PARACURU – MUNDAÚ
02/09/2013 – segunda-feira.
A previsão do segundo
dia, pela planilha que elaborei, era pernoitar em Icaraizindo de Amontada,
outra de tantas praias maravilhosas do caminho. Mas de novo precisaríamos de
uma boa maré.
Um imprevisto com a
bicicleta do Donato, que estava com um raio quebrado, justamente da roda de
trás, e junto às catracas, quando o reparo é mais difícil, pois há necessidade
de chave própria para tirá-lo, atrasou um pouco a saída. Como estávamos na
cidade, ele aproveitou para consertar numa bicicletaria. O habilidoso mecânico,
muito rápido, fez o serviço, e para surpresa do Donato, quando este perguntou o
preço, ele respondeu: - R$ 3,00. Talvez isto sirva de lição para as nossas
lojas de Curitiba, que cobram caro para todos os serviços. Nem vou citar preços
aqui, para não assustar aqueles que não costumam pedalar e cuidar das
bicicletas.
Até Lagoinha, pela
praia, são 10 km, mas tem a barra do rio Curu, que impede a passagem, e não tem
balsa. Pela estrada de piçarra e depois asfalto, meio a meio, são 30 km.
“Prejuízo” de 20 km. Talvez não precise nem dizer, mas o calor é forte desde
manhã cedo, e chegamos pouco mais das onze horas em Lagoinha. Antes fizemos uma
pequena parada para hidratação numa outra vila, de nome Poço Doce, onde nos
abrigamos do sol embaixo de árvores baixas, mas frondosas, e que ficava junto a
uma casa de um pessoal muito hospitaleiro.
A estrada de piçarra
acaba em Paraipaba, logo depois de cruzarmos a ponte sobre o rio Curu. Nessa
cidade paramos para um gostoso sorvete, e breve descanso. Pegamos o asfalto e
retornamos rumo ao litoral. No total até Logoinha foram 30 km. Passei com o
grupo na Pousada que deveríamos pernoitar na primeira noite, apenas para pedir
desculpas, já que havia avisado, por telefone, dias antes, que nos abrigaríamos
lá, como de outras vezes. Descemos até a praia, isto porque a vila fica no
alto, como numa falésia. Antes deslumbramos uma bela vista da linda praia,
através de um mirante.
Já à beira da praia,
preparados para seguir pelas areias, percebemos que seria melhor almoçarmos,
mesmo porque seriam muitos quilômetros, com perrengues à vista, sem poder
contar com restaurantes. Fomos até a barraca do Dude, famosa por ter como
referência uma bandeira do Brasil colocada na areia, e também, é claro, pelo
bom atendimento e ótima comida. Combinamos de não demorar muito, porque a maré
estava subindo.
Alguns se deliciaram
pela primeira vez em suas vidas, com uma bela de uma lagosta, e a preços muito
baixos (R$ 30,00 p/ 2 pessoas). Segundo o pessoal da barraca, os estrangeiros
estão sem muito dinheiro, e tem lagosta de sobra, já que a produção sempre foi
direcionada para exportação; eles pouco pescam. Outros do grupo ficaram mesmo
no PF de baião de dois e peixe.
Voltamos para pedalar
na areia da praia. Novamente a preocupação com a maré; deveríamos atravessar
rio e ela estava subindo. Cerca de 5 km à frente veio o obstáculo. Tentei
passar perto da arrebentação das ondas, sem a bicicleta, para ver se tinha pé,
enquanto o Neimar seguia para o lado esquerdo, procurando melhor sorte. Há uma
cabana na região, de moradores, pescadores, e que eventualmente transportam com
balsas os veículos que desejam atravessar o rio. Fizemos isso; foi bem mais
seguro.
Mais alguns kms, já com
a maré apertando, chegamos a Guajirú, no Município do Trairí (cuja sede fica para
o interior). Lá foi possível deixar a areia e seguir primeiro por calçamento e
depois asfalto até Mundaú (33 km). No caminho ainda cruzamos pelas praias de
Flexeiras e Embuaca.
Chegamos ao por do sol,
e o contemplamos junto à praia. Na vila cruzamos com mulheres rendeiras de
bilro, despertando a curiosidade da turma. Na praça principal encontramos a
Pousada do senhor Juraci, que nos acolheu muito bem, inclusive preparando nosso
jantar; um belo ensopado de peixe (peixada), prato típico do Ceará.
Como curiosidade, fica
a situação observada por nós, com relação à turminha de crianças que se
divertia jogando bola numa quadra esportiva em frente à Pousada. Logo pararam
quando nos viram, pois o interesse os despertou, e vieram conversar conosco.
Após algumas brincadeiras, observamos que a maioria deles calçava apenas um pé
de tênis. Perguntado, responderam: - Essa é a nossa regra. Só poderemos usar os
dois pés em dia de torneio (???!!!!).
Fechamos o dia em 65
km.
Deixando Paracuru |
Moça bonita na janela |
Sobre a ponte do rio Curu |
Este sou eu, o Sergio |
Esta é a linda Lagoinha |
Mundaú |
Essas aventuras do meu pai são demais!!! Emocionei ao ler sobre as crianças!!! Em qualquer lugar são tão criativas!!!
ResponderExcluirÉ, filha. Em todo o nosso caminho fomos muito bem acolhidos, principalmente, pelas crianças!
ResponderExcluirO Donato disse bem, "Em todo o nosso caminho fomos muito bem acolhidos, principalmente, pelas crianças!" sempre querendo nos ajudar e a dar informações sem a gente perguntar.
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