TUTÓIA – CABURÉ
10/09/2013 –
terça-feira
Após o café partimos em
direção a Paulino Neves. Da outra vez que estive na região, em 2010, a estrada
ainda não era asfaltada, e era preciso embarcar nas Toyotas, 4X4, para
conseguir passar pelos 30 km, com muita areia, água, trancos e barrancos. Agora
era um sossego só. Estradinha nova, asfaltada, charmosa, e o vento a favor
facilitava as coisas. Passamos por diversas colônias, como Velha Tutóia, Bela
Vista, Mendes, Santo Antonio, entre outras.
Numa dessas vilas, à
beira de um riacho, paramos para beber algum refrigerante. Sempre solícitos,
fomos bem recebidos pelos proprietários. No rio, de um lado, um senhor
banhava-se com seu filho pequeno, nas águas frescas e cristalinas. De outro,
algumas mulheres, num pequeno cercado criado por elas, lavavam roupas; nesse
caso estavam de calcinha e sutiã, pois foi muito comum ver algumas dessas
mulheres, em alguns desses riachos, totalmente nuas, ou semi-nuas.
O “banheiro” do local
era constituído por dois cercadinhos, armados de folhas de palmeiras buriti, já
secas; um lado para os homens e outro para mulheres. Eu não fui, mas a Carmo e
o Donato experimentaram, e não gostaram do fedor que pairava no ar...
Seguimos em frente e
passamos por Paulino Neves, que é uma pequena vila, e fica dentro do chamado
Pequenos Lençóis. São pequenos porque não são extensos, mas são parecidos com
os Grandes Lençóis; grandes dunas e algumas lagoas. Só abastecemos com água e
cruzamos a extensa e mal cuidada ponte de madeira sobre o rio Novo.
Chegou a hora do
perrengue. O sol castigava e tínhamos que cruzar as dunas; seja por um lado,
seja por outro, ou mesmo por cima. Segui primeiro os meus conhecimentos do
local, ajudados por algum morador, mas na sequencia confesso que perdi a trilha
dos jipes e ficamos num impasse: contornar, já naquele ponto, ou atravessar as
dunas, subindo suas areias.
O Neimar subiu as dunas
e eu fui atrás; o resto do pessoal aguardava o veredicto. Achei que poderíamos
contornar as dunas por dentro, e chegar à trilha, que observei de cima. Cheguei
a percorrer um trecho com parte do grupo, mas logo vi que era melhor subir as
dunas mesmo. A teoria do Neimar era melhor.
Sofregamente um a um
foi subindo o primeiro e mais difícil trecho; todos se ajudavam, mas de
qualquer forma foi extremamente cansativo. As areias eram fofas, e nossos pés
afundavam, o que deixava ainda mais difícil carregar as bicicletas; o horário
também era de sol forte, desidratando facilmente. Cheguei a jogar meus alforjes
para facilitar, porém eles rolaram pelas dunas e voltaram até a mim. Eu e o
Neimar fomos os que mais subiram e desceram as dunas, e ficamos esgotados; o
coração bateu muito rápido.
Finalmente, depois
desse grande esforço, passamos para o outro lado. Lá, seria de certa forma
fácil pedalar, contornando as dunas pelo lado de fora, até atingir uma
estradinha de piçarra, em diagonal, até as areias da praia. De Paulino Neves,
passando pelas dunas, até Caburé foram outros 30 km. O Neimar saiu na frente
depois da descida, e logo o Heron o seguiu; ambos seguiram reto, em direção a
uma vila, perto da barra do rio. Certamente não era o caminho que eu conhecia.
O primeiro não me escutou, não olhou para trás e seguiu; o segundo chegou a
escutar meus gritos e acenos, mas preferiu também seguir aquela rota.
Pedi para os demais me
seguirem, e contornamos as dunas até a estradinha. Estava mais à frente, sendo
que o Maurício, o Donato e as meninas vinham mais atrás. Perto da praia, a
estrada virou areia, e mais um perrengue apareceu: carregar as bikes pela areia
fofa. Cheguei à praia e por sorte vi que os dois também chegavam por lá. Ufa!
Eles acertaram o caminho por via torta...
Aproveitamos a maré
ainda baixa, com tempo de sobra para chegar a Caburé, para tomar um gostoso
banho de praia. Os outros chegaram e depois partimos para o paraíso. Sim,
Caburé é um paraíso; uma península maravilhosa, com poucas habitações,
pouquíssimos moradores, na barra do rio Preguiças. Lindas dunas a rodeiam e o
por do sol é fantástico. Apenas três pousadas ali existem. O sossego é total. O
local é muito utilizado por turistas que descem o rio Preguiças e param ali
apenas para almoçar, curtir a praia de mar aberto ou apenas relaxar. Esse
passeio inclui uma passagem pelo farol de Mandacarú e a vila de Atins, que
ficam do outro lado do rio, na sua margem esquerda.
Logo ao chegar a Caburé
descobri com o senhor Celso, dono de restaurante e que aluga quadriciclo, que
não havia mais barco de linha entre Barreirinhas e Atins, pois a estrada, mesmo
sendo de areia, fez com que o transporte ficasse apenas por terra. Seu irmão
poderia fazê-lo, então já acertei a subida do rio para o dia seguinte, às sete
da manhã.
Almoçamos por volta das
quatro da tarde, um verdadeiro “almojanta”, no restaurante do Paulo, que também
é o dono da pequena e simples pousada que ficamos. O resto da tarde foi apenas
para sossegar e curtir o por do sol. Como o local não tem energia elétrica
(gerador até as dez), fomos dormir cedo, cansados, mas renovados pela energia
do lugar. Antes, porém, a Liz, o Neimar e o Donato, aproveitaram a lua crescente e maravilhosa, para tomar um gostoso banho de rio. Delícia!!!
Fiquei preocupado com o
destino de Caburé. Percebemos desde a chegada, ao tomar banho nos chuveiros
públicos do restaurante, que a água estava salobra. Nos quartos também.
Perguntei ao Paulo e ele respondeu que há um ano a coisa está assim. Disse que
vai tentar fazer novos poços, mas está muito ansioso com o resultado. Será que
o lugar vai ter o mesmo destino da ilha do delta do Parnaíba? Talvez seja uma
pequena vingança da natureza...
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