezas naturais, principalmente no lado paranaense, no Município de Sengés. Lá é possível fazer o circuito das cachoeiras, justamente onde estivemos tão próximo e não conseguimos ver. Com certeza voltaremos em outra oportunidade, quem sabe com um grupo.

“ Itararé continua fascinando seus visitantes. Devido a sua localização limítrofe ao Estado do Paraná, tornou-se ponto conhecido de bandeirantes, exploradores, jesuítas e estudiosos, firmando-se como um dos pontos de descanso dos tropeiros que convergiam do sul levando animais para a feira de Sorocaba pelo conhecido Caminho das Tropas.
Itararé em tupi-guarani significa “pedra que o rio cavou”, pois o rio que deu o nome ao município corre sob um leito rochoso desgastado pela correnteza, formando altos paredões entre os cânions, repletos de cachoeiras cristalinas, poços borbulhantes e grutas escondidas. O Rio Itararé vence os desníveis acidentados da região, rompendo as rochas de arenito e chegando até o Vale do Corisco... ” (fonte: revista Aventura & Ação – 2011).




Jaguariaíva


Parque Linear























Rumo a Itararé

Sengés

Tentando chegar ao Véu da Noiva


Mudando de Estado

Passeio Noturno em Itararé



Morro do Panetone








Cachoeira do Corisco

Vale do rio Itararé















Poço do Encanto



Árvore do Amor, ou da Capela

3 comentários:

  1. Que legal!!!!! Amei ler mais um pouco das tantas aventuras de vocês! Que delícia saber que passaram por minha terra de criação: Jaguariaíva! Parque Linear, Fábrica Matarazzo são algumas das coisas belas que se encontram por lá. Belas fotos, grandes experiências!!Me peguei rindo quando li sobre a Carmo resmungando na volta pra Itararé, no lusco-fusco. rsrsrsrs Já me vi na mesma situação...e com certeza, o melhor que vc poderia ter feito, Sérgio, foi ficar mais afastado. kkkkkkkkkk
    Beijos queridos! Cuidem-se e boas pedaladas!! :)

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  2. Pois é Roberta, está sendo fantástico passar por esta região. Lembro que passei muitas vezes por aqui, de carro, para ir a Jacarezinho, onde possuo parentes, e nunca parei para contemplar, seja as cidades, seja a natureza exuberante. Mas agora estou compensando. Vou postar mais fotos assim que puder, e aviso. Só para vc saber, eu estou bem viu, a Carmo bateu pouco naquele dia, kkkkk. Bj.

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  3. Conheço m muito bem esta região em minhas viagens a trabalho. Mas, de bike o visual deve ser incrível, pois temos tempo para curtir. Abraço e pé no pedal!

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